NOSSO CARMA TEM NOME AGNES.

CAPÍTULO 24

SEM UMA CORREÇÃO DESCENTE, PORQUE ESTOU TRABALHANDO :(

[...]

AGNES GONZALEZ

Eu me sinto perdida. Achava que se um dia encontrasse aquele homem, não ficaria tão assustada, mas, ao contrário do que pensei, apenas a forma repreensiva que ele me olha, me faz tremer como a mesma menina de anos atrás. Me senti como se a qualquer instante ele fosse me arrastar e mandar vestir algo que cobrisse meu decote, minhas pernas, prendesse o cabelo e me comportasse como uma mulher direita e não uma que tenta chamar atenção e provocar os homens ao redor.

— Foi ele, não é filha? — Meu pai chamou minha atenção, um tempo depois que estávamos todos juntos na varanda da minha casa.

— Sim. — Assumo baixo e envergonhada.

— Ei! — Gustavo pegou meu queixo e obrigou a levantar. — Não abaixa a cabeça por causa daquele filho da puta. Ele não merece isso. — Exigiu tocando com carinho meu cabelo.

— O Gustavo tem razão, amor. — David interveio. — Eu nem sei o que aquele maldito fez, mas, sei que sempre estaremos com você. — Garante me fazendo relaxar.

— Agora, quero saber tudo o que aconteceu. — Minha mãe me olha, sem deixar chance para retroceder. — Nosso erro, foi não ter perguntado muito tempo atrás, e ter cuidado de você. — Suspirou culpada.

Meus pais estão abraçados me olhando, e sei que agora se culpam por qualquer coisa que tenha acontecido comigo, porque é isso que eles fazem por tudo. Eles não têm culpa, porque ser perfeito não é errado, e só queria o mesmo que eles tinham e não tive paciência para encontrar no momento certo.

— Ninguém aqui tem culpa de nada, apenas aquele velho bastardo. — Theodoro está tão bravo, que tenho certeza de que se minha tivesse deixado, teria feito uma loucura ainda está noite. — Minha mini cerejinha, preciso que conte logo tudo o que aconteceu, porque as hipóteses na minha mente são muito piores do que possa imaginar, e tudo que quero fazer é matar aquele maldito.

— Eu tive um relacionamento com ele. Por um tempo, um longo tempo. — Os quatro ao meu redor me olham surpresos. — Quando cheguei a Itália, tive alguns encontros com garotos da minha idade, mas, no segundo semestre, fui colocada de assistente dele. No início, eu estava apaixonada e foi muito bom. Um cara mais velho, cuidadoso e protetor, e era tudo que imaginava, em especial quando pensava no relacionamento de vocês. — Torço os dedos, sem saber como parei em uma situação tão inesperada. — Com o tempo, ele foi pedindo pra mudar algumas coisas, e como nosso relacionamento era um segredo, sempre tinha um cara ou outro me paquerando, o que deixava ele furioso, e eu acabava cedendo e mudando minhas roupas, me adequando a situação, que parecia ser temporária.

Recordo das situações, enquanto explicou para meus namorados e meus pais, sem mais deixar nada escondido. Os abusos começaram discretos, e por isso custei a perceber. Ele dizia: — "Temos que ser discretos, fico morrendo de ciúmes dos homens te olhando, e não posso fazer nada". Então eu pensava, que ele tinha razão por que também tinha ciúmes dele, quando as garotas ficavam ciscando ao seu redor, mas, as coisas só foram piorando, eu não podia falar com ninguém, o nosso sexo estava se tornando cada vez mais controlador e agressivo. Então os meninos foram para a Itália, e teríamos que morar juntos, mas, ele infernizou totalmente enciumado do Gustavo, até que fiquei nos dormitórios da faculdade. Eu já não usava as roupas que gostava, tinha medo de chamar atenção de outras pessoas, e até mesmo de falar com outras pessoas e magoá-lo ou deixá-lo irritado.

— Eu lembro dele na faculdade. Parecia me odiar, porém, achei que seria por ser gay. — Gustavo indicou pensativo.

— Ele tinha muitos ciúmes de você próximo a mim. — Admito devagar. — Um dia dormi no apartamento, e meu irmão postou uma foto nossa amontoados assistindo TV. Você estava com a cabeça no meu colo, e ele ficou furioso. Com essa briga, terminamos como já havíamos feito algumas vezes, então eu achei que acabava ali e pronto. — Solto o ar devagar, enquanto todos estão silenciosos escutando.