Capítulo Dez

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Lady Marie Nora Astrid

🏷 Junho de 1810, Luxemburgo.

Depois de um longo "turismo", Amalia me concede alguns minutos de paz, traço a rota em direção ao meu novo quarto, mas os meus pensamentos estão acelerados demais, se alguém me contasse a um mês que minha vida seria essa, eu riria no rosto da pessoa. Como a vida é rápida e asquerosa, tenho certeza que muitas garotas do reino dariam tudo para estarem no meu lugar, um lugar que sinceramente não faço questão. É Marie, você aceitou esta vida, por amor a seu país, você irá se erguer e lutar por ele. E é apenas por ele que estou aqui.
Faço algumas anotações mentais de que preciso urgentemente intervir nos preparativos de meu noivado e do meu matrimônio, não quero nada exuberante como Amalia e Yolande estão planejando. Dou graças aos céus que hoje a noite veria minha família, e que eles ficarão hospedados aqui até o dia do matrimônio e da coroação, ou seja, não passarei os próximos dias entediada.
Sinto meu corpo se chocar com uma parede de músculos, olho assustada para cima e vejo aqueles malditos olhos azuis e um sorriso de canto.
Que merda.

- Vejo que não olha para frente.- ele diz com irônia em um tom de cinismo.

- E vejo que virar o corredor com pressa é o seu talento.- digo asquerosa.

E recebo uma leve censura do meu próprio consciente.
O Imperador me encara com um olhar de quem provavelmente retrucaria, e antes que ele possa dizer, me apresso.

- Com a sua licença Imperador.- dou um passo a frente.

E logo posso sentir uma mão em meu ombro, que atrevido.

- Não precisa ter medo de falar comigo. - ele diz, e dou risada me virando.

Encaro a expressão divertida em seu rosto, certo ele até que é bonito.

- Medo de você? Por Deus...- digo rindo.

Realmente ele acha que temo ele? Ele me encara com um sorriso, e que sorriso, foco Marie.

- Acredito que não tenha, já que até agora não pediu para transferir seus aposentos para a outra torre. E pelo que eu me lembre, você ainda me odeia.- ele diz com tom de irônia franzindo as sobrancelhas.

Certo: ele me pegou agora.

- Eu gostei do quarto, e ele fica a uma distância aceitável do seu.- digo em tom de desafio.

E me lembro que uma distância de mais ou menos quatro metros é aceitável, eu que não iria querer ficar sozinha na outra torre, vai que Rei Marcus queira me falar um OIá a meia noite.

- Acredito que depois da nossa união pública, essa distância diminuirá.- Alexander diz e se aproxima diminuindo a pequena distância que havíamos estabelecido.

Permaneço sem reação alguma, ele é uma caixinha de surpresas.
Ele ergue a sobrancelha direita e chega mais perto, tão perto que posso sentir sua respiração sobre meu nariz, ele acaricia meus braços com suas mãos, sinto meus pelos se arrepiarem com o seu toque. Ele está perto, perto demais, extremamente perto, olho em seus olhos azuis como o céu, o olhar dele penetra o meu, e por alguns míseros segundos me permito imaginar, como seria se tudo tivesse sido diferente. Sinto suas mãos acariciarem minhas bochechas, e tenho certeza que estou corada por esse ato, antes que ele diga algo, e antes que eu possa fazer algo que me arrependeria amargamente depois, uma parte que ainda habita em mim e que tem um pouco de noção me desperta do transe e me lembra de que não estou aqui para cair em suas graças, retiro rapidamente suas mãos quentes de minhas bochechas, vejo seu olhar confuso, logo me recomponho e emendo.

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