Desculpem por não ter postado nenhum capítulo ontem!
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Acho que nunca estive tão centrada em algo, quanto estive ao passar cera no meu carro. Meu pai estava do lado, me ensinando, e minha mãe, bom, essa estava aparando os arbustos mais feios do quintal, ora parando para nos fazer companhia, ou simplesmente para deixar que o tempo da tarde de folga passasse mais rápido.
Em um lugar como minha rua, no sábado, muito comum era que pessoas estivessem se exercitando, passeando com cachorros, andando de bicicleta, ou jogando futebol na rua. Sim, era bem movimentado, principalmente por ser quase um condomínio fechado familiar. O que tornava aquilo não um desses, na verdade, era a ausência de muros, pois haviam câmeras e todos os moradores pagavam um aluguel para um segurança fazer rondas de moto, nos casos mais sérios, chamava por reforço.
E eu gosto de onde vivo. É onde vivi toda minha infância, na verdade, e o que mais me deixa sentir falta, é a falecida Sra. Hernandez, nossa antiga vizinha. Ela amava Sam, achava a minha melhor amiga uma bela menina, sem falar que tinham as mesmas raízes. Então aprendeu a gostar de mim também pois sempre me interessei pelas histórias de imigrantes que parava para contar; com a simpática idosa aprendemos a dançar, todos esses que eram divertidos de fazer quando a família de Sam dava alguma festa e me chamava. Nesses dias, acho que éramos consideradas a atração principal da noite, e era realmente divertido. Eu até sentia falta disso, mas acho que a coragem de hoje em dia não seria a mesma. Talvez eu e Sam pudéssemos dançar e nos divertir outra vez, mas dispenso se tenho chances enormes de errar e passar vergonha. Eu não sou mais tão pequena para passar despercebida entre as pessoas...
-- Isso parece ótimo, princesa. Como se sente por deixar sua picape brilhando e sem manchas logo na sua primeira vez passando cera? -- Meu pai brincou, me fazendo sorrir orgulhosa, certamente, por seu elogio.
-- Estou bastante contente, obrigada pela ajuda, rei. -- Mike piscou o olho direito, apertando meu ombro e em seguida fazendo seu caminho para arrumar suas ferramentas na garagem, antes que minha mãe tivesse um treco.
Sorri com a imagem dos dois na minha cabeça e peguei um pano velho para limpar minhas mãos, sentindo um calor anormal nas costas, e só notando que era Sam quando me virei. Ela roubou um selinho que mal funcionou, logo depois bebeu água de sua garrafinha.
Constatei que ela estava correndo por suas roupas de academia.
-- Você está louca?! -- Franziu o cenho.
-- Oi...?
-- Olha. -- Toquei sua cintura, apertando e levando um tapa na mão em seguida. -- Ai! Eu só ia dizer que iria faltar carne para apertar se você começar a fazer coisas fitness. -- Sam corou, levantando a sobrancelha e cruzando os braços por cima de seu top.
-- Então me leva para tomar sorvete depois, na minha defesa eu só queria poder correr muito, muito rápido, e não ser olhada estranho na rua quando eu o fizesse. -- Ri, negando em descrença, já que na verdade eu não achava uma má ideia o sorvete, e nem o fato de que minha melhor amiga quisesse sair correndo por aí.
-- Sam, querida! -- Ouvi, vindo diretamente de dona Amber.
-- Que bom que está aqui. -- Novamente.
Claro que eram meus pais. Eles a amam...
E como Sam os ama também, não era novidade que eu seria excluída.
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Meu quarto estava uma bagunça daquela vez. Até dava vergonha ter Sam ali. Ainda eu estive trocando os lençóis, e acabei jogando o sujo no chão para levar para baixo outra hora, quando minha mãe desocupasse a máquina de lavar.
Acontece que sua aparição repentina não me permitiu, nem mesmo depois que entramos no quarto, pois Sam diretamente pegou a roupa de cama do chão e colocou sobre sua cabeça, como se fosse um fantasma. Acontece que não deu nem dois passos até certamente pisar no tecido e cair, me arrancando uma gargalhada.
