14. Filha do Patrão

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1 Semana Depois...
Enid Sinclair

Me deito no colo de Yoko com Gorby nas mãos, estávamos na varanda de casa, aproveitando o calor do Rio de Janeiro já que a temperatura ficou baixa quase a semana toda. Tínhamos a visão quase inteira da Penha misturado com o céu azulado e pipas sobrevoando toda a favela. Final de semana, churrasco, cervejinha, era isso, não poderia ser uma sexta-feira melhor.

"Flamingos" do Baco Exu do Blues tocava na casa ao lado, tudo isso só me fez agradecer por estar viva. Momentos como esses, calmos, tranquilos, são arte.

— Como estão as coisas com Wednesday? — Yoko pergunta com curiosidade, deslizando a ponta da língua pelo baseado.

— Bem, na medida do possível. — respiro fundo, observando a visão das pipas coloridas no céu. — Ela beija bem pra caralho.

— É, já ouvi isso de outras pessoas. — deu uma risada sarcástica e retirou um isqueiro do bolso, acendendo o beck. — Brincadeira. Já rolou algo além de beijo?

— Não, estamos indo devagar e sinceramente, acho melhor assim. Às vezes, ela me leva no céu só com os lábios, você tem que ver.

— Fica fraquinha, né? — disse, começando a cantarolar a música baixinho.

Yoko leva o baseado até meus lábios, trago lentamente, aproveitando a fumaça invadindo minha boca para então prender por alguns segundos, a sensação era gostosa e prazerosa, aquilo sim era bom. Rica fodida, traficante bom, sempre maconha da boa.

— O que vai fazer quando o pai dela querer te conhecer? — questionou.

— Ah, qual é. Não vou pensar nisso agora, estamos apenas ficando. Não sei se isso vai para algum lugar, como Ajax disse, mundos diferentes.

— Eu discordo. — Yoko inclinou a cabeça para trás. — Opostos se atraem, Enid. E vocês estão atraídas uma pela outra, tanto romanticamente quanto sexualmente. — rimos de novo. — Você faz ela bem. Wednesday chegou toda sorridente na empresa quando você dormiu lá. Faz tempo que aquela carinha irritada não fica com um sorriso, viu.

— Ela é uma obra de arte. — fecho os olhos por alguns segundos, relembrando o gosto dos seus lábios, do seu toque.

Jogamos conversa fora, continuo falando de Wednesday como se estivesse contando uma história de romance. Meu tom de voz mudava entre um brincalhão e animado, não conseguia evitar de sorrir a cada fala. Yoko ouvia tudo atentamente, não sei se por estar no efeito da erva ou por estar realmente feliz com tudo isso.

Tragava o baseado calmamente e depois permanecia com um sorriso nos lábios, apenas percebendo em como um mês e algumas semanas as coisas mudaram.

— Sabe, Enid. — Yoko se recompos, deixando o beck entre os dedos. — É bom ver vocês duas desenvolvendo algo fofo e calmo. Quer dizer, eu sei que estão ficando em sigilo, eu sei que tudo está um caos para vocês duas, mas, isso é lindo.

— Eu não sei, Yo. — passo os dedos pelo meu cabelo, jogando-o para trás. — Eu esqueço tudo perto dela, tudo em volta se torna insignificante e eu fico ali, hipnotizada. É uma sensação boa, viciante, mas ao mesmo tempo perigosa, eu posso tocar, eu posso ter, mas não posso aproveitar.

— Cabeçuda, não fala besteira. — revirou os olhos. — Você pode aproveitar sim. E eu quero que faça ela feliz, não sei se vai dar errado, mas quero que tente fazer dar certo. Wednesday saiu de um relacionamento conturbado com um cara que só queria sexo e fama, e se recusou de ficar com outros por causa disso, então se sinta sortuda.

desejo proibido. | wenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora