Capítulo 8

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-- Vocês lembram daquela vez que fomos para a cabana dos pais da Kate? -- Cindy comentou, nos fazendo rir com a lembrança.

Sem exceção, estávamos todas deitadas em vertical na caçamba da minha picape, fazendo absolutamente nada, enquanto o sinal da escola não tocava. Seguia a ordem; Cindy, eu, Sam, Alice e Kate.

-- Aquele lugar que é menor que meu quarto? Graças a Deus eles venderam. Lá era horripilante... -- Kate quem falou, sorrindo, após fazer uma careta.

-- Ah, Nem tanto. Foi divertido lá. Lembro que fomos no carro dos meus pais, eu tinha recém tirado carteira e Alice insistia em ir bebendo, sendo que eu não deixava e mandava guardar no porta malas o tempo todo. -- Elas sorriram pelas minhas falas, e confesso que bateu uma nostalgia, mesmo que aquilo tenha acontecido há um ano, somente. Eram momentos, e o legal de tê-los, é que não importa quando acontecem. Eles são especiais, e sempre serão lembrados.

-- Tinha só um banheiro né? Lembram que a gente teve que tomar banho juntas. -- Sam falou, gargalhando em seguida, enquanto nós olhávamos para ela, provavelmente tentando adivinhar de onde tinha saído essa história, que por acaso, é falsa. Sam rapidamente parou de rir quando notou que era a única. -- Oh, espera, isso não aconteceu, né? Eu devo ter sonhado. -- Alice fez cara de nojo, empurrando Sam e me encurralando.

-- Sua nojenta, isso é sonho que se tenha com as melhores amigas?! -- Foi vez de todo mundo rir, agora. Visto a brincadeira, não pude deixar de notar o desconforto da loira ao meu lado, ou melhor, quase em cima de mim por culpa de Alice.

-- Você quem erotizou. Na minha mente era engraçado. Você estava provocando a Deena por conta da bunda que ela tem.

-- Ah, então até que faz sentido.

-- Okay, aí pode parar porque começou o bullying. -- Minha vez de brincar.

-- E o ''Dean'' do seu sonho, Sam. Como ele era? -- As idiotas estavam rindo mais uma vez, sendo que eu só sabia sentir vergonha. Sam me olhou e arqueou a sobrancelha.

-- Meu sonho foi bem generoso.

-- SAMMYYY. -- E mais risadas, sendo que as folhas dos galhos acima de nós pareciam uma perfeita paisagem para se explorar. Nela, acabei achando um ninho de passarinhos, o que me fez sorrir. -- Vocês são ridículas, por que ainda andamos juntas? -- Sam riu, me olhando em seguida, e eu coloquei meu dedo indicador sobre seu nariz, a assistindo sorrir com essa brincadeira sem sentido que me deu vontade de fazer.

-- Você nos ama. Eu esqueci um caderno no meu armário, preciso buscar. Vamos? -- Alice perguntou. Todas, exceto por Sam, levantaram, e eu estava com preguiça, então permaneci deitada também. -- Hey, as duas molengas não vão vir?

-- Não. -- Eu e Sam dissemos juntas. Isso acontecia as vezes, e tínhamos como hábito essa brincadeira de tocar algo verde justamente quando falávamos ao mesmo tempo. Por isso me estiquei por cima dela e encostei num daqueles adesivos pequenos de instruções que tinha na minha picape. Sam me xingou pela derrota e eu ri.

-- Tchau para vocês. -- Por outro lado, Cindy disse, acenando e se afastando por último. Nos despedimos, e não demorou para eu ficar sozinha com minha melhor amiga, que olhava para a árvore, assim como eu fazia há alguns minutos.

-- Ali. Tem um ninho, olha... -- Apontei.

-- Você pensou em algo filosófico sobre isso? -- Ri.

-- Óbvio. Casa não é somente aquilo que construímos, mas sim é onde nossos corações sentem paz em habitar. Então não importa do que seja feita, e nem para quem; casa é o que nos abriga. Casa é o que abriga nossos sentimentos, e protege eles tão bem quanto um cofre faria. -- A encarei.

-- Teu sorriso é casa para mim. -- Sorrindo, a puxei para meu peito e envolvi num abraço que ninguém nunca entenderia a vontade que me deu de não soltar mais.

-- Assim vou acabar me apaixonando por você, Sammy. -- Ela riu.

-- Eu não me importaria. Seria uma... honra. -- Observei seus olhos, sorrindo, quando notei o brilho em seu olhar.

Então veio essa vontade da nossa brincadeira. E não medi consequências quando me aproximei e deixei um selinho em seus lábios, não por milésimos, mas sim por um período de tempo maior. Sam riu, no final, e eu franzi o cenho.

-- Você beijou alguém na parte de trás da sua picape. Que romântico. -- Cobri seu rosto enquanto a gente ria, pois comecei a corar e eu não queria que ela visse. Com certeza eu seria zoada.

Sam então segura minha mão, levando até a própria cintura e me encarando por cima, pois era favorável a nossa posição. Nesse exato momento, me pergunto o que está acontecendo, e se é normal amigas agirem assim. Se faz parte disso tudo como temos carinho uma pela outra, mas ignoro, pois deve ser besteira minha. Deve ser insegurança, e vai ver, minha melhor amiga só está nos deixando confortável.

Pelo seu sorriso, concluo que sim, ela está. Então eu devolvo seu sorriso, me inclinando para beijar sua bochecha, ao mesmo tempo que o sinal bate, indicando que era hora de sairmos dali.

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-- Eu não transaria com o Justin Timberlake porque não é minha praia, Alice. -- Insisti, na conversa descontraída que escolhemos para o intervalo. A loira de cabelos curtos bufou e apontou para Cindy.

-- Você transaria. -- Cindy a encarou, fazendo uma cara engraçada, que demonstrava perfeitamente a viagem que a mesma estava fazendo. -- Cindy, você transaria com Justin Timberlake.

-- Deus me livre mas quem me dera.

-- Até você?! -- A loira logo encarou Kate, que arregalou os olhos, negou, e começou a beber o próprio suco de caixinha. -- Bom, o que estou falando... é óbvio que Sam transaria. E aí, hétero? -- Vi minha melhor amiga virar os olhos e negar. -- Uau... qual o problema de vocês?!

-- Qual o seu problema?! -- Kate perguntou, rindo. -- Escolha outro artista, oras.

-- Deena, com quem você perderia a virgindade? Não famoso.

-- Ué, com quem consentir em fazer sexo comigo se estivermos com vontade. -- Ouvi minhas garotas vibrarem com a resposta e gargalhei, enquanto Alice me mostrava o dedo do meio e dizia que eu iria morrer virgem de qualquer jeito.

E eu preciso dizer; amo nossas discussões. Elas são as melhores partes dessa amizade.

Kissy Kissy Boo Boo ➸ Sameena IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora