Capítulo 3

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               Maya - Terça, 07 de março

Acordei com o som do despertador e estou há meia hora tentando raciocinar, não funciono bem pela manhã e nossa, hoje em especial parece que levei uma surra pesada de uns 5 brutas montes, deve ser efeito do álcool.

Depois do fracasso que acho que foi a entrevista na SG ontem, eu realmente precisava clarear as ideias. Preciso muito desse emprego, mas parece que o fato de ser muito nova e não ter experiência, não agradou muito o Guilhermo Rodriguez.

Ele até que foi gentil, mas pude notar um tom de arrogância em sua voz. Se bem que por mais uma oportunidade de bater os olhos naquele corpinho gostoso que ele esbanja dentro do terno, eu suportaria um dia inteiro da arrogância dele.

— Credo Maya, Eca — Me repreendo mentalmente.

Levanto-me da cama mesmo não querendo e corro em direção ao banheiro, na esperança de fazer minha higiene matinal na maior calma possível, esse é o único momento de paz nessa casa. Entro no banheiro, tiro o pijama e vou direto para o chuveiro elétrico. Esse é um dos prazeres mais vantajosos da vida, imagina, ter um dia longo e poder correr para tomar banho de água quentinha.

Assim que saio do banheiro, lembro de enviar mensagem para a Rebeca antes de sair de casa, a gente sempre se encontra no ponto de ônibus e quanto mais cedo eu avisar a ela que estou me arrumando, menos atrasadas chegaremos.

WhatsApp:

Anjinho

— "Bom dia, minha gata! Vai se arrumar!!! Também já estou me arrumando e não quero chegar atrasada no nosso primeiro dia." — enviei.

Rebeca acha que eu não sei que ela odeia andar de ônibus e só topou fazer isso porque eu não tenho o mesmo espírito de gente rica que ela. Ela é a melhor amiga que eu poderia ter, me mostra isso todos os dias. Volto a me arrumar, mesmo estando perdida em pensamentos sobre a nossa amizade.

Depois de vestir uma calça wide leg e um cropped regata, faço um coque frouxo no cabelo, passo um pouco de maquiagem no rosto para disfarçar minha cara de ressaca e desço para tomar café rápido (p.s: mais rápido que velocidade da luz).

Ao entrar na cozinha, dou de cara com a minha mãe e minha irmã Nathalie conversando, é tão estranho ver o quanto nós três nos aproximamos depois da prisão do papai.

— Bom dia, Maya! Está ansiosa para o primeiro dia da faculdade? — perguntou mamãe.

— Aposto que ela tá se cagando, mãe, me lembro de como fiquei no meu primeiro dia de contabilidade — disse Nathalie.

— Bom dia para as duas, e sim, estou bastante ansiosa mamãe. Mas não, não estou me cagando, Nathalie — Respondi as duas.

— E como foi a entrevista, filha? Você não nos contou muita coisa — falou mamãe.

A decisão foi tão rápida que eu nem pensei em falar com ela antes de me candidatar e planejei esperar sair o resultado para entrar nessa conversa, mas, como todas as vezes, dona Sandra foi mais rápida.

— Foi bom, mãe — foi tudo que eu disse.

Olho o relógio e encontro a desculpa perfeita para sair ilesa desse diálogo

— Mãe, preciso ir, estou atrasada — dei um beijo em seu rosto.

— Tchau, Nathalie — disse.

Pego uma fatia de pão integral, uma maçã, tomo um gole de leite e saio quase correndo de casa, pedindo aos deuses para que Rebeca já esteja pronta e me esperando. Graças as minhas súplicas, Rebeca já estava no ponto assim que cheguei. Parece que como um pedido de desculpas do universo pelo dia de ontem, logo em seguida avistei o nosso ônibus.

Fui o caminho inteiro perdida em pensamentos.

Chegamos na frente da Universidade Federal do Rio de Janeiro e eu me peguei pensando sobre quem diria que depois de 3 anos de surto no ensino médio por não saber o que eu queria ser, hoje eu estaria indo assistir a minha primeira aula do curso de psicologia em uma universidade Federal, tudo isso fruto do meu esforço nos estudos. Ano passado foi um ano intenso, fiz 18 e assumi tantas responsabilidades, no texto de aniversário se esqueceram de me avisar que ser adulta iria requerer tanta energia.

— Pronta, beca? — perguntei.

— Só se você estiver! — ela respondeu.

— Prontas, então — falei orgulhosa.

Entramos na Universidade e fomos direcionadas para acertar os detalhes com a direção.

Mal posso esperar para poder dizer com todas as letras: "sou estudante de psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro ".

Depois de longos 15 minutos, finalmente entramos na sala da direção, uma moça simpática nos atendeu, explicou sobre as grades de horário e nos alertou sobre quem procurar em casos de problemas ou para justificar faltas necessárias.

— Boa sorte, meninas! Agora vocês fazem parte da nossa família, aproveitem muito os anos que passarão aqui e tentem absorver o máximo de conhecimento que vocês puderem, afinal, cresci com minha mãe e pessoas próximas dizendo que o conhecimento é a única coisa que não podem tirar de nós. — Disse a diretora do campus, e eu sou capaz de afirmar que senti cada palavra do que ela disse.

— Obrigada, pode deixar! — falamos juntas

Saímos da sala da diretora e no corredor seguinte tivemos que nos separar, já que nossas salas de aula ficam em blocos diferentes. Me disperso de Rebeca com um beijo na bochecha e informo que esperarei por ela na saída do campus para voltarmos juntas, para casa, como nos velhos tempos.

A manhã passou voando, pisquei os olhos e já estávamos voltando para casa. Rebeca me contou sobre suas aulas de hoje e disse que ficou triste pois ela não sente nenhum tesão para estudar direito, mas precisa fazer esse esforço pela sua família. Eu comentei sobre como amei meu primeiro dia na aula de psicologia. Hoje foi totalmente direcionado pra que todos os alunos da turma se conhecessem, até porque, passaremos muito tempo juntos.

Não demorou muito e já tínhamos chegado na rua em que nossas casas ficam em direção contrária.

— Tchau, Beca — falei me despedindo.

— Tchau, Maymay — ela respondeu.

Cheguei em casa e mamãe estava preparando o almoço, meus irmãos mais novos assistindo Tom and Jerry na Tv e Nathalie escrevendo algo em seu diário. Subi para o meu quarto, tomei banho e desci para comer. Assim que acabei de almoçar, voltei direto para o quarto, precisava fazer algumas anotações e apesar de hoje ter sido o primeiro dia de aula e não termos estudado praticamente nada, eu me sentia muito cansada. Quando dei por mim, já estava cochilando.

A noite aqui em casa foi comum como todas as outras. Tomei café e subi para o meu quarto para continuar a leitura do livro "A seleção" de Kiera Cass, depois de me sentir intelectualmente saciada, coloquei minha playlist que é uma mistura de Olivia Rodrigo, Lana Del Rei e Jão para tocar enquanto tomava banho para ir dormir.

Sai do banheiro, vesti uma calcinha de renda e coloquei a camisa mais longa que tinha e me joguei na cama, vi algumas postagem no Instagram e quando comecei a sentir os olhos arderem, deixei o celular na minha cômoda e me concentrei em dormir. 

A GAROTA DO CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora