6 - O esperado reencontro.

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A chegada de Simone, animou ainda mais a festa de premiação. Todos queriam saber quem era a mulher de vermelho, que chamou atenção assim que pisou no salão principal.

Era a única jovem desacompanhada, a única de vermelho, a única que não se importou com os olhares que recebeu.

Simone sentiu vontade de rir daquelas pessoas, eram pessoas transparentes, que não conseguiam esconder o que passava por suas cabeças, só de olhar, Simone podia advinhar o que pensavam.

"Não estou aqui para isso."

Pensou, se dirigindo até a mesa que foi designado a sua família.

Ao decorrer da premiação, Simone foi se sentindo exposta, estava sozinha na mesa e todos a fitavam curiosos. Naquele momento desejou ter a companhia do pai, ele pegaria na mão dela e diria que tudo daria certo, ela sorriu ao se lembrar do pai, ligaria para ele assim que chegasse em casa.

O momento emotivo de Simone não durou muito, seu sorriso se desfez ao se deparar com o rosto sorridente e familiar de Eduardo Gonçalves.

Ele estava exatamente como ela se lembrava, os olhos castanhos exalavam maldade, o sorriso debochado também marcava presença.

Eduardo usava um terno preto e estava acompanhado da mulher e da filha. Simone sentiu vontade de pular no pescoço dele, bem ali na frente de todos, mas se conteve.

Ele não merecia uma morte rápida e indolor. Não.

Simone daria a ele uma morte lenta e dolorosa, queria ouvi-lo gritar como Susan gritou, o queria implorando pela vida, como Susan fez. Ele iria sofrer o dobro do que Susan sofreu

Simone respirou fundo, na tentativa de organizar as coisas em sua cabeça, e caminhou até onde a família Gonçalves estava.

Mariah Gonçalves, mulher de Eduardo estava muito bonita.

Ela vestia um longo bege, que lhe caiu muito bem.

Os cabelos loiros estavam contidos em um coque no alto da cabeça, e ela carregava um olhar de superioridade, como se ninguém ali merecesse de fato sua atenção.

Janja Gonçalves, a filha de Eduardo, estava um pouco mais ousada. Vestia um vestido preto, com uma fenda um pouco mais discreta que a de Simone, os cabelos longos e pretos diferente dos da mãe, estavam presos ao lado da cabeça. Janja tinha os mesmos olhos do pai, olhos que Simone sentiu vontade de arrancar, mas não ia fazer nada contra ela.

- Doutor Eduardo Gonçalves?

Eduardo desviou a atenção de seus colegas de trabalho, e se virou na direção da voz desconhecida. Teve uma imensa surpresa ao ver a bela mulher que estava em sua frente:

- Já nos conhecemos? - Perguntou, mesmo já sabendo a resposta.

Ele não seria capaz de esquecer uma mulher como Simone, ela era inesquecível, foi o que ele pensou.

- Não exatamente. - Ela respondeu, mostrando um belo sorriso. - Sou uma grande admiradora do seu trabalho.

Ele sorriu. Estava com o ego inflado, não era sempre que recebia um elogio de uma mulher tão bela. Mesmo estando ao lado da esposa, Eduardo não escondia a admiração pela jovem, muito menos os olhares que lançava a ela. Mariah não se incomodou, conhecia bem o marido e já estava acostumada a dividir a atenção sempre que outra mulher se aproximava.

- Olha, temos uma colega advogada entre nós?

A pergunta não escondeu as verdadeiras intenções de Eduardo.

- Infelizmente não. Ela sorriu novamente, só para ver o olhar babão de Eduardo. - Sou engenheira.

- Pai. - Janja chamou. Ela já estava se sentindo incomodada, pois o pai não tirava os olhos daquela estranha, parecia não notar que estava ao lado da família. - Vamos para nossa mesa?

- Claro minha princesa. - Respondeu carinhosamente. - Qual é mesmo o seu nome?

- Simone. - Ela estendeu a mão para ele.
- Simone Tebet.

Eduardo deu um leve aperto em sua mão, lhe direcionou um olhar significativo e se encaminhou para sua mesa.

Deixando Simone ali, atónita e perdida em seus pensamentos. Ela quis gritar, ao ouvi-lo chamar a filha de princesa, se lembrou de Susan e das histórias que contava, onde Lara era a princesa que vivia feliz para sempre no final.

A sua realidade estava longe disso, Lara já não era Lara e muito menos princesa, ela não era mais uma menina doce e gentil, não viveria feliz para sempre no final e não se casaria com o príncipe encantado. Não tinha mais espaço para contos de fadas na vida de Simone.

Ela continuou em pé, no mesmo lugar, observando a mesa da família Gonçalves. Eles poderiam se passar por uma família unida e feliz, qualquer um ali via isso, mas só Simone sabia a verdade.

A mulher adúltera, que traía o marido milionário, com o motorista da família.

A filha, a princesinha da casa, fugia para uma comunidade para se entupir de drogas, enquanto os pais achavam que ela estava na faculdade. Eduardo já tinha a vida destruída, pensou, mas ela queria mais, muito mais.

Simone não conseguiu desfazer o nó que subia por sua garganta, não conseguiu segurar o ódio dentro dela.

Ela queria gritar, chorar e bater o pé, como uma criança de cinco anos. Ela queria não ter que sentir todo aquele ódio dentro de si, queria estar feliz como todos os presentes estavam.

Mas não conseguia, não dava para esquecer tudo e seguir a vida. Não, quando seus pais biológicos estavam mortos e Eduardo vivo. Não, quando Janja cresceu na companhia dos pais, enquanto ela viveu com estranhos.

Simone amava seus pais adotivos, mas mesmo eles sendo os melhores pais do mundo, não eram os pais dela. E tudo foi por culpa de Eduardo.

Quando estava voltando para sua mesa, Simone acabou trombando com um rapaz, que derramou bebida em seu vestido.

E aquela foi a gota d'água. A cereja do bolo. A faisca que faltava para fazê-la explodir em um choro compulsivo.

Simone correu até o toalete, não queria que ninguém a visse chorar, ela não queria chorar, mas já não tinha controle sobre suas emoções.

A volta ao Brasil, o encontro com Eduardo as lembranças da mãe... Foi demais para ela.

Simone achou que estava preparada, achou que podia lidar com aquilo tudo, estava enganada.

- Não seja fraca. - Disse com a voz firme.

Olhar seu reflexo no espelho, fez Simone acordar para o mundo real e sair do mundo da fantasia. A maquiagem borrou seu rosto, a deixando com uma aparência assustadora, era como ela se sentia por dentro, uma pessoa horrível.

Não era a hora de se questionar, nem demostrar fraqueza. O primeiro passo havia sido dado, logo Eduardo estaria comendo em sua mão. Foi isso que a incentivou a retocar a maquiagem, e voltar para a festa.

Era a hora de matar todos os sentimentos bons que tinha, e deixar o ódio tomar o controle.

Era a hora da festa!

REVENGE - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora