9 - O Pesadelo

100 15 57
                                    


          
            Na madrugada do dia de Natal, Time despertou suado. O corpo em chamas e a cabeça dolorida. Sua memória recente o levou para o dia que Tem o descobriu no apartamento.  A sensação de abandono que o abraçou naquele dia parece ter diversas garras que o sufoca dia e noite, trazendo lembranças de um passado que ele não consegue enterrar.

            Depois que o amigo de Jon se foi, ele pensou que o amante viria discutir com ele e de certa forma Time se preparou para isso, mas viu quando ele também saiu do apartamento. Time   se descobriu nervoso e tentou de tudo para relaxar.  Tomou  outro banho, procurando se acalmar,  tomou água, bebeu vinho e nada o fez descansar. A lembrança de Jon protegendo o amigo era muito dolorosa.

            Por que ninguém nunca o protegia? Por que ele sempre era jogado para um canto enquanto outros recebiam carinho e afeto? Por que nunca ninguém o notava?

         O mundo girou em sua mente uma, duas, três vezes. Em todas elas ele sempre acabava vendo os outros envolvidos em abraços. Os outros recebendo o cuidado que ele desejava. Os outros acusando-o de traição. No fim de todas as histórias de sua vida, era sempre ele o solitário com pecha de traidor.

           Mesmo agora, na madrugada de Natal, que segue sendo representada em quase todos os episódios das séries  que ele acompanha, a lembrança daquele dia o perturba.  A certeza de que foi  por  sua traição que Jon o abandonou o abala, ressuscitando outras lembranças. Recordações de traições mais antigas. Ele traiu os amigos naquele dia...

           Um por um se foram, envoltos na fumaça fétida de sua traição. Traiu a família e ela se diluiu até tornar-se um arremedo de lar, uma cópia barata e inautêntica de laços parentais duvidosos.    Ele traiu Tay e o amor de seu ex-noivo tornou-se água e se esvaiu.   Traiu a si mesmo quando se envolveu com Jon.

             Ele reconhece  que por isso tudo merece cada afronta e cada xingo ou maldição que receba em vida ou na morte. Chorou até o cansaço.

           De uns tempos para cá era isso que acontecia. Chorava para dormir e acordava para chorar.

          Os sonhos espremem o resto de dignidade que tem.

(●●●)           

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

(●●●)
           

           Ping, Vlad, Dong, Tay e Ang corriam felizes pela rua, procurando um lugar para se esconder. As árvores não eram mais bons esconderijos porque ele é grande e vê logo onde os outros se escondem.

            Viu quando Tay subiu no Salgueiro e se escondeu entre os troncos que quase nada tapava do menino bonito. Fingiu não ver e saiu no encalço dos demais. Procurou-os por todos os lugares de sempre. Uma angústia tomando conta de seu coração e que ele não conseguia explicar. Sente um medo e parece que algo ou alguém o segue e não são  Ping, Vlad, Dong,  Ang ou  Tay. Eles se esconderam melhor hoje. Time se nega a encontrar Tay porque sente que ali na árvore ele está seguro. Não quer ter o medo que está brotando em suas veias e gelando-o com aquela sensação de queimar frio de quando ele segura o sorvete.

My Bitter Poison     #JonTimeOnde histórias criam vida. Descubra agora