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-- O que está acontecendo? -- Perguntei, descendo as escadas de casa com o sono que ainda me habitava. Meus pais sorriram e olharam em minha direção.
-- Churrasco! -- Disse o Johnson mais velho. Bom, não é como se eu estivesse disposta a recusar algo do tipo, mas minha namorada estava tendo problemas com os pais... no mínimo eu deveria ir até a casa dela e-
-- Deena. -- Ouvi o cumprimento sério atrás de mim, e eu engoli em seco. Okay, era só Alê. Eu o conheço há anos... Não devo ficar tão nervosa perto dele... Não. Na verdade... Eu preciso ser confiante, não preciso encher seu saco mas também não lhe devo nada, pois nunca feri seus sentimentos ou os de Sam.
Eu não tenho culpa sobre nós, na verdade, eu somente amo Sam.
-- Bom dia, Alejandro. -- Falei séria, o vendo diminuir sua postura rígida. Alejandro coçou a barba e passou por mim, simplesmente indo para o quintal de casa, onde provavelmente, por questões óbvias, estava a churrasqueira.
Meu pai me encarou confuso.
-- O que aconteceu aqui, agora?
-- Ué? Você não soube? -- Meu pai franziu o cenho. -- Seu melhor amigo não me deixa namorar a filha dele por causa dos outros. -- Mike cruzou os braços. -- Quero dizer, a gente ia contar... Mas então alguém falou sobre nós duas primeiro e eles talvez tenham se sentido ameaçados pela sociedade latina. -- Me aproximei da ilha onde meu pai temperava algumas carnes, mas na verdade era só para pegar uma banana.
-- Sério? Eu não esperava isso!
-- Ninguém esperava, pai. -- Meu pai assentiu.
-- Eu vou falar com Alejandro-
-- Não! -- Meu pai me fitou confuso. -- Ele é o pai da minha namorada, eu quem devo assumir esse posto.
-- Eu sou o melhor amigo dele! Vou conversar sobre os sentimentos dele e de Dani. Quem sabe eu possa ajudar... -- Hm. Inteligente.
-- Okay. Devo supor que Sam não veio?
-- Na verdade... -- Sorri, ouvindo a pessoa mais preciosa do mundo surgir da sala. Me virei para fitar seu rosto e consegui sorrir mais ainda apenas pelo fato de que ela se aproximava. Sam sorriu de volta. -- Eu estava esperando você deixar de ser preguiçosa e levantar.
Roubei um longo selinho, parando quando ouvi meu pai coçar a garganta logo atrás de nós. Okay...
-- Precisamos conversar. -- Sam disse, tirando toda minha tranquilidade momentânea, mas imediatamente me fazendo rir quando roubou a banana da minha mão, voltando para a sala na minha frente.
-- O que aconteceu?
-- Eu conversei com meus pais... -- Sentou no sofá, e eu me fiz confortável ao seu lado. Depois disso, segurei sua mão livre, sendo mimada pela minha namorada, que fazia questão de me alimentar, ora roubar um pedaço da banana.
-- O que você disse?
-- Primeiro eu tentei convencer eles de que você me amava... mas não foi suficiente. -- Franzi o cenho. -- Então virou aquela coisa típica de; não precisamos falar sobre isso, e caiu no esquecimento.
-- Isso é bom ou ruim?
-- Então... Hoje cedo, quando eles me acordaram para vir, eu perguntei se eles não se importavam... mas ninguém disse nada, e eu considerei que estava tudo certo. Então pode ser bom. No fim... Eu acho que eles realmente estão se esforçando com nós... mas eu não quero chegar jogando coisas na mesa... pois aparentemente querem lidar com isso... deixando o tempo agir por si só. -- Assenti, fazendo um leve carinho nas costas de sua mão.
-- E como chegou nessa conclusão?
