28. A Verdade

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POV: WEDNESDAY ADDAMS

Passamos a tarde inteira na cachoeira, feito adolescentes rebeldes desocupados. Depois de eu ter dito que Alex foi preso, Enid permaneceu calada, não disse uma única palavra sequer, o que fez todos ficarem confusos, sem entender, mas ninguém ousou em perguntar o porque, sabiam que a loira precisava de um espaço, então apenas permaneceram com brincadeiras imaturas e gargalhadas.

Nos despedimos da metade dos nossos amigos na metade do caminho, Xavier, Yoko e Bianca precisariam resolver algumas coisas do trabalho. Ajax e Eugene iriam acompanhar nós duas pelo caminho, já que provavelmente iríamos nos despedir antes de chegar na casa de Enid.

Algo que percebi, é que Enid não costuma dizer nada quando algo a machuca, ela guarda aquilo até possuir completamente seus pensamentos e seu ser, por isso seu silêncio. Sua mente deve está em uma completa confusão e isso me machuca, eu sei que a culpa não é minha, mas ela se tornou alguém que eu me preocupo, e vê-la praticamente perdida em meio a sua própria mente, dói.

— Está tudo bem? — falo, deixando meu queixo em seu ombro e minhas mãos em volta da sua cintura enquanto observo ela abrir a porta. — Enid, precisamos conversar, você sabe que silêncio não vai resolver.

— Eu não quero conversar agora. — abriu a porta e entrou, me fazendo se afastar do seu corpo e em seguida, a trancou.

Permanecemos calada no caminho até a cozinha, a garota apoiou as mãos na pia e suspirou, agarrando os fios loiros e colocando-os atrás das orelhas.

— Desculpa. — sussurrou, direcionando seus passos na minha direção com cautela. — Não é sua culpa, Wednesday, eu sei que não é.

Ela me abraçou com força, deixando seu rosto encaixado no meu pescoço, seus braços apertaram meu quadril como se estivesse me fazendo de refúgio. Enid mordeu o lábio inferior antes de recuperar o fôlego, voltando seu olhar para meus olhos lentamente, as orbes azuis brilhavam tanto, de uma forma triste, sem explicação.

Ela estava chorando.

Seus lábios estavam trêmulos e sua respiração desregulada, tornando tudo confuso demais para dizer algo.

— Ei, tudo bem. — aperto seus ombros, em uma tentativa falha de acalmar seu corpo. — Entendo seus sentimentos, é confuso, eu sei que é. Nós duas não temos culpa, okay? Tudo isso é culpa dos nossos pais, não nossa.

— O homem que me ensinou sobre tudo, sobre amor, sobre carinho, sobre o caminho certo. O homem que aguentou tudo, acabou de ser preso. — ela soluçou. — Odeio chorar na sua frente.

— Você sempre pode chorar na minha frente, não há problema nisso. — respiro fundo, lembrando dos conselhos que Fátima costumava me dar quando eu voltava da escola. — Às vezes precisamos aliviar tudo que sentimos de alguma forma, e chorar é uma saída, então não sinta medo, meu amor.

É isso, eu consigo sentir seu corpo vibrar, consigo sentir meus sentimentos borbulhando, escapando do meu ser em palavras bonitas, consigo sentir a atmosfera se tornar insignificante, inexplicável, e tudo em volta se tornar uma bolha de ar, uma bolha de ar quebrada, sendo restaurada com agulhas e linhas.

Ficamos em silêncio por longos minutos, presas em um abraço significativo. Não me importei em deixar Enid esvaziar sua dor em lágrimas, afinal, todos nós precisamos de alguém que fique, alguém que esteja ali mesmo não sabendo explicar o que sente, e eu quero ser essa pessoa, quero que ela se sinta segura, sinta que seus sentimentos são válidos e valiosos.

desejo proibido. | wenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora