desejo proibido. | wenclair

29. Medo da Verdade

1 Semana Depois...
RJ, 22:17PM

Me sento de frente para o balcão e peço um drink quente, enquanto isso, aproveito para dar longos goles na bebida presente em minha mão. Uma garrafa de Heineken, música alta e conversas sem sentido é o que eu preciso para tentar colocar minha mente em outro lugar que não seja todo o caso do Gomez.

Desde que a verdade surgiu, comecei a passar a maior parte do tempo na casa de Enid, quando não era isso, eu estava na empresa fingindo naturalidade ao prestar atenção nas visitas estranhas que o Gomez recebia em seu escritório.

Minha relação com meu pai nunca ficou tão ruim como agora, na verdade, havíamos parado de conversar, no máximo um "bom dia" ou algo do tipo. Depois de toda mentira, de tudo que Alex escreveu, a única gota de confiança que eu tinha no homem, evaporou. E sendo sincera, acho melhor desse jeito, ainda não estou pronta para lidar com as confusões da minha mente, muito menos pronta para ouvir tudo que Alex escreveu saindo da boca do próprio Gomez.

Só de imaginar toda cena, calafrios longos e dolorosos dominam meu corpo, me deixando em completo êxtase.

Sinto mãos percorrerem minha cintura e beijos serem depositados na minha bochecha, o cheiro de perfume caro e amadeirado invadiu minhas narinas, logo mostrando Yoko, que se sentou ao meu lado, tomando a garrafa de Heineken da minha mão, dando um gole rápido.

— Você parece pensativa. — limpou a boca. — No que tanto pensa, Wed?

— Em nada, minha mente costuma ser confusa às vezes, não dá pra fugir. Entende? — dou uma risada nasal antes de puxar a garrafa de volta e levar até minha boca. — Como Enid está?

Enid começou a usar e abusar de bebidas alcoólicas para aliviar toda dor que sentia, para esquecer os problemas, para sair do mundo real. Eu sempre estou tentando ajudar, estou tentando lhe dar conselhos, tentando mudar seus pensamentos sobre Alex mas nada adianta. Enid está em uma fase onde, álcool e sexo alivia todos seus problemas, tudo que passa pela sua mente.

A garota mal olha para mim quando está sobre o efeito da bebida, na verdade, ela para de se importar com qualquer um.

Isso me destrói, porque de alguma forma, eu quero que minha namorada esteja bem o suficiente. Vai ser um pecado se eu disser que não me importo, que vai ser algo passageiro. É claro que eu me importo, que eu me preocupo, é claro que vê-la triste, me deixa triste. Agora, se nossos amigos chamarem ela para beber, nem que seja no fim do mundo, ela vai aceitar, Enid quer aliviar o que sente usando qualquer coisa.

— Ela parece está... Normal, eu acho. — Yoko desviou o olhar para trás, me fazendo seguir o mesmo movimento.

Enid está na pista de dança junto com Bianca, as garotas dançam como se nada a volta fizesse algum sentido, e como sempre, uma das suas mãos estão ocupadas com uma latinha de cerveja. As luzes da boate variam entre azul e vermelho, seu corpo parece atrair as cores, deixando ela como o centro das atenções, recebendo olhares famintos e sujos de algumas pessoas à volta.

— Que horas são? — volto meu olhar para Yoko.

— Dez e meia, gata. — abaixou o pulso onde está um relógio e levou seu olhar até mim. — Weds, eu realmente não quero ser invasiva. Mas, ultimamente vocês duas vem agindo de uma forma estranha.