-- Simples. -- Sam sorriu, se inclinando para me roubar um selinho. -- Eu estou aqui. -- Roubou outro. -- E estou te beijando... -- Sorri. -- Meus pais não são idiotas, eles sabem que eu não vou desistir de você porque alguém tem medo e me disse não. -- Subi minha mão para seu maxilar, acariciando delicadamente. -- Eu sou teimosa e não sou esse alguém que tem medo. -- Ri, a beijando delicadamente. -- E eu amo você. -- Fitei seus olhos.
-- Eu amo você. -- Sam sorriu, me abraçando fortemente em seguida. -- Só não quero ficar desafiando sua família. -- Sam riu, e eu cerrei meus olhos em sua direção.
-- Você vai desafiar minha família.
-- O que?! -- Minha namorada sorria, enquanto falava.
-- Se você não quer desafiar eles, não há tempo que os acostume. -- Me olhou em expectativa, e até que isso fazia bastante sentido...
-- Okay.
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-- DEENA, VOCÊ VAI NOS DERRUBAR. -- Sam gritava, enquanto eu ria e dava impulso no melhor investimento da semana: uma rede na varanda do quintal de casa. Realmente, era o que estava faltando por aqui.
Parei de nos embalar, gargalhando com a forma que minha namorada se segurava no meu corpo, me olhando com espanto e pavor.
-- Esse negócio vai cair. Vai rasgar e vai cair- vai virar, e a gente vai cair. -- Era tão inevitável rir mais ainda, que comecei a levar soquinhos quando Sam se irritou comigo.
Ela estava quase por cima de mim, já que estávamos nós duas sobrecarregando a rede.
-- Para de rir, eu quase segurei na mão da senhora morte agora... -- Mordi meu lábio, tentando conter a risada.
-- Se você morresse... Eu iria junto-
-- Ah! Cala a boca, Romeu! -- Gargalhei. -- Nem fodendo que vou aceitar uma morte besta dessa. Romeu e Julieta tem um contexto bonitinho e trágico, o nosso seria o que?! Garotas imbecis se empolgam com rede, caem, batem a cabeça e morrem com traumatismo craniano?! Estúpida. -- Sério, seu jeitinho de falar estava me deixando quente de tanto rir. Provavelmente isso significa que eu estava ganhando coloração vermelha. -- Se eu morrer assim, prefiro que me enterrem num chiqueiro de tão podre que seria.
Levantei minha cabeça para espiar o mundo de fora, e congelei quando meu olhar encontrou o de Alejandro. Ele estava bastante sério, o que me fez imediatamente encolher na rede. Sam franziu o cenho.
-- O que foi?
-- Nada. -- Vez da minha namorada levantar a cabeça, e começar a rir quando provavelmente notou seu pai também.
-- Você está com medo do meu pai?
-- Eu não preciso ser corajosa o tempo todo... Nós duas somos responsáveis por trabalhar juntas nesse relacionamento. -- Cerrou os olhos em minha direção, e eu sorri amarelo. -- O que estou tentando dizer... É que eu quero que me abrace quando eu sentir medo. Me conforta. -- Sam sorriu, envolvendo seu braço ao redor de mim.
-- Você é a coisa mais preciosa desse mundo.
-- Isso quem diz é você... porque na minha opinião, não existe ninguém mais precioso que Samantha Fraser. -- Ela sorriu, me beijando antes de nos aconchegar melhor na rede.
-- Eu sei. -- Fingi espanto, e bastou meio segundo até eu nos embalar com força, ouvindo todos os tipos de xingamentos vindo da minha namorada novamente.
Eu a amo tanto...
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Kissy Kissy Boo Boo ➸ Sameena Intersexual
FanficO afeto é o maior bem que o ser humano pode sentir pelo outro, óbvio, logo depois do amor e também o respeito. São coisas genuínas, que somente o tempo e a convivência - ou presença, se preferir chamar - proporcionam. Entretanto, Samantha descobriu...