Capítulo Sete

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⚜️ Imperador Alexander ⚜️

🏷 Luxemburgo, Junho de 1810.

Eu sinto como se cada escolha que eu tomasse me dividisse em dois, e de repente, há duas versões totalmente distintas de mim neste mundo, não sei se estou sendo dramático ou arrogante, não sei se é o cansaço de carregar o mundo nas costas, não sei se é o luto, ou alguma consequência de uma decisão. Mas o que me perturba todos os dias, é imaginar uma outra versão minha, que tomou um caminho diferente e agora está muito mais feliz, do que essa que vivo.
Meus pensamentos são interrompidos pela entrada de meu irmão em meu escritório.

- Alex, voltei meu querido.- ele diz sorrindo.

Caminho até ele e lhe dou um abraço, Louis ficou quase um mês verificando fábrica por fábrica do Império.

- Que saudades irmão. Bem-vindo de volta.- digo o abraçando.

- Obrigado, agora me solte, está apertando demais.- ele diz, me fazendo rir.

Faço menção para que ele se sente a minha frente, me sentando logo em seguida.

- O que tem para me contar?- pergunto com apreensão e ansiedade.

- Não são coisas muito animadoras irmão.- ele diz fazendo uma cara de decepção.

- Prossiga, não deixe passar um detalhe sequer.- digo ansioso.

- As fábricas tem condições péssimas de trabalho, visitei a grande maioria. É desumano aquilo.- ele diz com um olhar triste e perdido.

Não consigo acreditar como isso passou despercebido por mim.

- Mamãe nunca falou isso.- afirmo.

Logo meu subconsciente me alerta que ela me enganou nos últimos onze anos, ela sempre me manipulando e eu sempre caindo no jogo dela.

- Não importa, você precisa fazer algo, e rápido. Há crianças lá irmão.- ele diz em alto tom, enquanto passa as mãos pelos cabelos.

Isso acaba comigo, o que ela estava pensando? Mas sei que tenho uma grande parcela de culpa nisto, deveria ter dado mais atenção a essas questões, ao invés de mergulhar a fundo nos projetos de portos, pontes e estradas. A raiva me domina, cerro os punhos e estou quase perdendo o controle.

- Está blasfemando?- pergunto não querendo acreditar no que ele disse.

- Não estou, em média, cada fábrica tem de duas a três crianças. É horrível, aquilo é escravidão irmão, por Deus.- ele diz desesperado.

Não acredito que minha mãe mentiu para mim, não acredito que durante todos esses anos não percebi, não acredito que há crianças sofrendo. Não acredito que eu sou o culpado.

- Tomarei providências sobre esse assunto, com urgência, nós vamos retirar todas as crianças destas fábricas e logo depois iremos pensar em novas estratégias. Não quero mamãe no meio disto mais. - digo com firmeza.

- Nós?- meu irmão pergunta com a sobrancelha arqueada.

- Nós, você irá assumir isto. Pense em uma estratégia melhor de condições de trabalho e tire essas crianças destas fábricas agora.- digo com firmeza.

Ainda sem acreditar que isto aconteceu bem debaixo do meu nariz. Me levanto e passo as mãos sobre meus cabelos, caminho de um lado para o outro, e penso em todas as vezes que minha mãe me apresentava cada relatório, e garantia que tudo estava em ordem. Porra.

- Certo irmão. Mas você se lembra que o seu baile é hoje a noite, não é mesmo?- ele me pergunta com uma careta.

- Hoje a noite, até lá da muito tempo de você espalhar pelo Império essas notícias. Resolva isso Louis, por favor.- digo batendo suavemente em suas costas.

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