Lady Marie Nora Astrid
🏷 Julho de 1810, Luxemburgo.
"Eu costumo colocar a minha alma, em tudo que me proponho a fazer, eu me entrego e vivo intensamente pelo que acredito. Já me machuquei muitas vezes por ser assim, mas também ganhei lições, aprendizados, momentos inesquecíveis e erros. Quando me proponho a fazer algo, tenho que fazer bem feito, se for pra aceitar eu aceito com tudo, se for para recuar depois de muito insistir, eu faço. O morno não me encanta, e nada nesse mundo é por acaso."
Sou dispersa de meus pensamentos pelo barulho de gritos e saudações, levanto meu olhar e olho para as ruas de Luxemburgo, vejo várias pessoas aglomeradas divididas em dois lados, formando assim um caminho para que a carruagem branca e dourada passasse, as pessoas de todas faixas etárias estão com largos sorrisos nos rostos, balançam suas mãos e jogam flores coloridas em minha direção,
"eles precisam sentir a sua emoção" me lembro da sugestão de mamãe, e concluo que ela está certa, o povo precisa sentir que estou ao lado deles, os cumprimento com acenos e faço questão de larguear ainda mais o meu sorriso. Alguns metros me separam do meu futuro e impensável destino, alguns metros me separam da incerteza e da pergunta que me assombra e que tirou meu sono nos últimos dois dias:
Eu serei boa o suficiente para essa nação?
Olha rapidamente para minhas mãos, estou nervosa, minhas mãos soam como nunca haviam soado antes, as passo freneticamente no estofado de couro da carruagem, fecho meus olhos e alguns relances da minha vida passam por meus pensamentos: o dia que cai da árvore com cinco anos e custou alguns ralados feios nos meus joelhos e um belo sermão de mamãe, me lembro de apostar corridas com Albert e ele sempre ganhar, as longas e intermináveis caminhadas com Sophie, as compras na pequena Vianden acompanhada de Anne e sua mãe, meus momentos de fraqueza no colo aconchegante de mamãe, as brigas para viver livremente travadas com papai, as viagens a França para visitar vovó e algumas lembranças com Liam... mesmo que ele me traíra ainda me lembro das nossas longas conversas sobre política, memórias de um passado que não voltará, de uma Marie que não voltará, memórias que me acalentam e me lembram que eu já fui feliz.
Sinto que a carruagem está devagar, abro meus olhos e percebo que chegamos a Capela de São Bartolomeu, respiro fundo e fixo meu olhar no teto da grandiosa carruagem.- Coragem Marie...- sussurro.
Vejo parado do lado de fora Pierre, que se apressa em abrir a porta, ele me estende a mão e logo eu desço, arrumo com calma meu fabuloso vestido, até que fiz um bom desenho e senhora Erell foi uma mágica para concluí-lo.
- Alteza, se me permite... esta lindíssima.- ouço a voz rouca de Pierre, o direciono um sorriso.
Me encaminho para as largas escadarias, e vejo ao redor vários guardas contendo a multidão que se formou ao redor da pequena Capela, aceno mais uma vez para eles, no topo da escadaria vejo meu pai e ao seu lado vovó, a olho surpresa, não esperava por sua vinda, enquanto subo calmamente os degraus peço mentalmente para que Alexander esteja lá dentro, ele tem que estar.
O Imperador resolveu sumir nos últimos dois dias, não o vejo desde o dia do baile, desde o dia que Marc nos interrompeu, eu sabia que ele ao menos estava dormindo no palácio, pois Carolina fazia questão de todos os dias pela manhã deixar isto bem claro, até hoje quando dei um jeito de Pierre sumir com ela para a outra torre.
Chego ao topo da escadaria e vejo Anne correndo em minha direção e logo arrumando com cuidado a longa cauda do vestido, a agradeço com um sorriso.- Minha filha, esta bela.- papai diz exalando orgulho.
- Obrigada pai.- digo enquanto dou um beijo em seu rosto.
Meu subconsciente está inquieto, e se Alexander não estiver lá dentro? Por Deus, será uma humilhação.
- Minha neta querida, quem diria que você se tornaria Imperatriz, minha confiança esta em você.- vovó me fala enquanto aperta levemente minhas bochechas.
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A Imperatriz
FanfictionE se você ouvisse durante toda sua vida que você foi predestinada para algo grandioso? Que você não seria pouco no mundo? É isso que escuto de meu pai, desde que me entendo por gente. Sou Marie Nora Astrid, e não, isso não é só mais uma história pa...