Capítulo 21

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Jungkook's POV

O silêncio de Eunbi durante todo o trajeto pesa em meu peito. Seu olhar distante revela a mágoa que eu a causei.

Passamos vinte longos minutos passando por aquela extensa avenida vazia de pessoas, e eu a levei para o lugar mais bonito que conheço. São duas da manhã, o mundo está iluminado só com iluminação artificial, já que até a lua está nova, quase que completamente sumida naquele céu vasto.

— Desce. — peço, e ela obedece em silêncio. O mundo ao nosso redor está envolto em penumbra, apenas as luzes artificiais revelam a paisagem noturna. — Olha, eu sei que você está chateada, me desculpa, mas eu realmente te amo, Eunbi.

— Você me traiu, Jungkook, não é óbvio que isso é um ponto final?

Isso doeu como uma facada.

— Faltou comunicação. Eu não tenho uma preferência, e queria saber se seria possível... bem... você entrar num relacionamento aberto comigo? — pergunto com uma hesitação que queima minhas bochechas. Sei que estou sendo babaca, mas eu não sei o que fazer.

E nem tive tempo de reflexo, da rapidez que a mão da Eunbi acertou no meio da minha bochecha em cheio. Ela me deu um tapa na cara, e que tapa!

— Você está louca?! — grito, percebendo que ela se assusta.

Estamos no meio do nada, e a insanidade da minha proposta é evidente. Fui babaca e reconheço.

— Quer dizer... — tento corrigir meu erro. — Desculpa. Foi a solução que achei para resolver todos os meus problemas.

— Não, Jungkook. Já deu. Vamos para casa.

Eunbi olha-me com um misto de incredulidade e decepção.

— Eu queria conversar mais contigo. Sério, eu não vou conseguir dormir até que isso tudo se resolva. Você é leal, fofinha, inocente e muito gentil, eu não quero te perder.

Ela suspirou profundamente, e o telefone dela tocou, interrompendo o desconforto do momento. Ela desliga sem verificar a identidade do chamador.

— Quem era? — pergunto.

— Ninguém. — responde, mas o telefone insiste em chamar.

— Alô. — ela suspira, olhando para mim.

— Quem é? — pergunto, e ela não parece estar nem perto de querer responder.

— Estou com o Jungkook, mas já vou para casa, não se preocupa. — ela diz, encerrando a ligação abruptamente.

Quero saber mais, quem era, qual a urgência? Mas Eunbi recua, visivelmente desconfortável quando tentei olhar a tela do seu aparelho celular.

— Quem era? — insisto.

— Vamos para casa, Jungkook. Não estou confortável contigo aqui.

— Responde quem era, porra! — grito estressado, e Eunbi dá dois passos para trás com os olhos arregalados.

Qual a dificuldade dela falar quem era?!

— Jimin, era o Jimin, pronto! Agora vamos para casa! Não era para eu ter concordado em vir aqui contigo, simplesmente não era! — ela exclama.

— Jimin? — penso alto. — Vamos, eu vou te deixar em casa. — vou até a moto e subo. Eunbi vem atrás, claramente nervosa.

Arranco com a moto, a raiva e a frustração borbulham dentro de mim. Não era esse o plano para a noite, eu só queria ter resolvido tudo. Eunbi não merecia esse medo, essa tensão.

Meu plano era aproveitar aquele lugar lindo junto da minha pessoa amada, mas simplesmente estou muito estressado para isso, eu queria que Maya realmente estivesse morta. Eunbi não é párea à ela, chega a ser injusto estar dentro dessa competição.

Lógico que eu prefiro Maya.

Ela continua calada, e a volta foi mais desconfortável do que a ida, sendo mais vinte minutos de estrada em silêncio. Não vou deixar a Eunbi na casa dela, não quero ter o risco de ser preso, e acho que ela tem noção disso, já que não falou nada quando entrei no caminho para onde vai para minha casa.

Sigo em frente, e logo chegamos lá. Jimin está de braços cruzados na frente da porta.

Eunbi sai da garupa tão rápido a ponto de quase me derrubar junto da moto.

— Calma, Eunbi! — reclamo.

Ela vai até o Jimin, que a abraça.

Mas que porra...

— O que é isso aí? — pergunto cerrando o punho.

— Você tem a sua, deixe eu ter a minha agora. Eunbi não merece ser segunda opção de ninguém. — Jimin diz, e eu rio involuntariamente.

Que porra ele está dizendo?

— Deixa de ser talarico, Jimin.

— Não deixo. E se você chegar perto dela ou levá-la para sei lá onde de novo, eu não vou te perdoar, mesmo você sendo meu brother.

— Tá se pagando de machão agora? — pergunto e me aproximo. Nesse momento, Jimin puxa a Eunbi para trás dele. — Então vem! — digo e tento dar um soco bem no meio da cara dele, mas ele esquiva.

Jimin não é bom em nada que não seja armas ou facas, sair na mão com ele é vitória na certa.

Claramente Eunbi está torcendo para o Jimin, e isso me faz querer matá-lo.

Ele tenta me dar um soco, e eu seguro sua mão, só não torcendo-a porque não quero machucá-lo de verdade.

Mas eu recebo um soco no meio da cara logo após essa trégua e me arrependo que não quebrei a mão desse filho da puta. Gemo de dor, meu nariz está com gosto de sangue.

— Cuidado, Jimin. — Eunbi diz, e meu sangue sobe mais ainda.

— Puta que pariu! Agora você vai ver, seu desgraçado! — xingo e acerto sua testa.

Jimin deu dois passos para trás, e foi o tempo que o empurrei e o derrubei no chão.

Eunbi grita mandando eu parar, mas isso me dá forças para continuar. Dou um, dois, três socos no seu rosto, até o Namjoon abrir a porta da casa e gritar conosco.

— Que porra é essa, vocês dois?! — pergunta, genuinamente assustado. — Estão loucos?! Saia de cima dele agora, Jungkook!

Nesse momento, Taehyung e Seokjin aparecem surpresos com essa situação.

— O acordo é que não podemos nos agredir, vocês querem sair da gangue?! Se sim, me avisem, que eu mato vocês dois! — Namjoon diz e puxa a arma, apontando para a gente.

Me afasto de Jimin, que permanece inerte no chão.

— Que dor do cacete. — Jimin resmunga, gemendo de dor.

— Ele acordou de um coma há pouquíssimo tempo, você é um assassino sem alma, Jungkook. Se continuar assim, vou sair da gangue por sua culpa! — Seokjin reclama e vai até o Jimin. Eunbi também está sentada no chão ao seu lado.

— Se você sair, Jin, a gangue desmorona. — Jimin diz com a voz trêmula. — Você é quem nos mantém vivos.

Agora percebo que a cabeça de Jimin quase bateu na quina da escada. Se isso tivesse acontecido, não quero nem pensar nas consequências. Ele está claramente desnorteado, e me sinto um monstro.

Até Taehyung me olha com desdém.

Que porra.

Entro na casa e vou direto para meu quarto, fechando a porta com força e trancando-a.

Eu machuquei meu melhor amigo, meu irmão, só pelo meu estresse. Eu me senti como antes, realmente eu fui mudado depois da Eunbi aparecer na minha vida, porque antes dela, eu não me sentiria mal com isso tudo.

Chega uma mensagem no meu celular. É a Maya.

"Por que está com a Eunbi? Eu sei que ela não está aqui em casa, e o único lugar onde ela poderia estar é aí."

Puta merda.

You're in Danger - Jeon Jungkook, Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora