Capítulo Quinze

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Imperatriz Marie

🏷 Clervaux, Julho de 1810.

Sinto a claridade incomodando minha pele, e minha intimidade esta latejando, e antes que eu possa abrir os olhos, dedos passeam por minha boca, e recordações rápidas e vergonhosas da noite anterior tomam conta de meu cérebro, por Deus... fui uma despravada.

- Ainda mais linda com vergonha.- Alexander sussurra em minha orelha.

- Não estou com vergonha!- digo enquanto tento tampar meu rosto com o travesseiro.

- Olhe para mim...- Alexander diz e retira rapidamente o travesseiro de minhas mãos.

Abro os olhos devagar e fixo meu olhar no dele, e por um segundo me perco naquela imensidão azul, as memórias da noite anterior estão vivas e passeam por meus pensamentos, não foi terrível como a maioria das mulheres falam, foi especial.

- O que foi?- pergunto fixando o olhar em sua boca.

- Tive sorte.- ele sussurra e deposita um beijo em minha testa.

E logo depois se levanta, me deixando sozinha naquela imensa cama, encaro o teto do quarto, e tento recompor minha dignidade, essa deve ser a parte boa de um casamento. Observo Alexander sumir pelo grandioso cômodo, e me ponho a pensar em como seria viver ao seu lado, e quão imprevisível é a vida.

⚜️


Caminho em direção ao campo, onde provavelmente meu marido me aguarda, durante o almoço o mesmo frisou "iremos cavalgar a tarde". Observo com calma o céu e o lindo dia que está hoje, o dia passou apressado, odeio acordar tarde pois tenho a sensação de não aproveitar com êxito o tempo.
Me recordo de realizar uma lista de afazeres o quanto antes, principalmente voltada para o Império, não posso ficar apenas observando, tenho que realizar algo.
Avisto Alexander em um cavalo preto ao longe, ele acena para mim, e sinto que meus lábios se alargam em um grandioso sorriso, por Deus o que está acontecendo comigo?

- Majestade, seu cavalo.- Pierre diz me direcionando para um lindo cavalo marrom.

- Obrigada Pierre, me ajude por favor.- peço com receio.

Um fato sobre mim: eu não tenho muito apreço por cavalos, na verdade, eu morro de medo, mas isso é um segredinho.

Me coloco sentada sobre o majestoso cavalo, e meu corpo no mesmo instante fica ereto, calma Marie, "só não faça movimentos bruscos" lembro de Albert me alertando certa vez, coloco o cavalo a andar em direção a Alexander, e quanto mais eu chego perto dele, ele sorri para mim, ele esta belíssimo em suas roupas de montaria, ele exala um ar de mistério e segurança ao mesmo tempo, o que me deixa confusa e intrigada.

- Esposa, me deixe adivinhar, medo de cavalo?- ele diz divertido me olhando de baixo para cima.

- Por Deus, eu com medo de cavalo?- pergunto me fazendo de cínica.

- Está tão reta como uma tábua.- ele diz piscando para mim.

- É a posição, querido...- desconverso e coloco o cavalo a marchar.

- Venha.- ele diz e seu cavalo dispara a frente.

Merda...
Olho para trás e vejo Pierre abanando sua mão em forma de despedida, e não vejo ninguém nos acompanhando, estranho.

- Certo cavalinho, vamos seguir ele, me trate bem por favor... confio em você.- digo para o cavalo enquanto acaricio seu pescoço.

E assim o cavalo marcha atrás de Alexander, que já está bem longe, vejo que o mesmo adentra a região de mata da casa, não deve ser tão perigoso.
Após alguns minutos apenas seguindo o som do cavalo de Alexander, já ofendi todos os santos possíveis, pois tenho receio de me perder, ainda mais agora que o sol está quase se escondendo no horizonte. Juro que vou socar o rosto esculpido de meu querido marido, onde já se viu deixar uma dama para trás?

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