12 - Memórias do Inferno 3.3

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          Eles nunca falam sobre isto, mas é o aniversário da liberdade deles. Desde que descobriram que Tem é o Pequeno Arcanjo, os três passaram a fazer méritos juntos nessa época. Até aí, Tankhun e Jon faziam sozinhos e depois se encontravam, mas com Tem eles mudaram seu ritual. Eles não se juntam pela dor. O encontro é pela liberdade e por preces ao quarto sobrevivente.

         Ninguém que assiste esses programas de crimes insolúveis pensa que que três daquelas quatro iniciais infantis são eles. Mesmo os parentes de alguns desconhecem toda a barbaridade que os três viveram. Ou "Os Quatro", como as reportagens os citam.

          A aproximação do Sat Thay sempre os une. Aquele Setembro, anos atrás, trouxe outro motivo para festejar que não apenas a festa da lua do décimo mês lunar. Agora comemoram a vida dos três amigos.

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Anos antes...

         Findava maio, as festas da Primeira Lavoura ainda era uma lembrança recente para o pequeno e animado Jong Johan, mas a família já estava a muito presa ao jogo econômico que os rege. A busca pelo pão para este lar abastado significa suprir também as mesas de cada um dos homens e mulheres que trabalham com eles, por isso o irmão mais velho, o pai e a madrasta do pequeno saem cedo, depois de se despedirem dele, que ainda dorme. Sua segurança fica por conta de duas nanas que lhe cobrem de carinho e, mesmo que, às vezes, surtem com suas diabrices, o protegem de uns tapas dentro de casa e de estranhos na rua.

         Ele amava brincar fora de casa. Era seguro e não atrapalha ninguém. E ele vê Ram, seu melhor amigo. Embora não fosse esse o único companheiro de brinquedos ali no espaço público.

        Todos os dias Jon brincava na praça com algumas crianças que ele tinha conhecido ali. As babás traziam aqueles seres e os deixavam correr e se cansarem ali para não ter que sair defendendo móveis e janelas da energia enjaulada daqueles monstrinhos. As nanas de Jong o levavam para ele ter companhia infantil. E ele tinha feito um amigo recente, regulando tamanho, mas uns quase três anos mais velho que ele. A mãe do menino às vezes vinha com as amas dele e era educada. Mas geralmente o menino vinha só com as funcionárias. Jon e o menino tornaram-se inseparáveis.

         Todos os dias apareciam pessoas novas e novas crianças eram incluídas entre os frequentadores comuns e Ram e Jong se irmanavam em travessuras com as outras crianças. Também tinha sempre vendedores de guloseimas. Alguns faziam brincadeiras com as crianças e elas ficavam ansiosas por esses ilusionistas.

        Então um dia Ram não veio. Foi alguns dias antes da colheita. E nos dias seguintes também ele não viu o amiguinho. Por aqueles dias, quase não tinha crianças ou vendedores ali. Mas a babá de Jon, desconsiderando os avisos, levava o pequeno para brincar.

         Naquele dia não foi diferente. Jonjon tinha quase todos os brinquedos do playground para si. Sua felicidade era descomunal. Pulou tanto. Escorregou até o cansaço. Balançou como se não tivesse amanhã.

        E quase não teve.

        Quis água e sua garrafinha de girafa estava vazia já. As brincadeiras quase solitárias desse dia tão diferente, tinha feito ele beber todo o líquido precioso.

         Pediu para a babá, que ao perceber a garrafa vazia, deu ao menino uma nota e o mandou buscar - como toda ama fazia, menos els e sua colega dd trabalho.

         Jonjon foi comprar sua própria água todo feliz, sentindo-se um adulto de seis anos.

        - Meu pequeno, o tio não tem mais água. Já estou de saída.

My Bitter Poison     #JonTimeOnde histórias criam vida. Descubra agora