Capítulo 9

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Maya - Sábado, 11 de março

"Não papai, por favor, pare !
Não gosto de quando quer brincar comigo,
papai, por que você faz isso ?
Eu não sou a sua garotinha linda que você sempre pediu para Deus? Não sou mais o seu milagre? Papai, por favor — imploro — pare com isso.

E como as outras vezes, parece que ele nem me ouve, então só fecho os olhos e peço para que aquilo acabe o mais rápido possível"

Acordei no meio da noite, não sei que horas são exatamente, mas, sei que já passam das 02:00 da madrugada.

Estou suando frio, com falta de ar e lágrimas escorrendo pelo meu rosto — por favor papai, pare! — repetia, mais para mim mesma, com a voz embargada de choro.

Rebeca se acorda com o alvoroço. Ao perceber que estou no meio de um ataque de pânico, ela me abraça.

Não tenho pesadelos há meses, desde que comecei a focar minha atenção em outras coisas que não fosse me questionar por que o meu pai fazia aquelas coisas horríveis comigo. — Minha mãe sempre fala que preciso de um psicólogo, mas eu rejeito essa ideia de imediato todas as vezes que a conversa surge. — Sou muito capaz de me curar sozinha, assim como venho me curando todos esses anos.

— Tudo bem, eu estou aqui com você, ouviu? Ele não vai mais te machucar, ele não pode mais te machucar. Você está segura Maya, estou aqui — diz sussurrando

Não consegui voltar a dormir, então ficamos em silêncio até começar a amanhecer — mesmo sem som, essa foi a conversa mais intensa que já tive com alguém — sou tirada dos meus pensamentos quando Beca se senta na cama e se vira para mim.

— Tudo bem, Maymay ? — perguntou preocupada.

— Agora estou, beca. Obrigada por ter ficado acordada comigo — eu disse.

Hoje é sábado, não temos aulas, não tem SG e não há nenhuma obrigação com que tenhamos que nos preocupar, por este motivo, fizemos um grande esforço para voltar a dormir — funcionou muito bem, já que dormimos feito pedra durante horas.

Acordei sem nem conseguir raciocinar, me virei para o lado e Rebeca não estava mais na cama. Ela estava no banheiro fazendo sua higiene matinal, parecendo muito concentrada no que quer que esteja pensando — Bom dia — falei me levantando e indo até a minha mochila para pegar as coisas que eu trouxe de casa ontem, pronta para iniciar um novo dia e esquecer que o episódio da madrugada não aconteceu.

— Então best, você sabe que eu amo muito você, não é? — Rebeca iniciou — dessa forma, espero que não fique chateada por eu ter ligado para sua mãe, contado do seu episódio mais cedo e perguntado sem querer se você poderia passar o fim de semana aqui em casa. No início, sua mãe não gostou muito da ideia. Ela disse que preferiria que você fosse para casa, pois saberia que estaria segura, mas, como sou boa em convencer as pessoas, listei 50 motivos em menos de 10s para ela deixar você ficar, e advinha? Ela cedeu — finalizou.

— Estou morrendo de vontade de te estapear, mas ao mesmo tempo agradecida por não ter que voltar para onde mora minhas lembranças hoje, hoje não é um bom dia para estar na casa onde tudo aconteceu — respondi.

— Mas não pense que vamos ficar de moleza ein, não vou deixar você ficar se martirizando pensando no que aconteceu. Vamos descer para tomar café da manhã e depois voltaremos para o quarto. Você vai escolher um dos meus biquínis e iremos para a praia juntas — falou autoritária.

Eu dei um sorriso torto.

Rebeca acabou de utilizar o banheiro e então eu pude começar meu processo de higiene matinal. Peguei a minha escova de dentes e coloquei a pasta, em seguida, levei a escova até minha boca e comecei a escovar os dentes. Assim que terminei essa fase, sentei-me no vaso sanitário para fazer meu xixi matinal, aproveitei que estava sentada e já fui tirando o pijama. Entrei no box, liguei o chuveiro e coloquei na temperatura mais quente possível — amo tomar banho de água quente depois de passar por uma situação frustrante — fiquei ali por alguns minutos longos demais, até que ouvi Rebeca gritar do lado de fora.

A GAROTA DO CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora