Onze

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        — Oi, sou eu: Ravi. — Ele morde o lábio. Nervoso. Tinha visto Eric no dia anterior e agora estava, pela 4.º tentativa, gravando uma mensagem de voz para pedir ao amigo que o acompanhasse na festa de aniversário da empresa.—Espero que eu não esteja atrapalhando. Bom...— Ele pausa e respira fundo.— quero te chamar para ir comigo em um evento, você participou de alguns quando trabalhava na empresa. É aquela comemoração com jantar, bebidas e... É, como você dizia: gente rica e chata.

Ravi pausa o áudio. Inseguro. Ele está em casa, no quarto, andando de um lado para o outro. Vestido somente em una calça branca de dormir.

— Talvez você tenha algo diferente em mente, mas, bom, é isso. Será em um mês e meio, se quiser ir...—Ele fecha os olhos por alguns segundos. Uma tentativa de não ficar mais nervoso.—Te passo todas as informações depois. É, isso, isso, boa noite, Eric. Dorme bem.

O convite foi feito e aceito. Eric respondeu rápido. Um áudio curto.

— ''Oi, Ravi. Ok, vou sim. Me mande tudo e já deixo marcado na agenda, tudo bem? "— Ravi consegue ouvir um barulho de fritura no fundo do áudio. Ele provavelmente está cozinhando e colocou o áudio para gravar de forma automática.—"Não vou dormir agora, mas obrigado. Dorme bem também, querido."

Ravi se senta na cama, um riso frouxo plantado no rosto quando escuta o final do áudio.

Ravi Snodiny [14/01 21:32]:
Não vou dormir agora.
Obrigado. :)

A confirmação de leitura fica azul no mesmo momento, a palavra 'digitando' aparece na parte superior da tela do aplicativo, mas logo para.
Ravi espera.
Espera e nada.

Até que ele desiste e começa a arrumar a cama para se deitar. Todavia, isso não dura muito, pois ele ouve o celular tocar e ao olhar o Ecrã, o nome 'Eric' está bem grande na tela, com a foto de perfil do garoto.

— "Oi!—Eric cumprimenta. Sorrindo amigável e acenando.—Eu ia só responder sua mensagem, mas você disse que não ia dormir, decidi ligar."

O mais velho se senta na cama—novamente. Estava inquieto antes.—, encostando na cabeceira, com o celular na mão.
Ele pode ver o outro sentado em uma mesa de jantar, sem camisa—Como ele próprio.—, um prato de jantar que, com todo respeito, parece para três pessoas. Eric é magro de ruim, com certeza.

— Oi, tudo bem. Gosto de ligações de vídeo. — Ele responde sincero e vê Eric concordar com a cabeça.—Como você está? 

O mais novo começa a mexer no prato com o garfo.

— Bem, cansado do dia corrido, mas bem e você? Como foi seu dia?

Ravi responde. A conversa rola por cerca de duas horas.
Eric janta, mostre seus gatos—São seis, todos resgatados da rua.—, apresenta cada planta da casa para Ravi e até pede ajuda para decidir o look que ele usará no dia seguinte.
Ravi faz um lanche durante a chamada, pois, de acordo com ele, a receita de sanduíche que Eric falou lhe deu água na boca.

Podiam, sem dúvidas, passar horas assim. Era tão bom, confortável e aconchegante.  Eles fizeram isso nos próximos quinze dias. Chegaram até o nível de Ravi acabar dormindo com a chamada ligada e o mais novo observá-lo dormir. 

Se não desse certo, isso iria doer, com certeza.

Começaram também os presentes.
Seja as rosas azuis, vermelhas e as brancas que eram entregues dia sim, dia não na empresa.
Ravi guardava todas.

"O último romântico, com certeza." Era isso que Anerile dizia as últimas vezes que entrou na sala do chefe levando as flores que Eric mandava.

Ravi tinha sempre a mesma reação: corar, sorrir, agradecer a ela por lhe entregar e mandar mensagem para Eric agradecendo. 

O Que Restou De Nós? | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora