Capítulo 11

571 68 18
                                    

(esse capítulo é uma lembrança da Janja, é importante ler pra entender o próximo capítulo)

●São Paulo, 4 anos atrás●

Janja

já faz uma semana que perdemos o Arthur e, apesar de abalada, eu tento me manter firme, dando apoio a família Lula, da qual em breve farei parte. Está um dia chuvoso em São Paulo e todos estavam juntos na sala enquanto eu observava afastada. Eles estavam conversando sobre algum assunto sério quando Luís Cláudio se aproxima de mim.

Lu: o que você ainda faz aqui?

J: na última visita, seu pai me disse que queria que eu estivesse presente nas reuniões de família ― passa a mão no cabelo nervosamente ― eu prometo não me meter em nada

Lu: ah claro, tinha que ser coisa do senhor Lula ― tira as mãos dos bolsos ―

J: se você preferir eu posso ir embora, sem problemas...

Lu: eu quero, quero que vá embora dessa casa e das nossas vidas ― olha nos olhos dela ― desde que você apareceu, tudo começou a dar errado. Você destrói tudo que toca, Rosângela!

J: de-desculpa, eu...eu... ― pega sua bolsa ― eu vou embora...

com a cabeça baixa, caminhei até a porta e saí sem me despedir de ninguém. Ouvi a Lurian me chamar, mas sequer olhei pra trás, apenas segurei as lágrimas, peguei meu carro e fui pra casa.

(...)

as lágrimas embaçam meus olhos, tornando difícil a tarefa de abrir a porta. Adentrei meu apartamento como um raio, jogando a bolsa no sofá e correndo pro quarto. Já sentada na cama, me permiti chorar as lágrimas que tanto segurei.

"você destrói tudo que toca, Rosângela"

Aquelas palavras ecoam em looping na minha cabeça, me atingindo como lâminas e fazendo cortes profundos no meu coração. Aonde quer que eu vá, uma onda de destruição acontece, é incrível como eu consigo acabar com tudo a minha volta. Abaixo a cabeça e encaro o anel de compromisso em minha mão. É impossível continuar amando Lula, o universo parece conspirar contra o nosso relacionamento e sinto que se eu questionar isso de novo, vou levar um tapa na cara.

Perdida em meio às minhas angústias, sinto algo quente na minha mão e ao erguer os olhos, vejo a Paris me lambendo. Sorrindo leve, acariciei sua cabecinha peluda.

J: olá, Paris... ― coço sua orelha ― tava com saudade de mim?

Pa: ― me olha ―

J: não posso brincar com você agora, tá?

Pa: ― senta ―

J: que foi? Eu só tô meio triste, só isso...

Pa: ― põe a pata sobre a minha mão ―

J: você me entende tão bem...



adotada pela primeira dama ● Janja and youOnde histórias criam vida. Descubra agora