40 - Casando.

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Simone se olhou no espelho pela milésima vez seguida, e pela milésima vez, ficou sem ar. Ela não havia encontrado palavras que pudessem descrevê-la no momento.

O vestido branco lhe caiu perfeitamente bem, realçou suas curvas e seus olhos. A maquiagem estava perfeita, os olhos marcados e a boca num tom mude. O cabelo estava preso num coque no alto da cabeça, com algum cachos soltos. Ela usava brincos e uma gargantilha de rubi, presente de Soraya. Mas não era todo o luxo que a deixava perfeita, Simone estava radiante.

A alegria estava estampada em seu rosto, formando uma aura ao redor de seu corpo, era impossível não olhá-la e sorrir.

- Você está perfeita. - Simone se virou para a mãe e sorriu. Fairte sorriu de volta e se jogou nos braços da filha.

- Mãe, cuidado! - Ela repreendeu num tom brincalhão. - Vai amassar o vestido.

- Perdoe. - Fairte se afastou um pouco, segurando as mãos de Simone. - Eu estou tão feliz. - Não era só ela que estava feliz, todos estavam.

Lula tinha feito as pazes com Janja, e eles estavam felizes juntos. A arma do assassinato de Eduardo tinha sumido "misteriosamente", Simone sabia que tinha dedo da Soraya nisso, mas ela negava até a morte. Sem a arma as investigações não andaram e a polícia acabou concluindo que foi um acerto de contas, já que Eduardo devia meio mundo.

Tudo estava correndo perfeitamente bem, muito melhor do que ela pensava.

- Seu pai estaria tão orgulhoso se pudesse te ver - Disse triste. - Ele sempre apoiou você e Soraya.

Simone abriu um sorriso tímido ao lembrar do pai. Ele gostaria de vê-la ali, prestes a se casar e construir uma família. Ela quis chorar, mas respirou fundo e engoliu o choro. Não podia borrar a maquiagem e Ramez também não gostaria de vê-la triste.

- Eu sei que ele pode nos ver agora. - Comentou, segurando o rosto da mãe. - Ele está orgulhoso de nós mãe, eu sei que está.

Fairte suspirou, ia falar algo mas desistiu. Não queria estragar aquele momento, não quando a filha estava tão linda e feliz.

- Eu vou avisar a Soraya que está viva. - Ela comentou sorrindo. - Ela está quase matando alguém.

Assim que Fairte saiu, ela voltou para o espelho. O vazio de seu peito estava lá. Tinha vezes que ela mal o notava, e nesses dias ela era feliz. Mas tinha dias que ela nem queria sair da cama, quando acontecia era Soraya quem aparecia pra animá-la. Ela tinha se tornado algo mais do uma amante, ela fazia parte dela e era uma coisa linda de se ver.

- Eu posso?

Ela se virou toda sorridente, desfazendo o sorriso em seguida, assim que viu quem estava lá.

Janja.

Simone não tinha encontrado Janja depois daquela noite, a menina simplesmente desapareceu como um truque de mágica. A princípio, Simone achou que fosse por raiva ou medo, mas depois parou de se preocupar. Mal sabia ela que tinha dedo de Soraya nisso também.

- Se Soraya souber que estou aqui, ela me mata. - Ela comentou olhando ao redor. - Mas eu não podia perder essa chance.

Simone encarou os olhos de Janja e sentiu um remorso imenso pela menina. Eduardo tinha matado Morgana e Simone matou Eduardo, logo, Janja não tinha mais ninguém... Era triste.

- Sabe, era pra ser eu nesse vestido, era pra eu ir encontrar Soraya no altar e dizer sim.

- Janja... - Simone se adiantou, não gostando nenhum pouco do rumo que as coisas tomavam.

- Deixa eu falar. - A menina pediu. - Você apareceu pra destruir minha vida e conseguiu. Meus pais estão mortos e você está prestes a se casar com minha ex. Mas eu não vim te acusar.

