Sanduíches e confusões

168 11 0
                                    

Matteo

Mais um dia que eu dormia junto com Laura. Que merda, isso não acontece comigo, nunca. Fiquei puto comigo mesmo por ficar a vontade no quarto dela daquele jeito. Era o espaço dela, e ela tinha que ter liberdade e confiança no seu espaço. Ao contrário disso, tinha um marmanjo dormindo em sua cama, passando a noite com ela, sem ela pedir.

Eu saí do quarto e fui andando rápido demais em direção à rua. Precisava de ar. Precisava pensar. Fui até a padaria da esquina do apartamento, com Lorenzo na minha cola. As vezes ele me irritava, principalmente quando me fazia perceber que ele estava ali. Odiava a sensação de ter alguém me observando o tempo todo.

Bom, não deixaria nada daquilo me aborrecer. Eu tinha sentido meu filho se mexer pela primeira vez. Ele se mexeu dentro da barriga de Laura e eu estava lá pra sentir. Meu filho. A idéia ainda parecia tão abstrata na minha cabeça, e aquilo tinha me deixado tão feliz. Feliz e preocupado. E se ele se mexer fosse reflexo de alguma coisa ruim? Laura tinha acabado de sofrer um acidente. Peguei o celular e marquei uma consulta com o doutor Ricci.

Bom, não pensaria mais nisso. Pensei em ligar para minha mãe e perguntar sobre a situação, mas não queria deixá-la preocupada. Andei pela padaria e escolhi o que queria. Comprei uns pães e alguns frios. Estava com vontade de comer um belo sanduíche.

Voltei pro prédio conversando com Lorenzo. Já que ele estava na minha cola, iria me ouvir falar. Contei a ele sobre o acidente de Laura e sobre o bebê mexendo, e Lorenzo me acalmou um pouco, dizendo que era normal os bebês se mexerem. Eu não fiquei calmo a ponto de cancelar a consulta, mas pelo menos respirei um pouco mais aliviado.

Claro que não disse nada daquilo a ele. Eu ainda não sabia como me comportar publicamente a respeito daquela criança. Meu filho.

Cheguei ao apartamento e Laura ainda dormia. Eu sabia disso porque a casa estava quieta e não pegava fogo. Tinha ficado preocupada de deixá-la sozinha por uns minutos e quando olhei pela porta de seu quarto, fiquei aliviado de ver que ela ainda respirava, e não tinha se cortado ao meio como a porra de uma assistente de mágico. Sorri e voltei a cozinha, me concentrando nos sanduíches.

Acabei fazendo quatro, porque Laura iria me matar se eu não desse um pra Lorenzo e Marco. Quando terminei, Laura ainda não tinha levantado, então fui levar o deles na porta. Eles estavam sentados, vendo um jogo de futebol qualquer em uma televisão pequena.

— Rapazes. — disse simplesmente, entregando um sanduíche pra cada um.

— Laura conseguiu entrar na sua cabeça direitinho hein, Matteo. — Lorenzo disse sorrindo de lado. Ele era mais velho que eu, justamente por isso eu só mandei ele se foder, sem nada mais. E acredite, ele merecia bem mais. Marco não abriu a boca, mas eu vi o moleque rindo às minhas custas. Não tinha o que dizer a respeito, porque era tudo verdade.

Quando voltei para sala, Laura estava na geladeira, procurando água. Por um momento fiquei distraído olhando as curvas de seu corpo. Laura tinha um corpo descomunal, mesmo sendo pequena. Bom, pequena era um eufemismo, já que ela era bem menor do que eu. Laura de pé ao meu lado batia no meu peito.

— Bom dia, mia cara. Dormiu bem? — olhei em sua direção e vi seu rosto vermelho de vergonha. Desviei minha visão e foquei em sua barriga. Vi ali o leve alto em seu abdômen, por baixo da camisola. Meu filho estava crescendo rápido.

— Dormi sim. Estou morrendo de fome. E sede. Nossa, parece que eu dormi por meses. — ela resmungou e eu ri baixinho.

— Eu fiz alguns sanduíches. Se você quiser comer, tem um pra você. — seus olhos castanhos brilharam com a menção ao sanduíche pronto. Aqueles olhos pareciam um mar de chocolate derretido, como em um filme que eu tinha visto quando era mais novo.

O Herdeiro da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora