Capítulo Quatro

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Lady Marie Nora Astrid


🏷 Vianden, Junho de 1810.

" Querido caderninho antigo,

Eu costumava ter uma força, costumava me propor a fazer uma coisa e fazer, não, uma coisa não, mas dez coisas divergentes, e pode parecer exibicionismo, mas eu as fazia, a grande maioria bem feitas. E agora, me sinto exausta, como se prematuramente eu tivesse parado de apostar em mim, e o resto do mundo tivesse seguido. Eu só preciso reencontrar essa força ou achar um jeito de voltar a apostar em mim, e torcer para que eu descida que vale a pena me reerguer."

- Certo, para essa semana está de bom agrado.- digo sussurrando para o pequeno caderninho em minha frente.

Se passaram semanas, e hoje falta apenas um dia para o temível e horripilante baile. Após a fatídica noite que meus pais anunciarem seus planos para a minha vida, eu resolvi me isolar, minhas monótonas ações durante essas semanas foram: acordar-comer-dormir-caminhar-comer-dormir, não tinha forças para encarar meus pais, como também para socializar com qualquer pessoa, por mais que não queria demonstrar fraqueza, eu demonstrei, não contive minha frustração.
Me levanto, guardo o caderninho, e resolvo aproveitar o dia ensolarado lá fora, e me lembro que hoje pulei o desjejum, nas últimas semanas adquiri um terrível hábito, dormir até as dez horas da manhã, para o terror de mamãe e do meu apetite, que ficava confuso entre o desjejum e o almoço, mas estou preferindo o almoço.
Me dirigindo para as escadarias, me esbarro com um Albert triste, que bicho picou o meu irmão?

- Olha por onde anda.- ele diz com um olhar de tristeza.

- O que houve?- digo ignorando totalmente as palavras ásperas dele.

- Não importa Nora. - ele diz e se dirige ao seu quarto em silêncio.

Continuo descendo as escadas, surpresa com meu irmão, eu nunca o vi abatido daquela forma, algo não está certo. Chegando ao saguão, encontro minha mãe.

- Você viu Albert? - pergunta mamãe preocupada.

- Sim, indo para o quarto dele. - digo desviando o olhar dela, pois ainda estava sentida com o que ela fez.

- Quantas vezes vou ter que me desculpar com você?- ela diz pegando em minhas mãos e me lançando um olhar de compaixão.

- Quem sabe mais mil vezes.- digo rispidamente seguindo para fora do palecete.

Acredito que não a perdoarei tão cedo, eu sou rancorosa, não consigo esquecer tão fácil, esse é o meu maior defeito. O que ela e papai planejaram para mim, não foi certo, tudo bem que no baile terá várias garotas lindas, e que não haverá um porcento de chances do Imperador me olhar e quem dirá chances para que ele queira se casar comigo, e também segundo a senhora Valérie há boatos no comércio local, que o Imperador está adulando a Lady Isabelle, filha do arqui-inimigo de papai, o Duque de Wiltz.
Tomara aos céus, que ele a escolha, e assim eu livro o meu corpinho deste martírio.

Caminho em direção ao jardim e me sento em um banco que há ali, e me permito relaxar, tiro todos os pesos dos ombros e fecho os olhos, levantando meu rosto em direção a luz do sol, aprecio o vento bagunçado meus cabelos castanhos, presos em um simples penteado ou como Sophie diz " o abominável penteado de Marie Nora Astrid", para ela o penteado é horrível por não ser "adequado", para mim ele é perfeito, pois o criei aos dez anos, para aterrorizar mamãe que era extremamente perfeccionista.
O penteado, a calmaria no jardim, o vento e o sol, me dão uma sensação de liberdade e independência, duas coisas que acredito que não terei, mas lutarei para conseguir.

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