- Não? - Perguntou com a sobrancelha erguida.

- Eu vim agradecer, teria feito antes se sua noiva não fosse uma canibal. - Comentou, deixando Simone confusa. - Você salvou minha vida, Lula me contou da promessa que fez e tudo o que meu pai... - Ela parou e respirou fundo. - Enfim, você fez o que julgou ser o certo e eu agradeço por ter salvado minha vida e por me dar a chance de conhecer Lula. Graças a você, eu conheci o homem da minha vida. O pai do meu filho.

Simone levou as mãos aos lábios, sem conseguir assimilar direito tudo o que ouvia. Janja estava agradecendo? Soraya era uma canibal? Grávida?

- Você..?

- Sim. - Ela sorriu. - Quero que você seja a madrinha, junto com Soraya.

O queixo de Simone foi ao chão, ela não podia acreditar no que estava ouvindo.

- Eu, madrinha? Tem certeza?

Janja revirou os olhos antes de confirmar.

- Eu não tenho muitos amigos e Lula te considera muito. Então... - Deu de ombros. - Você aceita?

Os olhos de Janja brilhavam de alegria e apreensão, Simone se perguntou o que Lula havia feito para obrigá-la a ir até ali e sorriu imaginando as possíveis respostas.

- Diz a ele que eu aceitei. - Ela piscou para Janja, que sorriu aliviada.

Janja se despediu e já estava na porta quando mudou de idéia e se virou para Simone.

- Posso te dar um abraço?

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Soraya andava de uma lado para o outro no altar, Simone parecia nunca ficar pronta. A pequena igreja estava lotada, o padre já estava lá, assim como todos os padrinhos. Soraya tinha perdido os pais em um acidente de carro quando era adolescente, mas os tios estavam presentes no altar.

- Menina, se acalme. - Fairte se aproximou. - Ela está vindo.

Soraya parou e olhou para sogra de maneira incisiva.

- Ela é sua filha, você poderia muito bem acoberta-la em uma fuga.

Fairte riu e se afastou balançando a cabeça.

Ela sabia que estava fazendo tempestade em copo d'água, mas tinha lutado para chegar até ali e Simone estava tão sensível e abalada, que ela já não tinha certeza de nada.

Ela olhou novamente para a porta e voltou a andar de um lado para o outro, sentia que teria um colapso a qualquer momento.

Seus olhos se cruzaram com os de Janja e ergueu uma sobrancelha de uma maneira intrigada. Janja balançou um lenço branco num pedido de paz e sorriu timidamente.

Soraya teria ido até ela para tirar satisfações, talvez até esfola-la na frente de todos, mas a marcha nupcial começou a tocar e então seu olhar foi atraído para a porta e ela abriu o maior sorriso do mundo.

Seus olhos brilharam ao vê-la entrar, ela simplesmente estava deslumbrante e não era só ela que achava. Todos os convidados a admiravam, o que não deixou Soraya muito satisfeita. Ela sentiu vontade de puxá-la e
escondé-la, de modo que só ela pudesse admirá-la, mas não o fez. Seria egoísmo demais privar uma beleza como aquela. Ela preferiu exibi-la, só pra poder bater no peito e dizer que aquela era sua mulher.

- Fecha a boca. - Fairte debochou baixinho, ganhando um olhar feio dela.

Simone parecia caminhar em câmera lenta. Ela escolheu entrar sozinha na igreja, mesmo com a insistência dos familiares. Foi um jeito que encontrou de dizer ao pai, que ninguém nunca ocuparia seu lugar.

Soraya estendeu a mão para ela, que sorriu ao aceitar e... Putz... Ela parecia brilhar aos olhos da loira.

- Você está incrível. - Ela sussurrou em seu ouvido. - Valeu os três dias de espera.

Ela lhe deu uma cotovelada discreta e sorriu sapeca. Soraya se perdeu naquela cena, e teve certeza de que não precisaria de mais nada na vida, se tivesse aquele sorriso todos os dias.

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