desejo proibido. | wenclair

Desejo Proibido

NARRADORA
(Rio de Janeiro
27 de novembro, 2023
Alguns meses depois...)

Wednesday nunca se sentiu tão livre em toda sua vida. Isso se tornou um fato, completamente.

Acordar com Enid ao seu lado, em meio a risadas, em meio a cafés da manhã, em meio a pegações em qualquer lugar da casa havia se tornado seu novo hobby. A morena fez questão de apagar Gomez da sua vida, e isso só fez com que um peso se retirasse totalmente dos seus ombros, e, como recompensa, acabou lhe recompensando com as melhores aulas de teatro do RJ.

Nesses últimos meses, Addams reformou sua vida. Isso incluí: mudar o estilo, o corte do cabelo - estava mais curto, acima dos ombros -, mudar de emprego e encontrar formas novas de conhecer a si mesma. Sendo sincera, Wednesday não consegue entender o porquê não viveu sua adolescência adequadamente.

Por que se rendeu a garotos tão podres? O que eles faziam ela sentir além de desgosto?

Gomez lhe prendeu em um mundo perfeito, afinal, com tanto dinheiro, por que alguém seria infeliz?

Mas em um final de tarde, enquanto experimentava o macarrão com queijo da sua namorada, teve certeza de que estava em casa agora, estava no seu lar. Quando as duas se beijavam, bebiam, transavam, se conectavam, cada vez, ambas tinham certeza de que não queria que aquela sensação de amor nunca acabasse.

Enid mudou durante os últimos meses, trocou de emprego e se tornou uma das funcionárias da Gucci, aproveitou que estava ganhando bastante dinheiro e abriu um projeto na Penha para ajudar as famílias necessitadas. Algo que nunca te contam sobre a favela, é que quase sempre todos ali são vistos como criminosos, sujos, porcos, sem futuro.

Mas Enid, vivendo vinte e um anos de pura loucura, consegue comprovar que tudo isso é uma farsa.

As famílias necessitadas recebiam cestas básicas semanalmente, com tudo que um ser humano tem direito, como por exemplo: produtos de higiene básica, comida e jogos divertidos para as crianças. Não havia nada no mundo que aquecesse o coração da loira - além dos beijos de Wednesday -, como um sorriso de uma mãe após receber a cesta, após receber a confirmação de que teria algo para comer durante a semana.

Ela adorava ver isso, ela adorava ver que estava dando uma possível chance de todos se ajudarem e terem o mesmo direito, o mesmo direito de comer que ela não teve quando mais nova.

Agora, a loira estava jogada na cama, ouvindo a voz do Djonga que saía do rádio em volume baixo. Enquanto isso, esperava sua namorada chegar do mercado, haviam combinado de sair no fim da tarde em um bar para aproveitar a folga no trabalho.

— Cheguei, mais algumas mensagens e meu celular explode. — Wednesday abriu a porta, suas mãos estavam cheias de sacolas de compras. — E você ainda não trocou de roupa, sério, Enid?

— É só colocar um chinelo, hoje 'ta calor. — se levantou com as mãos levantadas em rendição e beijou a menor, com vontade, experimentando o gosto de água de coco que estava presente em sua boca. — Que saudade disso.

— Elas crescem tão rápido. — Wednesday abriu um sorriso e Enid quase pulou de susto, aquela voz com grave, o sotaque carioca. Enid virou a cabeça lentamente, encontrando Alex Sinclair na porta. O homem que havia lhe criado, por quem havia chorado durante meses e meses estava ali, na sua frente, em carne viva. — Vocês são incrivelmente lindas.