Matteo
Deixei Laura em casa para que ela tivesse tempo de ficar triste em paz. Não seria de grande ajuda ali, impedindo ela de ficar a vontade com seus sentimentos.
Depois que descobri que ela tinha sido uma menina órfã, sem uma casa até os dezoito anos, tendo que morar sozinha tão nova, aquela mudança de apartamento realmente era significante para ela. Eu não era um monstro sem coração que simplesmente veria aquilo como um cumprimento do acordo.
Passei a manhã e a tarde no escritório, em reuniões com a presença do meu pai, conversando com políticos e pessoas influentes. Quando voltei pra minha sala eu me sentei e suspirei. Nossa, estava destruído.
Depois de alguns minutos em que tentava organizar minha mesa, Bianca entrou na minha sala. De primeira eu não a vi, mas quando olhei pra cima, ela estava apenas de cinta liga e o cabelo preso em um rabo de cavalo. O vestido que ela usava estava jogado no chão perto de seus pés.
— Cazzo! Puta merda, Bianca. O que faz aqui?
— Estava com saudade do meu coelhão. — Bianca disse enquanto caminhava lentamente em direção a mesa. Eu suspirei. Não estava muito no clima para aquele show todo.
— Bianca, não pode aparecer na minha sala assim. Já pensou se meu pai entra aqui?
— Mas seu pai nunca entrou aqui. Ah, vamos, Matteo. Está me devendo, desde aquele dia da festa nós não transamos de verdade. Não quero só uma rapidinha com você. — ela disse subindo na mesa. Bianca ficou de joelhos e abriu as pernas na minha direção, colocando minha mão direita no meio das suas pernas. Eu suspirei. Não era forte o bastante, é claro. Eu nunca era.
Passei o restante da tarde trancado na sala trepando com Bianca, usando-a a ponto de ter que colocar um pano em sua boca para que não fizesse tanto barulho.
Depois que nós terminamos, deixei ela deitada um pouco no meu colo. Ela estava com o corpo mole e suas mãos deslizavam em minha barba.
— Bianca, tenho que falar com você.
— O que foi?
— Nós não podemos continuar com isso.
— Como assim?
— Você e eu não podemos nos ver mais. Meu pai está fechando o cerco a minha volta de novo. Eu vou me casar, Bianca.
— O que você está falando, Coelhão? Não estou conseguindo entender.
— Estou dizendo que nós não vamos ficar nesse vai e vem de fodas desenfreadas. Eu vou me casar, Bianca. Tenho uma noiva e nós vamos nos casar o quanto antes. Por isso acho certo conversarmos sobre isso. Não quero simplesmente parar de responder suas mensagens como um babaca qualquer. Essa foi a última vez.
Bianca ficou com os olhos cheios d'água e eu passei meu dedo por sua bochecha.
— Não fica assim não, coelhinha. Sabíamos que isso não iria pra frente. Eu sempre deixei isso bem claro.
— Mas eu achei que você estava blefando. Achei que quando você fosse obrigado a se casar, você iria me pedir. Até conversei com a sua mãe sobre isso.
— Bianca, eu não posso, ok? simplesmente não dá. Eu vou me casar com outra mulher. E o que temos é muito sério. Sabe que um homem da máfia não pode trair sua esposa. Logo eu irei me casar. Vamos ter que parar com isso.
Bianca chorava no meu colo. Ainda estávamos nus, e eu me amaldiçoei quando ela se agarrou em mim e eu passei meus braços por sua cintura. Eu deixei ela se acalmar.
— Não é nada relacionado a você coelhinha, não quero que fique triste. Você vai encontrar alguém pra você. — fazia carinho em seus cabelos. Nunca tinha sido minha intenção deixá-la magoada, e eu odiava quando alguma mulher chorava perto de mim.
— Mas eu queria você. Matteo, você me disse que nunca iria se casar. Você falou isso pra mim milhares de vezes.
— As coisas mudaram. Não estou fazendo isso porque eu quero. É preciso. Não tenho escolha.
Bianca me olhava com um olhar enigmático. Eu a encarei mas logo desfiz nosso olhar, ela me olhava de um jeito bem estranho.
— Ela está grávida, não é isso? — Bianca disse de repente pra mim, como se tivesse decifrado um grande enigma.
— Sim. — falei simplesmente.
— Era pra ter sido eu.
— O que? — eu a olhei mais uma vez, mas ela escondeu o rosto no meu peito. Eu puxei seus cabelos devagar para levantar seu rosto que estava escondido no meu peito. — Não esconda seu rosto. O que você quis dizer com isso?
— Era pra eu ter engravidado de você. No dia da festa, você ia pra minha casa depois, e simplesmente não me respondeu. Eu furei as camisinhas da sua carteira, era pra você usá-las comigo, e eu iria engravidar. Mas você trepou com ela, e ela ficou grávida de você. — Bianca disse o final da frase com nojo na voz. Eu a tirei do meu colo e ela se assustou.
— Quer dizer que todo esse tempo você queria engravidar de mim pra me prender a você?
— Você gosta de mim, Matteo. Só precisava de uma ajudinha.
— Eu nunca mais quero ver sua cara. Olha nos meus olhos, sua piranha. — Eu puxei seu cabelo mais uma vez, agora com força, e ela gemeu de dor. Foda-se, ela que não olhasse pra baixo como se fosse uma menina inocente. — Você vai embora da Itália. Hoje. Eu não quero ouvir seu nome ou ver seu rosto. Você me entendeu? Eu confiava em você. E você me traiu. Eu devia te matar, isso sim.
Larguei a mulher da minha mão e ela caiu no chão.
— Matteo, não, por favor. Minha família toda mora aqui, não posso ir embora assim.
— Não me interessa. Você deveria ter pensado que suas ações ridículas trariam consequências. Boas e ruins. Lorenzo!
Eu chamei e meu segurança entrou na sala. Ele não se abalou ao me ver vestido e ver a mulher terminando de se vestir também. Não fez perguntas.
— Leve Bianca embora. Ela vai pra casa, vai fazer uma mala e vai para o aeroporto. Não ligo pra onde ela vai, mas você vai acompanhá-la até que ela entre no maldito avião. Se ela aparecer na minha frente de novo, você tem a minha permissão para mata-la.
— Sim senhor. — E o segurança esperou a mulher terminar de se vestir. Eu estava de costas pra ela. Sentia meu orgulho ferido, e me sentia sendo feito de palhaço. Sentia pena por Laura ter entrado nessa situação.
— Eu te amei, Matteo. Quero que saiba disso. Eu fiz o que fiz porque te amava. — Ela disse segurando o choro. Eu não olhei pra ela.
— O que você fez não foi por amor. Não foi mesmo. — disse simplesmente e bebi o whisky que tinha preparado pra mim. Ela foi embora da minha sala e eu fiquei olhando pela janela, enquanto ela entrava no carro. Ela olhou pra cima, mas com toda certeza não conseguiria me enxergar. Eu a vi se afastando com o carro e suspirei. Como iria contar isso para Laura?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Herdeiro da Máfia
RomanceMatteo era o próximo capo da Cosa Nostra Italiana. Assumiria assim que seu pai saísse de seu posto. A única meta de seu pai era conseguir um casamento forte para seu filho antes de renunciar seu cargo. Matteo não queria se casar. Ele nunca quis comp...