Eu me preocupei em encontrá-la, mas alegando que estava bem, Sam voltou a ficar em pé, dessa vez sua cabeça aparecendo, agora como um enorme véu. Aquilo me fez rir, e eu me aproximei.
Era estranho que eu estivesse pensando no que Alice falou sobre sua prima e o melhor amigo? É estranho que eu queira brincar com ela e ver sua reação, sabendo que tudo isso que fazemos uma com a outra é besteira, apenas?
E se eu tentasse?
É, acho que não custa nada tentar...
Meus dedos estavam firmes quando segurei a roupa de cama na mesma parte que ela, a puxando para perto, usando aquela peça ao meu favor quando caiu para suas costas.
Sam, por outro lado, arregalou os olhos, e repentinamente ficou séria.
-- O que está fazendo-
-- Eu estou prestes a fazer, na verdade. -- Foi o que eu disse, antes de juntar seus lábios macios nos meus, ou melhor, antes dos meus tocarem os seus, numa sensação acolhedora de beijar alguém que importa. Isso era estranho. Diferente, mas não era ruim.
Suas mãos estavam em lugar nenhum, e por alguns segundos jurei que seus olhos estavam abertos. Quando encaixei nossos lábios, evitando usar a língua, no entanto, senti ela reagir, nos cobrindo com a roupa de cama, para depois segurar em meus ombros.
E eu fazia novas descobertas, como; os seus lábios são os melhores que já provei! Vai ver, isso é por conta do nível da nossa consideração uma pela outra. Sam não era qualquer pessoa, e saber disso me fazia sorrir, tendo que parar de encaixar nossos lábios para tal ato. E, acho que, uma das principais reações dos seres humanos quando eles estão confusos e não sabem o que fazer em seguida, é rir. Foi exatamente o que eu fiz.
-- O que...? -- Tirei a coberta de nossas cabeças e consegui achar seus olhos claros.
-- Eu estou te tirando. Você deveria ver sua cara de ganso perdido no galinheiro. -- Reforcei, não querendo que ela pensasse que... Eu estava gostando dela romanticamente ou algo do tipo. Afinal, somos melhores amigas mesmo, eu não seria idiota de estragar alguma coisa. Sam limpou a garganta, sorrindo em seguida.
-- Eu não vejo como um problema, mas foi muito repentino.
-- Nem eu!
-- Isso não muda nosso relacionamento. -- Seu tom de voz, mesmo que tivesse marcas brincalhonas em suas expressões faciais, mostrava um ponto de dúvida. Isso me fez rapidamente respondê-la:
-- Não! Tem muitos melhores amigos por aí... que se beijam na boca e nada muda. É como se eu fosse te abraçar, e somente eu o faço assim, dessa forma. -- Sam assentiu. Parecia confusa, mas eu não sei bem o porquê. De repente essa ideia me surgiu, e eu simplesmente joguei para fora sem pensar em consequências. Na real, meu nervosismo chegou em um ponto que eu nem sei mais o que estou dizendo.
-- Toda vez que eu pedir um abraço seu, então, eu vou ganhar um beijo? -- Franzi o cenho.
-- Não é para tanto, você pode simplesmente continuar me surpreendendo como anda fazendo nessa brincadeira. -- Sam sorriu, dando de ombros e assentindo. -- Agora me de esse lençol... eu preciso por para lavar.
-- Mas está cheiroso. -- Ri, negando ao que pegava a peça de suas mãos.
-- Para de cheirar minhas coisas.
-- Você é muito cheirosa.
-- Sam- -- Riu, entregando a roupa de cama ao sentar na minha cadeira da mesa de estudos.
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Já notaram que a Deena é lerda para um santo caralho né? Senhor...
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Kissy Kissy Boo Boo ➸ Sameena Intersexual
FanficO afeto é o maior bem que o ser humano pode sentir pelo outro, óbvio, logo depois do amor e também o respeito. São coisas genuínas, que somente o tempo e a convivência - ou presença, se preferir chamar - proporcionam. Entretanto, Samantha descobriu...