Capítulo 23 (flashbacks pt. 2; Jungkook)

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Jungkook's POV

Hoje eu completo treze anos. Não aconteceram milagres como quando completei dez, mas depois daquele dia, aquelas duas pessoas se tornaram muito especiais na minha vida.

Até hoje não sei sobre os problemas que Jimin passa, mesmo sempre contando os meus. Deve ser difícil para ele falar sobre.

Acordei às cinco da manhã, como sempre, mas ao invés de ir fazer bombons, entrei no quarto dos meus pais de fininho, abri a gaveta rezando para que não fizesse barulho e peguei todo o dinheiro que tinha ali.

Até deixaria o dinheiro do meu pai quieto, mas ele não merece nada do que tem. Merece morrer e ir para o inferno.

Me agachei e peguei todo o dinheiro do bolso da calça dele. É a primeira vez que estou roubando, e sinto calafrios terríveis com isso.

Me lembro do meu aniversário de dez anos e esse sentimento ruim passa. Mostro o dedo do meio para ele e cogito pegar até as moedas, mas achei melhor não, para não fazer barulho.

Saio do quarto e fecho a porta devagar. Sequer conferi quanto tem, só enfiei no bolso das calças mesmo. E então peguei minha caixona onde colocava meus bombons para vender, mas ao invés de doces, tem todas as minhas roupas e coisas minimamente importantes dentro.

Vou fugir de casa e nunca mais vou voltar. Com certeza eles vão tentar ir atrás de mim por conta do dinheiro que peguei, mas acho que não vão me achar.

Ah, e eu preciso de um celular também, né?

Suspiro ansioso e coloco a caixa perto da porta de casa. Junto toda a coragem que me restou e entro novamente no quarto deles com muito medo de ser percebido. O celular dele está no móvel ao lado da cama. Tiro o carregador da tomada junto do celular e também coloco no bolso, mostrando o dedo do meio mais uma vez e me apressando para sair ao vê-lo se mexer na cama.

Quase que meu coração parou nesse momento.

Eu saio do quarto e fecho a porta, ainda travando a maçaneta com uma cadeira da sala, e corro para a entrada.

Não acredito que deu certo.

Coloco o celular e o carregador dentro da minha caixinha de plástico e corro. Eu corro com toda a minha vida. Essa foi a maior maluquice que fiz em todos os tempos. Se eu continuasse ali, hora ou outra eu iria morrer, de qualquer forma, então qualquer migalha é lucro.

O problema com as drogas tinha piorado muito, minha mãe teve pelo menos cinco overdoses nesses últimos anos, e enquanto ela quase morria, meu pai aproveitava para me espancar por ter nascido. Eu não podia chegar em casa antes das oito da noite, e nem podia sair de casa depois das seis da manhã, porque se não acontecia coisas parecidas às do dia do meu aniversário de dez anos.

A última surra que levei foi há uma semana, e eu fui literalmente nocauteado. Minha mãe disse que eu fiquei sem conseguir acordar por um dia e meio, e desde então estou com tonturas crônicas.

Peguei o primeiro ônibus que encontrei, mesmo sem destino. Eu só vou descer depois que passar pelo menos uma hora aqui dentro passeando pela cidade.

E nesse tempo, decido apagar todos os dados do celular do meu pai.

Eu desbloqueio, já que já sabia a senha, e logo de cara aparecem várias mensagens de uma vez. Tem vários grupos de revendedores de drogas, números de prostitutas e de barzinhos. Na galeria, há fotos de muitas mulheres nuas, inclusive de menores de idade, e isso me enoja bastante.

You're in Danger - Jeon Jungkook, Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora