capítulo 4

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Janja

Adentro o alvorada com o coração na mão, olhei pros lados procurando minha filha, mas não a vi. Com os olhos cheios de lágrimas, olhei pro meu marido, procurando uma resposta.

J: amor, cadê a S/n? Você disse que eles trariam ela pra casa...

L: calma, Janjinha, eles já devem estar chegando.

J: eu quero a minha filha... — o abraço —

Oscar, nosso segurança pessoal, chega sozinho, com uma cara nada agradável.

J: Oscar! Cadê a S/n?

O: senhora Rosângela, a menina está no hospital. Quando eu cheguei, ela estava confrontando os golpistas que estavam no seu gabinete e acabou levando um tiro no braço, felizmente foi de raspão.

J: em qual hospital ela tá? Me leva lá agora

L: vamos, Oscar — fala sério enquanto ajusta a gravata —

Quarenta minutos depois, chegamos no hospital e corri desesperada até a recepção.

J: boa noite, eu quero visitar a paciente S/n Lula da Silva, por favor...

Apesar de surpresa por estar falando com a primeira dama, a recepcionista rapidamente falou ao telefone com um médico e autorizou a minha entrada.

— o quarto é o 24, terceira porta a esquerda.

L: obrigado, senhorita. Vamos, Janjinha

Entro no quarto acompanhada do meu marido. Assim que nos vê, S/n desvia os olhos da televisão.

J: meu amor... — abraço minha filha com força — você tá bem? Por que discutiu com aqueles vândalos? Você sabe que é perigoso, filha...

S/n: calma, eu tô bem, mãe... — sorri levemente — eles te chamaram de nojenta e chamaram o papai de ladrão...

L: minha filha, você não pode se colocar em risco pra defender a gente... — beija a testa dela — aquele pessoal não tem limites...

S/n: eu sei pai, eu sei, mas quando eles falaram de vocês eu não consegui me controlar... — suspira — eu não consegui ficar parada ouvindo aqueles idiotas xingarem as pessoas que eu amo, não parecia certo pra mim...

Seco suas lágrimas com a ponta dos dedos e sorrio levemente, olhando nos seus olhos.

J: apesar do perigo, você foi muito corajosa — deito sua cabeça em meu ombro — eu fiquei preocupada com você, nunca mais faça isso de novo...

S/n: nunca mais, eu prometo — sorri levemente —

(...)

S/n teve alta e nós voltamos pra casa. Por questões de segurança, meu marido achou melhor ela ficar em casa até as coisas se acalmarem. Enquanto ele se reunia com os ministros, eu dediquei meu tempo a nossa filha, que ainda estava assustada com tudo que aconteceu.

J: você tá muito quietinha, quer conversar? Sabe que não precisa esconder nada de mim — coloco os meus óculos e sento ao seu lado —

S/n: um dos vândalos que invadiu o seu gabinete era o meu pai biológico...

J: meu amor...

S/n: naquela hora, eu fiquei com medo do que ele poderia fazer...

J: ele, assim como todos os outros, vai ser punido. Ninguém mais vai te machucar... — deito sua cabeça em meu peito —

S/n: as vezes eu acho que não mereço tudo que você e o Lula fazem por mim... — olha nos meus olhos — vocês me adotaram e me tratam como se eu realmente fosse filha de vocês...

J: e você é, pequena — sorrio — o sangue não importa, o que importa é o que sentimos. Eu te amo como se você fosse minha filha, mesmo que não tenha saído de mim...

S/n: eu nunca tinha ouvido palavras tão bonitas...

J: é melhor ir se acostumando — rio levemente —

S/n: eu te amo, mãe...

meu coração acelera e meu mundo parou. Eu nunca tive filhos, então é a primeira vez ouço essas palavras. Eu ainda nem me acostumei a ser chamada de mãe, imagina ouvir minha filha dizendo que me ama? As lágrimas tomam conta do meu rosto, parece que eu vou explodir de tanta emoção.

adotada pela primeira dama ● Janja and youOnde histórias criam vida. Descubra agora