Capítulo Oito

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Lady Marie Nora Astrid


🏷 Junho de 1810, Vianden.

São oito horas de uma manhã ensolarada, um dia após o baile, um dia após o fatídico dia que conheci verdadeiramente o Imperador. Estou acordada a horas, ou seja, não dormi, não desci para o café, pois sei que Albert já deve ter contado tudo para papai, e que o mesmo me faria um interrogatório, me da náuseas só de pensar.
Sophie ainda não apareceu, tenho certeza que ela me encherá de perguntas, estou rezando para todos os santos que conheço, para que o Imperador não associe a garota da sala escura a mim, estou rezando para que meu futuro não desmorone. Olhando para o teto claro de meu quarto, chego a conclusão que só terei paz, quando o nome da Imperatriz for anunciado, que não seja o meu, por favor Deus. O meu sexto sentido hoje, está mais forte do que nunca, e isso me deixa apavorada.
Saio de meus pensamentos com a batida sincronizada na porta, antes que eu fale algo, mamãe passa por ela, e se posiciona aos pés da cama.

- Bom dia querida.- ela diz com um sorriso.

- Bom dia mãe.- digo sem ânimo algum.

- Não acha que esse martírio deve acabar?- ela pergunta e logo depois pisca com o olho direito, o que me faz sorrir.

- Acho que não acabará tão cedo...- digo e volto minha atenção ao teto novamente.

- Filha... Albert me contou o que o Imperador conversou com vocês ontem...- ela diz olhando para suas próprias mãos.

- Ele disse algo para o papai?- pergunto preocupada, se ele disse, acabou a minha paz.

- Não filha, Albert comentou somente comigo.- mamãe diz se sentando na cama.

Pelo menos meu irmão falou só para ela, agradeço Albert mentalmente.

- Ótimo mamãe, então esqueça por favor.- digo com um tom de súplica.

- O que aconteceu? Sou sua mãe e sei quando está me escondendo algo, não minta para mim Marie.- ela diz

Tinha me esquecido de como mamãe era sensitiva e de como ela detectava tudo, basicamente tudo ao seu redor.

- Podemos dizer que...- faço uma pausa e olho atentamente para ela e continuo

- Eu tive uma longa e sincera conversa com o Imperador, mas juro mamãe, não sabia que era ele, a iluminação do local não era boa, não foi minha intenção chamar a atenção dele...- digo quase chorando.

O desespero e a angústia tomam conta de mim, obviamente omiti algumas partes desnecessárias, como por exemplo a sala afastada e totalmente escura.

- Filha, se acalme.- ela diz e me abraça.

Mamãe sempre foi carinhosa, me aconchego em seus braços e permito sentir aquele carinho que me faz lembrar da minha infância.

- Estou com medo mamãe...- digo suspirando.

- Não posso te garantir que tudo dará certo, mas no final o melhor sempre acontece filha. - ela diz e beija meus cabelos.

- Acredito em você.- digo tentando confiar no que acabei de dizer.

- Não se esconda filha, enfrente o que aconteceu, mesmo que seja difícil. Estarei aqui para você. - ela diz passando suas mãos em meus cabelos.

- Obrigada mamãe.- digo a abraçando mais forte.

E por um momento me permito não pensar na noite de ontem.

⚜️

Percebo que fiquei praticamente o dia todo no quarto, no horário do almoço Anne me trouxe comida, e ficamos conversando por horas, desabafei com ela, sobre tudo que ocorreu no baile, e ainda contei a mesma sobre a França, e que ela poderia acompanhar eu e vovó, Anne ficou completamente saltitante, me fazendo ficar animada também.
Decido sair do meu refúgio para tomar um sol, já são quatro horas da tarde e não tive forças para me arrumar, desço com as vestimentas de repouso, e anoto mentalmente para não ligar para as opiniões alheias, principalmente de papai, que não vi até agora.
Saio do quarto e me direciono as escadarias que me levarão para o andar inferior, desço sem pressa, sentindo cada passo, cada degrau, por Deus Marie, que melancolia. Decido pegar um livro na biblioteca, me dirijo até lá, escolho, e quando estou saindo esbarro em Albert.

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