05. Perdição

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Wednesday entrelaçou nossas mãos novamente e me puxou para longe da multidão, a música continuava presente, seguindo por todas as ruas. A luz se tornou mais presente e as milhões de vozes sumiram, ficando presente somente o som calmo e fraco da ventania, acabamos parando na frente de uma viela qualquer, não tão longe dos nossos amigos.

— Eu não estava conseguindo respirar. — suspirou. — Enquanto o Kevin não aparece, poderíamos conversar melhor por aqui, sem danças estranhas do Xavier.

— Tem razão. — fico na sua frente.

A viela era aberta para outra rua, mas em todavia, estava escura e parecia não ter ninguém. Os olhos castanhos da garota de alguma forma me fazia querer encara-los para todo sempre, tudo nela me fazia literalmente delirar, além do sorriso e o jeito único e gratificante.

Talvez, só talvez, a cerveja estivesse dominando meus extintos.

— Me fale de você, Wed. — um apelido escapa dos meus lábios, esperava uma reação boba mas recebi um sorriso discreto.

Um silêncio confortável consumiu aquela viela, nada parecia importar.

Enquanto isso, fiz questão de observar a tão mulher. Ela é baixa, no máximo 1,55. Seus cabelos são pretos e ondulados, abaixo do ombro e um pouco acima dos cotovelos, além das pequenas sardas espalhadas por toda região do nariz, seu sorriso é completo por dentes perfeitamente brancos e alinhados, além da covinha ao lado. Não conseguia parar de olhar para seu rosto, parecia que se eu desviasse, iria perder um jogo do Corinthians.

— Eu sou apaixonada por atuação, quero ser uma grande atriz e atuar em todos os filmes, séries, novelas possíveis. Meus pais não apoiam a ideia, falam que é melhor seguir meu caminho com faculdades dignas, como medicina, odontologia, direito. — desviou o olhar para meus olhos e passou a mão na nuca pela timidez. — Tenho dinheiro o suficiente, mas não quero desaponta-los, afinal, eles me deram tudo que eu tenho hoje.

— Tem medo de seguir seu sonho por causa dos seus pais? — pergunto inconformada.

Ela mordeu o lábio inferior e assentiu.

— É, eu tenho um cargo importante na empresa e ganho bem, trabalho com Marketing, como meu pai pediu. — deixou as mãos atrás das costas, encostando na parede. — E você, Nid. Me fale sobre você.

— Eu vim da favela, de um bairro pobre onde tudo que você consegue é com puro esforço, onde a polícia mata e diz que é ladrão. — copio seus movimentos, deixando minhas mãos encostadas na parede. — Comecei a trabalhar aos catorze, em uma loja de roupa qualquer, ganhando vinte conto por dia. Depois, fiz meus corre sem caô, sem roubar. Afinal, muitos entram no mundo do crime exatamente por causa disso, pela falta de oportunidade.

Ela me ouvia com atenção e concordava com a cabeça, ouvindo cada palavra.

— Não valorizam ninguém dentro da favela, não valorizam seu estilo de vida, não valorizam você, você cresce com medo de não ter dinheiro e com medo de viver. Por isso, eu admiro quem consegue sair daqui e viver viajando pelo mundo, porque esforço e foco não falta, mas vivemos no Brasil, o país injusto. — dou uma risada sarcástica. — Não é todo mundo que tem a sorte de nascer em um berço de ouro com tudo nas mãos, Addams.

Antes de Wednesday responder, Eugene apareceu com o cabelo bagunçado e o rosto suado, parecia ter corrido uma maratona.

— Vocês somem do nada, achava que estariam em uma pegação insana agora. — sentenciou. — Vamos logo ou vão perder o Kevin o Chris cantando ao vivo.

POV: WEDNESDAY ADDAMS

Voltamos para a multidão, assumo que tudo aquilo estava fazendo a adrenalina se espalhar facilmente pelo meu corpo inteiro. Enid comprou um lote de cerveja Itaipava por 15 reais, entregando uma latinha para cada um dali. Kevin o Chris apareceu, fazendo uma gritaria se iniciar, Xavier que até então parecia não está interessado, foi o que mais gritou.

desejo proibido. | wenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora