Guilhermo Rodriguez
São 5 da manhã e eu ainda não dormi, graças à minha acompanhante da noite anterior. Conheço Alexa há algumas semanas, e preciso admitir: ela é ótima no que faz.
— Alexa, acorda. Já está na hora de você ir — disse, tentando despertá-la de maneira suave.
— Ah, não... já? Vamos mais uma vez, prometo que não vai se arrepender — ela sugeriu com aquele olhar provocante que sempre tenta me convencer.
— Não posso. Tenho um dia e tanto pela frente — desconversei, desviando o olhar.
— Tudo bem, fica para a próxima, então — ela aceitou, finalmente, a derrota.
Ela entende que o que temos não envolve sentimentos. E ainda bem que aceita isso numa boa. Ela me usa para saciar seus desejos, e eu a uso para me desligar dos problemas de ser o CEO de uma das maiores empresas do mercado.
Hoje vai ser um dia daqueles. A SG abriu novas vagas, e agora terei que passar pelo processo exaustivo de entrevistas para encontrar o candidato ideal. Desde que cheguei ao Brasil, tive que aprender muito. Além de comandar a empresa, tive que me adaptar ao idioma. Mesmo com o português básico que estudei antes de vir, só para saber pedir um café, acompanhar os brasileiros e seus bordões não é fácil.
Sair de Nova York foi complicado. Deixar para trás minha vida, meus amigos, até a maluca da Hayley, minha melhor amiga... Mas, ao mesmo tempo, foi libertador. A vida longe da velha rotina tem suas vantagens.
Olhei para o celular. Já são quase 6 da manhã. Hora de me arrumar — a SG não vai se manter sozinha.
Fui para o banheiro, tomei um banho rápido e fiz minha higiene matinal. No closet, depois de avaliar entre vários tons de preto, optei por uma calça social, uma camisa creme e o terno de milhões que adoro usar. Calcei meus tênis e desci para comer algo antes de sair.
Nena, minha empregada, já estava na cozinha preparando o café da manhã.
— Bom dia, Nena! — cumprimentei ao entrar no cômodo.
— Bom dia, patrão. Imaginei que você precisaria recuperar as energias depois da noite que teve — ela respondeu, enquanto finalizava de arrumar a mesa.
Adoro o ritual do café da manhã, o silêncio antes do caos diário da empresa. Após terminar de comer, me despedi de Nena e fui para a garagem pegar o carro.
O trânsito do Rio já me atacou os nervos logo de cara. Eu odeio o trânsito daqui.
Estacionei em frente à SG e, assim que entrei, vi uma fila de candidatos se formando. Ana, minha recepcionista, me olhou tentando decifrar minha expressão, que provavelmente mostrava todo o horror diante do que me esperava.
— Bom dia, Ana. Dia longo, né? — perguntei, indo direto para a minha sala.
— Muito longo, chefe — ela respondeu com um sorriso cúmplice.
— Me dá alguns minutos antes de mandar o primeiro candidato. Preciso me preparar — pedi.
— Certo, chefinho. Vou levar o tempo que preciso para preencher as fichas dos candidatos. Assim que estiver tudo pronto, chamo o primeiro, combinado? — respondeu com a habitual eficiência.
— Você sabe o quanto sou grato por ter você na recepção, não sabe? — brinquei, deixando um beijo rápido em sua bochecha.
Depois de entrevistar mais de dez candidatos, finalmente chegou o último. Nas fichas que Ana trouxe, vi que era uma jovem, quase uma menina. Parecia ter acabado de sair do ensino médio. Não era exatamente o que eu esperava para a SG, mas ela não perderia seu tempo.
Chamei Ana pelo interfone e pedi para que a jovem entrasse.
Ouvi duas batidas na porta.
— Pode entrar — disse, tentando manter a voz neutra.
— Boa tarde, senhor. Meu nome é Maya Nascimento e sou uma das candidatas para a vaga. Estou determinada a contribuir para o crescimento da empresa e ajudar a alcançar bons resultados. Aqui está meu currículo e os documentos necessários — disse ela, entregando uma pasta simples, mas organizada.
— Por que você quer essa vaga? Vi na sua ficha que está cursando psicologia, e esse emprego vai exigir muito de você — perguntei, curioso.
— Para ser sincera, estou disposta a fazer o que for preciso. Minha família está passando por dificuldades e, depois de tudo o que minha mãe fez por mim e meus irmãos, acho que é minha vez de retribuir — respondeu com uma sinceridade que me chamou a atenção.
Olhei para o currículo dela novamente. Era simples, sem muita experiência, mas sua determinação e honestidade contavam mais do que qualquer item no papel.
— Seu currículo é um pouco vago, mas isso não te desqualifica. Pelo que li, esse seria seu primeiro emprego com carteira assinada, certo? — perguntei, num tom mais sério.
— Sim, senhor. As oportunidades aqui no Brasil são escassas, principalmente para quem acabou de sair do ensino médio. Acredito que isso seja justificável — respondeu, um pouco insegura com meu comentário.
— Muito bem, senhorita Maya. Entraremos em contato caso seja necessário. Espero que tenha gostado de conhecer a empresa — finalizei, tentando não transparecer o fato de que, por mim, ela já estaria contratada.
— Ah, sim... gostei muito. Obrigada. Tchau — ela respondeu, com um leve vacilo na voz, como se tivesse se abalado com o que eu disse. Não era minha intenção desanimá-la, mas agora não havia mais o que fazer.
Depois de resolver todas as pendências da SG, enfrentei um trânsito caótico e, finalmente, cheguei em casa. O dia foi tão cheio quanto imaginei.
Tomei um banho, vesti meu pijama de "não vou receber ninguém hoje" e preparei algo rápido para jantar. Depois de lavar a louça, fui para o quarto, coloquei Brooklyn Nine-Nine na Netflix para desligar do dia. Não me lembro em que momento, mas acabei apagando completamente.
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A GAROTA DO CEO
RomantikMaya Nascimento, acabou de concluir o ensino médio, e está embarcando em um mundo totalmente diferente do esperado. Seu objetivo era apenas focar na faculdade de psicólogia, mas isso se torna impossível com os obstáculos que vem enfrentando em casa...