1 - Está com você.

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Pessoal os três primeiros capítulos vai ser para entender sobre o que vai acontecer na história. Então não estranhem os nomes nesses primeiros capítulos.

E a Lara será a Simone, no capítulo 4 vocês iram entender o pq dela se chamar Lara agora no começo.

Boa leitura estrelinhas, espero que gostem. ♥️

- Lara, venha logo. - A mãe chamou.

Rapidamente a menina, que estava brincando com seu ursinho, apareceu na sala.

Susan olhou para a filha e sorriu. Lara vestia sua roupa preferida, uma fantasia de fada, e segurava alegremente a varinha em sua mão. A menina não conseguia se desfazer daquela roupa, e sempre que a mãe a proibia de usar, Lara fazia um show.

Ela dizia que a roupa era mágica, e que com ela tinha poderes especiais. A mãe achava graça, sabia que um dia, Lara descobriria que não passava de uma fantasia e talvez se decepcionasse por isso, mas ainda assim, Susan deixou a filha sonhar :

- Venha cá, minha fadinha. - Chamou, vendo a menina pular em seu colo.

- Olha mamãe. - Lara abriu a boca, para amostrar sua janelinha, recém adquirida - Deixei para a fada do dente.

Susan alisou o cabelo da filha, enquanto a ouvia tagarelar sobre algo que seu amigo imaginário, havia dito.

Lara era tudo o que ela tinha, era seu bem mais precioso e ela sentia pela filha, não gostaria de ver a filha perder aquele ar de criança, aquela felicidade. O mundo real era tão cruel, que preferia ver a filha perdida em seu mundo imaginário:

- Ouviu mamãe? - A menina beslicou seu braço, tentando chamar sua atenção. - O Teddy falou com você.

Susan olhou para o pequeno e surrado ursinho de pelúcia, que Lara tinha ganhado do pai antes dele morrer. A menina era tão apegada ao urso, que não o soltava nem para dormir, tudo o que fazia, Teddy fazia também. Era assim na escola, em casa, na hora do almoço e do banho, foi um jeito que a menina encontrou, de ficar perto do pai:

- E o que o Teddy falou? - Perguntou cansada.

Ela tinha passado a noite em claro, estava preocupada, não só com ela, mas com a filha também. Susan sabia no que estava se metendo, quando deu início aos trabalhos de seu falecido marido, ela sabia dos riscos que corria e depois que recebeu a primeira ameaça, viu que aquela gente era ainda mais perigosa do que ela imaginou.

Agora, Susan vivia em alerta. Abandonou o emprego, e mal levava Lara para a escola, tinha medo de que tentassem algo contra a garota. Elas viviam dentro de casa, do jeito que dava. A princípio, Susan achou que Lara estranharia, mas se surpreendeu com a menina.

Na noite em que se mudaram, Lara falou algo, que deixou Susan preocupada :

- Vamos embora por causa dos homens maus. - A menina falou com o urso, achando que estava sozinha - Eles ficam nos olhando dormir, e nunca falam nada.

Susan se assustou, não sabia que os homens rondavam a casa, e muito menos que vigiavam a menina.

Lara não falou mais nada parecido, desde que haviam chegado na nova casa. Talvez fosse um sinal de que eles não a seguiram, de que as deixariam em paz... Foi isso que Susan pensou.

- Tedy e eu, fizemos um desenho - Lara saltou do colo da mãe, despertando Susan de seus pesadelos - Quer ver?

- Claro meu amor.

Viu Lara correr alegremente até seu quarto, e sorriu, não sabendo ela que aquele seria seu último sorriso.

Um barulho alto, fez Susan pular de sua poltrona e correr até a porta, mas já era tarde demais. Dois homens altos estavam dentro de sua casa, com armas apontadas para sua cabeça e atrás deles, um sorriso chamou a atenção dela:

- Não. - Foi tudo o que conseguiu dizer.

Susan tentou correr para o quarto, tinha que proteger Lara, não podia deixar que eles vissem a menina, mas foi impedida pelas mãos que agarraram seu cabelo e a jogaram contra a parede.

A dor aguda em suas costas, não chegava perto da dor em seu coração. Susan torcia para que Lara não saísse do quarto, mesmo sabendo que ela ouviria o barulho:

A senhora foi avisada. - A voz conhecida soou, causando arrepios em Susan.

Ele estava ali, na frente dela, sorrindo vitorioso. As mãos cobertas por luvas, mostravam o cuidado que ele tinha para não ser descoberto:

- Por favor. - Sussurrou - Não...

Um tapa forte em seu rosto a impediu de terminar a frase. Ela não ia pedir por sua vida, mas pela vida da filha, que era uma criança sonhadora que não fazia idéia do que estava acontecendo.

As lágrimas começaram a rolar por seu rosto, lágrimas de uma dor bem maior que a física. Susan sabia que a morte estava perto, sentia seu cheiro no hálito daquele canalha, e queria ter sido mais forte. Queria levantar do chão e ao menos lutar pela filha, não foi o que aconteceu.

Os primeiros golpes vieram, e ela segurou a vontade de gritar, pois sabia que isso chamaria a atenção da menina.

A dor aguda em suas costas, não chegava perto da dor em seu coração. Susan torcia para que Lara não saísse do quarto, mesmo sabendo que ela ouviria o barulho:

Depois da sessão de espancamento, o manda chuva pegou a pistola, e sem dó alguma, atirou em Susan.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove.

Nove disparos, foi o que Lara ouviu, enquanto chorava agarrada ao travesseiro.

Ela ouviu quando os homens invadiram a casa, e teria ido até lá ajudar a mãe, se não fosse por Teddy. Ele a aconselhou a ficar, a convenceu de que era mais seguro, dizendo que a mãe ficaria muito brava se ela saísse do quarto. Lara acatou suas ordens e ficou.

Chorou pelas dores da mãe, se encolheu ao ouvir o barulho de ossos se partindo, chorou ainda mais com os barulhos dos tiros, pois sabia que aquele era o fim.

Lara estava assustada, com os olhos vermelhos e inchados e o corpo imóvel. O medo era tanto, que sequer se moveu quando viu a porta de seu quarto sendo aberta. Teddy gritava para ela correr, mas Lara continuou imóvel, olhando nos olhos daquele homem.

Os olhos castanhos. O cabelo escuro. O sorriso cruel. A camisa respingada com o sangue da mãe.

Ele era o monstro que andava assombrando seus sonhos, o mesmo que levou o pai e a mãe dela para longe. O mesmo que a deixou sozinha no escuro, sem ninguém.

Lara se lembrou de algo que a mãe costumava dizer:

"Ódio e rancor, assim como vingança, são sentimentos feios, que não cabem no coração de uma princesa. São sentimentos destinados as bruxas"

-Eu vou pegar você. - Lara falou, exatamente como Teddy a orientou.

O homem riu, enquanto dispensava seus capangas:

- Eu ia matá-la. - Disse, arrancando a cabeça de uma das bonecas da menina - Porém, vou te deixar viva, pestinha.

Ele jogou a boneca no chão e virou as costas, parando na batente da porta de seu quarto:

- Vou esperá-la. - Falou rindo - Tomando champanhe, na minha cobertura. - Debochou.

- Vai ser divertido. Por enquanto, está com você. - Disse, fazendo referência a brincadeira de pega-pega, que as crianças adoravam.

Lara o observou ir embora, com a frieza que não era dela. O olhar de criança sonhadora, e aquele sorriso meigo, desapareceram quando ouviu a nova instrução de Teddy:

- Agora eu sou a bruxa. - Repetiu, arrancando a roupa de fada.

REVENGE - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora