Matteo
Nossa, aquele beijo tinha sido matador. O jeito como Laura lançou seu corpo na minha direção, como nossas bocas se encaixaram. Droga, eu tinha ficado excitado. Fui tomar um banho gelado e ri, até parece que eu não tinha gozado há menos de três horas.
Quando saí do banho, Laura comentou que queria ir no mercado, e eu achei uma boa ideia. Pelo menos nos iríamos para um local público. Não conseguia imaginar ficar com ela no apartamento depois daquilo. Eu não a respeitaria se continuássemos lá.
Lorenzo foi dirigindo o meu carro, ele nos levaria até o mercado, e nos acompanharia. Eu nunca andava sem ele.
Quando entramos, Laura foi procurar um carrinho e nós ficamos esperando ela. Eu não tinha muito costume de comprar comida. Não fazia nem ideia do que ela ia querer.
- Laura, sabe o que vai pegar?
- Eu meio que fiz uma listinha. Tem problema?
- Claro que não. Pegue o que quiser. Só não me pergunte, não sei diferenciar uma alface de um brócolis. - Laura riu e foi andando. Ela passava pelos corredores olhando as coisas. E ela ia apontando pra gente quando era algo alto para nós pegarmos. Em algum momento ela simplesmente desistiu de levar o carrinho e eu comecei a empurrar ele pelos corredores.
Laura chegou no corredor de macarrão e pegou vários e vários pacotes.
- Laura, está tudo bem? Acho que você está pegando mais macarrão do que uma pessoa normal consegue comer.
- É que eu tô com muita vontade de comer macarrão. Muita mesmo. - ela disse e seus olhos brilhavam.
- Isso é tipo um desejo de grávida? - perguntei confuso. Bom, talvez ela só gostasse muito de massa.
- Pode ser sim. Mas aqui tem tantas massas diferentes. Esse mercado é muito bom. Vou pegar molho de tomate e fazer um macarrão pra gente agora de noite, vai ficar espetacular. - ela disse juntando a ponta dos dedos na boca e dando um beijo, um sinal italiano muito comum. Eu ri e nós avançamos. Ela realmente pegou muito. Quando eu digo muito, é muito mesmo, bastante molho de tomate. Me perguntei se o macarrão que ela queria fazer iria alimentar toda a Cosa Nostra.
Laura pegou cebola, alho, tomate, bacon, bastante bacon, queijo parmesão, vários biscoitos, chocolate, carne, eu estava ficando cansado de carregar aquela porra daquele carrinho.
- Laura, quer que eu pegue outro carrinho?
- Não precisa, já estou terminando. - ela disse pegando frutas. Nós fomos até o caixa e no caminho, Laura pegou mais coisas, que ela "lembrou depois". Na hora de passar, Lorenzo pegou as coisas e colocou no carrinho de novo, levando as compras. Eu simplesmente paguei, nem liguei de olhar o valor. Sabia que tinha tudo que ela queria, e isso que era importante. Eu não passava quase tempo nenhum em casa. Não queria que Laura ficasse com fome quando eu estivesse longe. O que me lembrou de uma coisa.
Quando já estávamos no carro, voltando para o apartamento eu peguei minha carteira e tirei um cartão dali, colocando em sua mão.
- Pra que isso?
- Não quero que você fique com desejo de nada se eu estiver longe. Caso você queira comer algo e eu esteja no trabalho, como hoje, use esse cartão. Se quiser vir no mercado, peça para Marco vir com você, ou se quiser, peça algo para entregar lá em casa. Vou deixar o endereço do apartamento escrito em um papel preso na geladeira. E qualquer coisa você sabe que sempre pode me ligar, não é?
- Eu sei sim. Obrigada Matteo. Você está me surpreendendo, sabia?
- Espero que de uma maneira boa. Eu realmente não quero que pense que eu sou aquele tipo de pessoa que você teve que aturar naqueles dias. Eu estava nervoso e assustado. Não me sinto mais assim. - disse olhando pra ela no escuro do carro. Ela guardou o cartão e bocejou, encostando em meu ombro. Quando chegamos, eu a acordei. Não conseguiria subir com ela no colo e com as compras no carrinho do prédio no elevador, era muita coisa.
