Banho

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Matteo

A cerimônia foi perfeita. Laura estava radiante, e todos da família a adoraram. Estava dançando com a minha esposa quando fui comunicado por um dos soldados que meu pai tinha me chamado para uma reunião de emergência, já que nós tínhamos que decidir em menos de uma hora se tomaríamos controle do cartel de drogas e comprimidos que comandava a parte sul da Sicília.

Meu pai estava no escritório dele com o telefone na mão, do outro lado da linha, um soldado que estava com o chefe do cartel amarrado. Um tiro resolveria tudo, e a parte sul seria nossa.

— E então? — ele perguntou com a sobrancelha erguida. Sua cara era uma mistura de tédio e cansaço.

— Bom, acho que diante da situação, a única alternativa que nós temos é matar o cara mesmo. Se ele sobreviver, virá atrás de nós. — Falei sem muito entusiasmo. Tinha mais coisas pra fazer, como dar atenção aos convidados da porra do casamento. Na verdade, não...só queria ficar com Laura mesmo.

— Nós sempre temos uma alternativa a mais. Quero saber o que você faria? — ele se inclinou na poltrona enquanto comia um pedaço grande da barra de chocolate. Suspirei, querendo que aquilo acabasse o quanto antes.

— Eu mataria ele. — disse sem hesitar.

— Bom. Não se esconda atrás de pretextos e desculpas. Tome a decisão e tenha firmeza nela. — Meu pai falou e parecia orgulhoso. Aquilo era uma espécie de teste? Não estava com paciência pra aquilo.

— Mas você já tinha decidido o que faria. Porque me perguntou? — porra será que ele não percebeu ainda que eu só queria ir embora? Não queira ser o capô, queria ser um noivo naquele caralho de noivado que ele mesmo insistiu que acontecesse. Um cara normal, um dia, pelo menos.

— Eu decidi porque ainda sou o Capo. Quando você for, terá que decidir sozinho, e se tiver que se explicar todas as vezes, você será visto como um fraco. Você entendeu, meu filho? — ele era cada vez mais incisivo em seus ensinamentos, que aconteciam com uma frequência maior.

— Sim, pai. — suspirei. Aceitar e ir embora, era o que eu faria.

— Então vá, você vai matá-lo. — Meu pai disse, e eu fiquei irritado. Não achei que fosse preciso lembrá-lo, mas fiz mesmo assim.

— Pai. Estou no meio do meu noivado.

— Vá.

— Laura está lá no salão, ela não sabe onde eu fui. Temos soldados pra isso. Porque o cara que esta apontando a arma pra ele não puxa o gatilho? — Laura ficaria preocupada, não podia simplesmente deixar ela sem saber onde eu fui. Cazzo, porque era tudo tão difícil?

— Eu acabei de dizer que um capo não deve se explicar. Se eu mandei você vai e ponto final. Traga o olho dele quando terminar. — meu pai disse simplesmente. Ele não me deu os parabéns pelo noivado, não me abraçou, nada. Eu saí de seu escritório e entrei no carro, indo embora, não olhei para saber como Laura estava, mas fiquei preocupado com ela, estava sozinha ali e não conhecia ninguém direito.

Eu cheguei no lugar o mais rápido possível. Uma arma já tinha sido preparada para mim, eu não deveria usar a minha, mesmo que eu quisesse. Eu não perguntei o nome do cara, não quis saber da situação. Estava puto pelo meu próprio pai ter me obrigado a vir aqui naquele dia. Cazzo! Ele tinha um sangue gelado.

O Herdeiro da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora