11 - Memórias do Inferno 2.3

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Tankhun Ram Theerapanyakul

Anos antes...

            Anos depois de tudo o que viveu e que ele tenta enterrar no mais recôndito de sua alma, Tankhun começou a definhar.

           Khun Khorn chamou o filho e tentou conversar e não conseguiu nada. Conversou com o irmão e nem mesmo o tio amado conseguiu tirar a verdade do jovem. Mas Kan colocou seu mais ardiloso espião para proteger seu pequeno trovão. De alguma forma o tio sabe que o sobrinho ainda está sob o peso do passado, ainda se culpa pela dor da qual é vítima quase fatal. E o amor dele pelo seu Vee vai sim resolver tudo.

          Quando soube de sua nova missão, o perspicaz jovem se pôs pronto a ajudar. E foi assim que Vegas mudou-se de mala, cuia e boa-vontade para a casa do tio.

          Adolescente, um pouco menor que Tankhun, acabou passando a ser responsabilidade do primo mais velho, aparentemente invertendo os papéis de sua missão. Mas ninguém se engane com essa águia nova de cabelos escuros e olhar arguto

            Com dois dias de pesquisa, Vegas desconfiou de algo. Tankhun era como ele!

         Para confirmar começou levar o primo em festas retrôs, matinês mistas com uma pegada mais GL. E logo percebeu os olhos de Tankhun em um garoto . Vegas se aproximou do rapaz e o trouxe para seu núcleo de colegas. Não rolou nada, mas o primo menor entendeu qual era o problema.

           Mais tarde, já em casa,  enquanto brincavam com o videogame, abordou o assunto com cuidado, focando apenas em si.

           - Tan, eu estava afim daquele garoto, mas ele ficou a fim de você.

         - Afim de mim? Tipo de me namorar? Você estava querendo namorar ele?  -   Eke estava tenso, o primo notou pelo tom crespo da voz.

         - Não exatamente namorar... Mas eu quero resolver meu problema e é isso. Ou faço sexo com um desconhecido, ou você ou o Kinn me ajudam. Que acha mais seguro?

          Tankhun perdeu a fala.

         - Isso não é normal , Vegas. Você precisa de médico.

         - Para com isso, Tankhun. Sexo não é doença. Nem crime. Se fosse, nossa família estava condenada há pelo menos duas gerações. E você estava de olho nele que eu vi. Ele até tocou seu corpo na dança e você não o afastou.

         - Eu fui educado com ele. - As bochechas de Tankhun estavam vermelhas da vergonha que ele trazia na alma.

          - Educado? Educado uma ova! E se eu lhe tocar daquele jeito na balada você vai ser educado?

           - Vou matar você.

          Vegas riu com seu olhar erguido de lado.

          - Pense nisso. Nós podemos experimentar. Eu sei que gosto de homem, mas nunca fiz sexo. - Insistiu, esperando briga.

         - Eu vou mesmo matar você. Está decidido.    -    A revolta só na voz, sem ação, como esperado para o propósito do astuto Vegas.

Momentos depois...

           - Não é mesmo errado, Vegas?

           - Não. Meu pai conversou comigo. Explicou que isso é normal. Nós até já decidimos como é que vamos ter herdeiros. Porque papai quer netos. E ele acha que Macau é como nós.

         - Eu não sou... eu não sei.

         - Tankhun, não deixe que o passado tire seu direito de ser feliz. E outra coisa... Aquele monstro era uma mulher. Então você ser gay ou não,  não foi decidido por aquela violência. Eu já disse que tem de falar daquilo para aquela dor ir embora.

My Bitter Poison     #JonTimeOnde histórias criam vida. Descubra agora