Quando entramos no apartamento, ela já estava mais acordada e foi fazer seu bendito macarrão. Ela cantarolava enquanto cortava a cebola e o bacon. Eu fui até o bar e peguei uma bebida pra mim. Comecei a guardar as coisas que ela não iria usar. Foi bastante difícil decifrar onde guardar cada coisa. E confesso que também tentava decifrar a música que ela cantava. Era bonitinha, e seu tom de voz era calmo.
O cheiro no apartamento estava divino, e Laura estava de costas mexendo na panela de molho. Estava distraído com o cheiro e aquela visão dela na cozinha. Caramba, estava morrendo de fome de repente.
- Que massa você está fazendo?
- Espaguete à matriciana. - Eu sabia que já tinha comido, mas não fazia idéia do que levava, ou de como fazia.
- Você quer ajuda em alguma coisa? - perguntei com esperança de que ela recusasse.
- Não precisa, está quase pronto. - ela disse, e logo colocou quatro pratos na bancada. Fiquei confuso.
- Porque quatro pratos?
- Fiz para Lorenzo e Marco. Tadinhos, estão sem comer também. - ela disse simplesmente, e eu abri um sorriso.
- Não pode deixar meus homens mal acostumados.
- Não se preocupe, é só um macarrão. Ainda vou me casar com você. Então sem ciúmes. - Laura disse divertida, enquanto ralava queijo nos quatro pratos. Ela pegou dois e entregou para os homens do outro lado da porta. Eles agradeceram. Laura voltou e me entregou meu prato, se sentando ao meu lado na bancada e comendo finalmente o macarrão que tanto queria. Ela suspirou e parecia feliz com o resultado.
Eu coloquei um pouco na boca e nossa. Não é que aquela menina sabia cozinhar. Estava perfeito. O gosto estava divino, assim como o cheiro. Eu comi mais e quando percebi, estava indo na panela pegar mais um pouco. Laura riu enquanto comia.
- Acho que alguém gostou bastante do macarrão.
- Caralho, você foi muito bem mesmo. Eu não como um macarrão gostoso assim há bastante tempo. Acho que na verdade não comia comida fresca há um tempo. Laura, está bom demais. Vou pegar mais pra você, tem que alimentar bem meu filho. - eu estava feliz por estar comendo uma comida tão gostosa. Peguei o prato de Laura e coloquei mais pra ela. Nós bebemos um suco de uva que ela comprou no mercado também. Eu a acompanhei pra ela não beber sozinha. O suco era okay. Eu iria preferir um vinho, mas não queria fazer vontade nela. Quando terminamos de comer, jogamos as louças na máquina e nos jogamos no sofá.
- Viu só. Até os meninos gostaram do macarrão. - Laura disse se vangloriando.
- Ficou muito gostoso mesmo. Está feliz? Você estava com muita vontade de comer.
- Tô muito, mas agora também estou com sono. Vou dormir, Matteo. - Laura disse se levantando do sofá. Eu dei boa noite a ela e ela foi até seu quarto. Eu fechei os olhos e acabei dormindo ali mesmo.
Alguns minutos ou horas depois, acordei com o barulho da geladeira. Levantei do sofá assustado, procurando minha arma.
- Calma, 007. Eu só vim beber um pouco de água. - Laura disse rindo e sussurrando. - Caramba, vocês são muito sensíveis a barulhos altos.
Laura estava de camisola de unicórnio e pantufas do ursinho Pooh. Eu vi aquelas roupas dela e ri.
- Desculpa. São os hábitos. Vou dormir. Tenha uma ótima noite, Laura. Durmam bem vocês dois. - disse enquanto ia para o meu quarto, do outro lado do corredor que ia para o quarto dela. Nossos corredores se encontravam na sala e na cozinha. Passei pela porta do meu escritório e conferi se ainda estava trancada. Laura não deveria entrar lá.
Quando deitei na cama, dormi no mesmo segundo.
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O Herdeiro da Máfia
RomanceMatteo era o próximo capo da Cosa Nostra Italiana. Assumiria assim que seu pai saísse de seu posto. A única meta de seu pai era conseguir um casamento forte para seu filho antes de renunciar seu cargo. Matteo não queria se casar. Ele nunca quis comp...