A Imperatriz

Capítulo Nove

Lady Marie Nora Astrid

🏷 Junho de 1810, Luxemburgo.

"Acredito que há erros que custem caros, momentos que comprometem uma vida inteira, escolhas que não permitem voltar atrás, "você não perdoa, papai disse, e é verdade, mas não é hipocrisia, eu disse", eu não me perdoaria tão cedo pelos meus próprios erros, quem dirá pelos erros da minha família. Eu sou feita de cacos, traumas e resiliência, eu conheço muito bem o fundo do poço, diria que como a palma da minha mão, e é por isso que não me permito ficar lá."

Já faz algum tempo que estou dentro da carruagem, rumo ao Palácio Imperial, rumo ao meu novo lar, em direção ao inesperado, estou mais calma, depois de todas conversas extensas que tive com meus familiares, que me ajudaram a compreender vantagens nesta união, e por essas vantagens, eu aceito o meu destino de cabeça erguida, mudarei este Império. Tento me concentrar em rascunhos de desenhos de roupas, sim, descobri um passatempo inesperado e novo: desenhar vestidos, e ao meu ver não estão horripilantes. Os rascunhos não são capazes de me distrair totalmente, e logo me lembro que estou sozinha e totalmente vulnerável, mas o último ninguém precisa saber, deixei tudo para trás, minha família, meus sonhos, minha infância, uma velha Marie, tudo isso ficou em Vianden.
Me coloco a imaginar como seria a minha vida, o meu casamento, o meu reinado, minha relação com o povo, se eu teria minha família, filhos?
Pelos céus, nunca havia pensando profundamente neste detalhe: filhos, eu sei desde muito nova, que um dos maiores sonhos que habitam em mim, é ser mãe, mas nunca imaginaria que seria mãe de crianças tão importantes para o mundo, que Deus seja generoso comigo.
E como é ser uma Imperatriz? Essa opto por descobrir sozinha, mamãe e papai me disseram para não confiar na corte, e como eu não quero ser odiada, farei isso, até me acostumar e entender o papel que cada um exerce, e por isso Liam me emprestou em segredo alguns livros relacionados a política e economia, os lerei atentamente, pois quero saber tudo sobre esse "novo mundo".

Avisto os grandes portões do palácio, a carruagem adentra o grande terreno, e de longe vejo a enorme construção, e percebo uma leve movimentação de trabalhadores enfileirados, observo com atenção todo o local, o jardim, o céu, o meu novo lar.
A carruagem para na entrada principal, o cocheiro abre a porta, e logo eu desço, e vejo a figura do Imperador vindo ao meu encontro, ele está em seu uniforme militar, e é acompanhado por sua mãe e pela Infanta Amalia.
Por Deus, não estava preparada para isso, "filha tente controlar suas expressões", me lembro das palavras de mamãe, ela já sabia que eu provavelmente faria uma expressão de contrariedade em relação ao Imperador, eu deveria socá-lo pelo que fez comigo, mas eu decidi guardar para mim, não causarei esse conflito publicamente, mas quando estivermos a sós ele ouvirá e muito.
Percebo vários olhares voltados a mim, será que o problema é meu vestido? Verifico meu vestido turquesa, e me lembro que ele não é tão chamativo assim, Sophie que acha esse vestido simples demais quase teve uma síncope quando eu o vesti.
Caminho em direção aos funcionários e quando iria cumprimentar cada um, sou obrigada a parar, pois o Imperador se coloca a minha frente, segura minha mão e a beija, Deus me ajude.

- Bem-vinda ao seu lar Lady.- ele diz carismático, e posso sentir seu cheiro único.

Que homem mais imbecil.

- Obrigada.- digo apressadamente e com falsidade.

Falei a mim mesma que conversaria apenas o básico com ele, a nossa vida seria essa: o básico.

- Quero lhe apresentar, minha mãe rainha Yolande.- ele diz e vejo a figura da ex-rainha em minha frente, ela sorri.

- Bem-vinda querida, tenho certeza que nos daremos bem, belo vestido.- ela diz e me abraça.