Capítulo 15

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Jimin chegou em mais ou menos vinte minutos de moto. Estou derretendo embaixo desse sol infernal.

— Vem. — ele diz. Parece estar com medo de estar aqui, e com toda a razão.

Subo na moto logo, e ele sai com uma velocidade moderadíssima, só acelerando depois de cinco minutos, quando não dava mais para ver a prisão.

— Posso me segurar em você? — pergunto alto e com medo de cair.

— Pode. Eu já estou bem. — diz também quase gritando, para que eu consiga ouvir, e acelera. Nesse momento, me agarro nele.

Sou medrosa em andar de moto.

Estou muito curiosa e tenho muitas perguntas a fazer ao Jimin. Não vou deixar que ele me esconda nada, porque vai demorar muito até que eu veja o Jungkook novamente, e não quero enchê-lo de perguntas assim que sair da prisão.

Estamos passando numa velocidade altíssima pelo local onde ocorreu a ressuscitação do Jimin. Ele chega a olhar de relance para lá, quase que nos desequilibrando da moto, mas se concentrou e seguiu indo em direção à casa que já está bem perto.

— Chegamos. — ele diz e desacelera, estacionando nos fundos. Só agora larguei sua cintura.

Desço da moto primeiro, e depois ele desceu.

— Você deve estar nervosa, mas eu estou muito mais por te contar. Vamos para o quarto, acho que a casa está vazia.

— Duvido que esteja mais nervoso que eu. — digo e o sigo para dentro da casa.

— Jungkook que me perdoe, mas eu vi a Maya passando na rua semana passada.

— Mas ela não morreu?

— Você sabia da vida secreta do seu pai, Eunbi?

Coço a cabeça. O que isso tem a ver?

— Não? — respondo confusa e entramos no quarto dele.

— Aquele quarto bonitinho onde você está dormindo era onde o Jungkook passava noites com sua irmã lá. Ele chorou por horas quando chegou em casa com saudade da Maya depois que foi te visitar.

Meu queixo cai.

— Quê? Como assim, Jimin?

— Se você acha que seu pai arrumou aquele quarto para você, é mentira. Era da filha biológica dele. Creio que ela deva ter forjado a morte, porque aquela família é podre de mentiras.

— Espera... eu não quero acreditar nisso.

Me sento na cama dele em choque.

— É a verdade. Por isso que seu pai mandou prendê-lo: assim que a morte da Maya foi anunciada, Jungkook enlouqueceu e tentou matar seu pai, ou seja lá como que você queira chamar esse monstro. Namjoon não aceitou que ele ficasse te visitando, porque sabia que isso poderia acontecer.

— M-mas... sério? E o Jungkook nunca me disse nada?

Jimin coloca a mão no meu ombro em forma de consolo.

— Por isso que eu não queria te contar. Era para deixar ser no tempo dele. Só te contei porque acho errado você morar com aquele monstro sem saber de nada disso, e namorar um cara que claramente não superou a ex. Se o Jungkook vir a Maya, não sei se ele seria fiel.

Me deito sem reação.

— Por que ela forjaria a morte, Jimin? O Jungkook gostava tanto dela... — tento ser empática, mesmo um pouco chateada com o último ponto dito pelo Jimin.

— Talvez tenha sido o pai quem obrigou. Nunca saberemos. Talvez o Jungkook tenha amadurecido... porque ela começou a namorá-lo quando ele ainda tinha dezesseis anos, era muito bobinho e manipulável, mesmo que um delinquente habilidoso.

Ele se senta ao meu lado.

— Não conta que eu te contei.

— Não vou, mas caramba...

Estou realmente sem reação.

— Por que você entrou no mundo de crimes sendo tão bonzinho? — pergunto.

— Problemas com família e pobreza extrema. Hoje em dia estou muito bem, mas já tive que matar muito para chegar onde estou. — ele ri parecendo estar morto por dentro por segundos, mas voltou a si. — É um ponto delicado para mim, então evita me lembrar sobre o passado...

— Ah, eu não sabia, desculpa. — peço com peso na consciência.

— O único que entrou na vida do crime por livre e espontânea vontade foi o Yoongi e o Namjoon. De resto, todos tem um passado meio sombrio.

— Nossa... mas... e o Jungkook? Ele contou da família dele superficialmente, mas nada tão afundo.

— A mãe era drogada pelo pai, que era outro drogado. Ele não usa essas porras por trauma. Sinto pena do Jungkook, ele tem uma grande dependência das pessoas a quem é próximo, por isso que é frio com desconhecidos, ele não quer passar pelo que passou nunca mais.

— Então por isso que ele era tão malvado comigo?

— Sim. Ele tem medo de sofrer. Foi um milagre ele se apaixonar por você.

Até sorriria com esse lance dele se apaixonar por mim, mas é tão triste...

— Mas é isso aí, acho que eu te disse tudo que você tinha que saber.

— Eu continuo com ele? Tipo... com esse lance? O que você acha?

O jeito que o Jimin me olhou agora me assustou um pouco.

— Não se afaste dele. Acabei de falar da insegurança das pessoas sumirem da vida dele, e você pensa em sumir também? Não faz isso com ele, por favor.

— Você também falou que ele me trairia.

— Eu nem sei se era aquela louca que estava na rua. Tenho quase certeza que sim, mas talvez nem seja. Espero que não, que senão o Jungkook vai surtar.

Cruzo os braços e suspiro. Não vou conseguir agir da mesma forma que antes com o Jungkook, mas vou tentar. Ele é uma boa pessoa, pelo menos comigo ele é.

Mas se ele me trair, está tudo acabado.

You're in Danger - Jeon Jungkook, Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora