13. Oásis 1.3

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            Desde que se casaram eles estão vivendo uma eterna lua-de-mel. A casa que vivem hoje é um pedacinho do céu e eles decidiram mudar de planos. Dois filhos. E eles tinham decidido não ter nenhum antes, mas depois de estarem juntos desejaram a paternidade e a alcançaram .

           Ang e Vlad são crianças adoráveis e crescem debaixo de todo o amor e cuidado que eles podem dedicar a alguém. Tem horas que ele olha para os filhos e vê tanto do esposo nos dois. A vaidade e rebeldia. A meiguice e determinação.

           Ang diz que vai ser como ele, empresário. Cismou que quer se vestir como ele e não sossegou até ter três ternos iguais ao do pai. E não quer ir para a escola. Decidiu que vai direto para a faculdade.

           Vlad quer ser modelo. Já decidou seu futuro até para depois das passarelas. Vai ser estilista e desenhar roupas muito elegantes para gente bonita, ricas e pobres.

            Ele pensa nos filhos enquanto prepara o jantar. Seu amado chega logo com as crianças.

          Uma lágrima escorre ardida e ele esquece da cebola que corta e leva a mão cheia de ardume aos olhos. Grita de dor. Parece que cortou os olhos de tanto que doem.

            "Que estabanado! Isso é exemplo para os filhos." Tay zombaria dele, por certo, tão logo chegasse. Mas não é Tay que surge em seu socorro. É Jon.

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            A imagem do doce lar se desfaz. As mãos que circundam seu rosto, lavando seus olhos debaixo da torneira são de Jong

           - Eu disse para não se meter a cozinhar. Eu não vou ficar pobre se comprar a comida da tia da barraquinha, Time.

          - Eu quero comer do meu macarrão!

           - E quer perder os olhos no processo. O que vou falar para sua família se você se ferir aqui?

           - Estou aqui há um ano, quando foi que eles vieram atrás de mim.

            Era fácil chorar com o rosto debaixo da torneira. A vida de sobressaltos com Jon era mais emocionante que a falsa calmaria de sua família.

          - Senta aqui. Deixa eu passar soro nos seus olhos, rato.

           - Por que você me xinga?

           - Não quer que eu xingue, vai embora. Ninguém está prendendo você aqui.

          Time quer voltar para sua bolha. Seu oásis, sua miragem de vida. Desde sempre se colocou aí, para se proteger, mas ele odeia Setembro. E ele odeia seu amante...

           Não é verdade, ele ama Jon. Ama porque mesmo que o outro o odeie, não o deixa só. É grosseiro, mas cuida dele quando vêm os pesadelos. Mesmo que seja para xingar, fala com ele e o percebe. E para provar que seus pensamentos estão certo, lá vem as cobranças:

          - Time! Você machucou seus pulsos de novo! Uma hora suas mãos vão cair!

         Ele esqueceu que Jon olha seus pulsos com constância,  desde que notou que ele tende a se cortar ali e, mais cedo, quando o surto veio, ele bateu os pulsos no tampo da mesa do escritório. Mas não foi um corte fundo.

           - Eu não gosto de Setembro... - Gemeu, enquanto o homem limpa seus pulsos e os enfaixa.

         - Eu vou começar a castigar você quando se punir assim. Ou você aceita ir ao psicólogo ou para de se roer assim.

My Bitter Poison     #JonTimeOnde histórias criam vida. Descubra agora