Capítulo 29

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Outubro. Eu realmente amo esse mês, é o melhor de todos. Simplesmente: o sinal de que o Halloween se aproxima, e o frio de dezembro já começa a fazer efeito. São minhas duas coisas favoritas, sem contar a festa de natal, que eu também adoro...

Eu estava entusiasmada quando a campainha de casa tocou pela milésima vez, e eu precisei desviar das abóboras que decoravam o hall de entrada da minha casa. Ao abrir a porta com a cesta de doces, no entanto, gargalhei com a imagem de Sam usando um chapéu vermelho e um bigode falso enorme, que cobria seu lábio superior.

-- Doces ou travessuras?! -- Ao olhar para baixo, Sofia, sua irmã, estava fantasiada de mulher maravilha, o que me fez abaixar e colocar uma quantidade de doces generosa em sua sacola. Seus olhos arregalaram e pareciam brilhar, ao que dava pulinhos animados.

-- Sofi, Taylor está terminando de se arrumar para irem pedir doces pela vizinhança, por que não sobe e a apressa? -- A garotinha assentiu, passando por mim como um foguete, e me deixando sozinha com uma menina cuja sustentava metaforicamente um esquilo no buço. Sua imitação do Mário estava realmente boa. E, aparentemente, estar apaixonada por ela era mais tranquilo do que eu poderia supor algum dia. O difícil era esconder e não tentar envolver muito sentimento no que estávamos fazendo... mas foda-se a minha dor! Amar Sam é o remédio para qualquer coisa, principalmente por não tê-la como quero e nem poder. Eu não sou louca de perder quem eu considero o meu analgésico essencial...

-- Você é muito sem graça- eu disse para se fantasiar da princesa Peach, assim a gente poderia combinar. -- Olhei para meu traje de Luigi.

-- Sammy, você sabe que verde fica melhor em mim. E eu me vesti com um personagem que não foge do tema que escolheu-

-- De qualquer jeito, você está bonita, como sempre, mas sua fantasia está infiel. O que fez com o bigode do Luigi?! -- Gargalhei.

-- Não sei, eu devo perguntar para seu amigo peludo aí ou ele não tem vida própria?! -- Sam não resistiu, caindo numa gargalhada que, por deus, me fazia querer beijá-la mesmo com qualquer... empecilho... em sua face. Ela entrou em casa, e por sorte, puxou aquela parte da fantasia, exibindo seu belo sorriso no final.

-- Eu coloquei isso para brincar com você e te fazer rir, só. -- E sem conseguir falar mais nada, eu me aproximei de Sam e a puxei por sua cintura, a beijando da forma que eu queria assim que ouvi sua voz. Minha melhor amiga envolveu o braço ao redor de meu pescoço, no entanto, e respondeu, segundos depois passando sua língua para dentro da minha boca, até estarmos com os lábios doloridos o suficiente para nos afastarmos. Sensações boas invadiram meu estômago. Sam definitivamente tem o melhor beijo... -- Viu só?! Por isso eu queria que você se fantasiasse de Peach, aí agora a imagem do Mário e do Luigi se pegando vai ficar reproduzindo na minha cabeça e, por mais que fosse bonitinho um vídeo game tão popular como esse com representatividade lgbt, fica bem um pornô de nerd na minha cabeça. -- E aquilo me fez rir tanto, pela sua forma indignada de falar, que eu deveria estar perdendo aos poucos a minha cor.

Minha melhor amiga, por outro lado, só sabia sorrir. No final, com meus sentidos mais calmos, analisei sua roupa e definitivamente gostei do que vi. Estávamos bem parecidas, afinal. A única coisa que mudava era o fato de eu usar coturnos, e Sam um daqueles tênis famosinhos da Adidas.

E tudo isso, pois um garoto da nossa escola iria dar uma festa, cuja até já estávamos atrasadas para ir.

-- TAYLOR! ESTAMOS INDO! CUIDE-SE E CUIDE DIREITINHO DA MULHER MARAVILHA! -- Gritei para as escadas, ouvindo um grito aleatório da minha irmã que provavelmente só deveria significar que ela tinha me ouvido. -- Vamos, Sammy. -- Eu disse. Abri a porta de casa, pois eu não precisava de mais nada.

Kissy Kissy Boo Boo ➸ Sameena IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora