Jungkook's POV
— Oi, tia. Quer comprar um bombom? Eu fiz com os melhores ingredientes. — pergunto para uma senhora sentada no banco da praça.
— Me deixa em paz, garoto. Vá para casa. — é o que ela me respondeu.
Eu me senti triste. Se eu não chegar em casa com tudo vendido, vou apanhar muito. Não é como se eu pudesse escolher quando que posso ir descansar. Já faz quatro horas que estou andando e tentando vender meus docinhos, mas só consegui vender três até agora.
— Desculpe o incômodo. — digo e vou abordar outras pessoas.
Hoje foi um dia mais rápido que os outros, uns estudantes me ajudaram comprando tudo e eu fui para casa com todo aquele dinheiro depois de dez horas na rua. Talvez hoje eu dê orgulho para minha mãe.
Abro a grade e entro em casa, ouvindo o que eu menos gostaria de ouvir. Eles estão transando, que nojo.
Suspiro e coloco o dinheiro no balcão com as moedas em cima, para não voar. Vou até o sofá e espero eles acabarem o que estão fazendo. Meus braços estão queimados por conta da panela, já que não tenho tanta habilidade. Mas se não for eu, quem vai conseguir sustentar essa casa?
Olho para o calendário grudado na geladeira e vejo que hoje é dia 1 de setembro. Ah, uhu, dez anos de idade... e daí? Ninguém liga mesmo...
Suspiro mais uma vez e me sento no chão, com as costas encostadas no sofá. Não quero apanhar por estar sujando o sofá de suor.
Os barulhos são inconvenientes, acho que era para eu ter ficado mais tempo fora de casa. Mas parece estar acabando já.
Espero vinte minutos até que alguém saísse do quarto, e infelizmente quem faz isso é meu pai.
Sem falar nada, pego o dinheiro que deixei no balcão e vou para dentro do quarto.
— Mãe? — chamo, e ela olha torto.
— Você estava em casa? Não devia estar trabalhando? Ainda são cinco da tarde.
— É que eu vendi tudo. Olha. — entrego o dinheiro a ela, que conta tudo e coloca dentro da gaveta ao lado da cama.
Sem falar sequer uma palavra.
Nem um feliz aniversário, nem um parabéns, nem nada.
— Vá fazer mais bombons, então. Se vendeu tudo tão rápido, então faça mais para vender mais.
— É mentira dele. O dinheiro da minha carteira sumiu. — meu pai diz entrando no quarto com sua carteira vazia.
Não pode ser.
— Mas... eu realmente vendi tudo. E-eu saí com trinta bombons, e vários estudantes me ajudaram comprando.
— Não me responda, seu fodidinho de merda. — meu pai cutuca meu ombro com ignorância. Eu já sei o que está por vir.
— Mãe, eu juro. — digo com a voz tremendo, acho que nunca senti tanto medo em toda minha vida.
— Por que roubou seu pai?! — ela grita, enquanto meu pai desafivela o cinto da calça que está jogada no chão.
— M-mãe, eu juro, eu não roubei. Eu não roubei ele! Não é minha culpa se usou o dinheiro todo da casa para comprar drogas! — grito por não aguentar mais, e eu levo um tapão tão forte na cara, que meu dente de leite caiu. — A-ai! Não me machuca, por favor. Por favor! — peço e cuspo meu dente na minha mão, está com muito sangue.
— Não vou criar um ladrãozinho de merda. — ele bate nas minhas costas, agora com o cinto, e eu de relance olho para o bolso da calça que está no chão.
— O-olha o dinheiro ali! — falo alto e cubro meu rosto com minhas mãos, com medo de levar outra.
Ele olha, se agacha e tira um bolinho de dinheiro dali.
Nesse momento, eu seguro o choro. Estou aliviado porque acho que não vou morrer hoje.
— Agora você sabe o que aconteceria caso nos roubasse. — é o que ele diz, e eu fico sem acreditar.
— Mãe, o que você vai fazer sobre isso? — pergunto com medo.
— Ele está certo. É com a violência que se aprende a ser gente no futuro. — ela diz, e fico boquiaberto.
Sem falar nada, saio do quarto, fecho a porta e vou para a rua. Minha mente está vazia, e só depois que cheguei na praça onde vendo meus docinhos, comecei a chorar como nunca jamais chorei na vida. É muito injusto, isso tudo é muito injusto.
Minha boca ainda está sangrando e doendo. Minhas costas estão latejando, e ainda por cima, é meu aniversário. O pior de todos.
Lá no canto tem uma família fazendo um pique-nique e coincidentemente é aniversário de alguém. Eles estão cantando parabéns, e eu finjo que é para mim.
Bato palmas, canto a música toda, e na hora do rá tim bum, fecho os ouvidos e fico repetindo sozinho "Jungkookie, Jungkookie, Jungkookie!".
— Uhu! — alguém diz perto de mim. — Parabéns, Jungkookie!
É uma criança quase da mesma idade que eu.
— O-oi! — digo animadinho. — Obrigado. Qual seu nome?
— É Jimin.
— O que aconteceu contigo? — pergunto ao ver seu braço todo roxo.
— Eu que pergunto o que aconteceu contigo. — ele diz.
E impressionantemente, rimos.
— A gente se vê por aí! — ele diz. — Tenho que chegar em casa logo, tinha vindo para respirar um pouco por aqui.
— Eu também. — digo. — A gente se vê!
Ele foi o anjo que abençoou meu aniversário, mesmo que por menos de cinco minutos. Se não fosse pelo Jimin, meu coração estaria muito mais destroçado.
E outra bênção foi quando partiram o bolo daquele aniversário.
Uma mulher muito bonita se aproximou de mim com um pedaço de bolo num pratinho descartável, e eu quase não consegui acreditar que era para mim.
— Oi, garotinho. — ela se senta na minha frente. — Eu percebi que estava participando do parabéns de longe, então decidimos te dar um pedaço de bolo!
— Sério? — pergunto com os olhos brilhando de felicidade.
— Toma aqui. Se quiser ficar mais perto de nós, talvez até consiga brincar com as crianças da festinha!
— Eu estou fedendo, só vou aceitar o bolo mesmo, muito obrigado. — pego o pratinho, que logo fica embaçado pelas lágrimas. — U-ué, p-por que estou chorando? — pergunto em voz alta por ter ficado com vergonha.
Ela olha empática para mim, e eu como o primeiro pedacinho, ficando entusiasmado com o sabor.
— Hoje é meu aniversário, e é a primeira vez que como um bolo no meu aniversário. Muito obrigado, hoje é um dia bom para mim.
— Feliz aniversário. — ela diz. — Vou voltar para lá, qualquer coisa pode me chamar, tá?
— Qual seu nome, moça?
— É Maya. E o seu?
— Jungkook.
Ela sorri e volta para o piquenique. Agora tem três crianças brincando, mas sinto que não mereço me divertir mais que isso. Hoje já foi um dia ótimo, não dá para melhorar.
Como o bolo inteirinho e me levanto.
Vou me lembrar para sempre desses dois que salvaram meu dia que quase deixou de ser o meu favorito do ano.
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You're in Danger - Jeon Jungkook, Park Jimin
FanficEunbi é uma garota que tinha uma vida normal, até receber várias mensagens de ameaça de morte, e um certo garoto ser pago para salvá-la. Written by: jizeeri Iniciada em 31/01/2017 Concluída em 01/06/2017 Reescrita de 28/09/2022 a (...)