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Eu tinha um trabalho recém impresso em mãos. Era um texto de filosofia, que por algumas horas estive inspirada em escrever. Dias assim vinham, ora sumiam e eu gostava dessa variação louca. Ela prova que eu sou como todo mundo, e tenho minhas horas de bloqueio porque também preciso pensar.
Viver além de escrever e sentir, para mim, ao invés de pensar é o ponto crucial de uma mente sã. Foi assim, na verdade, que aprendi a medir a quantidade de tempo que eu devo ficar fazendo só uma coisa. Eu amo minhas séries, mas gosto de dirigir, e sou uma excelente aluna quando estudo. Então o que há de vantagens eu me prender na tecnologia?
Caso esse que é totalmente contrário à meus pais. Eu não julgo pois cada um faz o que quer, e como meus velhos trabalham com um meio comunicativo, quem sou eu para falar alguma coisa? Eu gosto do que eles fazem, na verdade, e nada seria capaz de deixar essa família mais unida. E quando a família une do jeito que a nossa faz, não há tecnologia que prenda. Gostamos tanto da presença uns dos outros, que agimos indiferente num mundo onde por partes começam a diferenciar cada um pela marca do celular que possui.
Isso, talvez venha da essência do ser humano, e nem é tão raro. Minhas amigas são outras que convivo, mas que não ficam mexendo no celular para não perderem momentos. Isso é legal, mostra que elas realmente se importam com nossa amizade, e não diferente das outras vezes, quando me aproximei da mesa onde estavam, já consegui ouvir o assunto aleatório que elas tinham, e que logo caiu para ser minha responsabilidade, com Alice tranquilamente perguntando;
-- Você depila suas partes íntimas? -- Franzi o cenho, assentindo para sua pergunta e rindo em seguida. Sam abria espaço para eu sentar ao seu lado.
-- Mas por que estão falando disso? Como o assunto começou? -- Cindy riu, juntando as mãos sobre a mesa.
-- Kate foi fazer as sobrancelhas e a mulher usou cera...
-- Aí a gente começou a discutir com Alice que a dor é horrível, principalmente nas partes íntimas. -- Kate continuou.
-- Gente, é tão rápido que nem dá de sentir, vocês são maricas demais. -- Alice ao meu lado falou. Arregalei os olhos.
-- Que tipo de monstro é você?! Como não sente dor?! Eu tenho vontade de matar a depiladora assim que ela me da oi. -- Sam riu de meu comentário, pedindo para tocar um hi-5 e eu prontamente batendo em sua mão.
-- Agora eu fiquei curiosa, qual parte é pior de depilar? -- Alice me perguntou, arqueado as sobrancelhas sugestivamente e apoiando a cabeça na mão. E... bom, eu sabia que ela estava falando do meu pênis, cá por nós, foi a primeira coisa que veio na minha cabeça quando eu descobri que... eu podia depilar completamente essa parte. Limpei minha garganta e senti todos os olhares curiosos em mim.
-- Para mim... a dor é igual em todas as partes... mas... vocês sabem... os testículos têm uma pele realmente fina... É simplesmente desconfortável e dolorido ela com a mão ali e... mexendo o tempo todo... É terrível. -- Alice gargalhou, provavelmente imaginando a cena pois eu a conheço. Kate e Cindy faziam uma careta e... bom, Sam estava normal porque eu já tinha acidentalmente contado. -- Mas, e vocês? É tipo- -- Alice me olhou séria.
-- Tira toda sua roupa de baixo e arregaça as pernas, querida. -- Então todas caíram na gargalhada com a pose da loira ao imitar uma depiladora aparentemente forte com a voz realmente grossa e ameaçadora. -- Vocês não sabem mas eu quase respondi sim, daddy uma vez.
-- E a dor também é bastante horrível. Eu quase chutei a moça uma vez. Coitada... -- Sam quem comentou, me fazendo rir.
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Kissy Kissy Boo Boo ➸ Sameena Intersexual
FanficO afeto é o maior bem que o ser humano pode sentir pelo outro, óbvio, logo depois do amor e também o respeito. São coisas genuínas, que somente o tempo e a convivência - ou presença, se preferir chamar - proporcionam. Entretanto, Samantha descobriu...