33 - Me ajuda, ele vai nos matar.

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Janja estava em seu quarto, quando ouviu o porta bater em um estrondo alto. Seu pai havia voltado e pelos gritos que vinham da sala, ele não estava nada feliz.

- Eduardo, por favor. - Morgana se pôs na frente do marido. - Ela não fez por mal.

- Sai da minha frente. - Disse entredentes. - Vou ensiná-la a não me desobedecer.

Eduardo estava realmente irritado e disposto a dar uma lição na filha. O que deixava Morgana mais aflita, era o fato de que Eduardo nunca havia levantado a mão para a filha, mas ele estava fora de si e ela conhecia bem aquele olhar, já tinha sentido na pele o que Eduardo era capaz, não queria que a filha sentisse o mesmo.

- Que gritaria é essa? - Janja apareceu no corredor, deixando Eduardo ainda mais nervoso. Ele empurrou Morgana para longe, e em dois passos, alcançou Janja. Ao contrário do esperado, a menina não tinha o olhar assustado da mãe, pelo contrário, havia um brilho diferente neles, o que para Eduardo foi como uma ofensa.

- Ligou para a polícia. - Ele acusou. - Preveniu aquela vadia. Qual é o seu problema?

Morgana ainda estava no chão, e encarava a cena com o coração apertado. Janja era uma menina destemida e até um tanto arrogante, mas ela não teria chances contra a fúria de Eduardo.

- Devia me agradecer. - Ela respondeu. - Eu te livrei de cometer a maior burrada da sua vida.

- Eu só quero o que é meu.

- Não pai, você quer matar aquela mulher. - Disse, enfurecendo ainda mais o pai. - Eu não quero um pai assassino, só quis...

Antes que ela terminasse a frase, Eduardo lhe acertou um forte tapa no rosto. Janja cambaleou com a força do tapa, mas logo conseguiu se equilibrar. Ela não estava surpresa, já que não era o primeiro tapa que recebia do pai, mas havia sido o mais forte.

- Eu sou o seu pai. - Falou, puxando a menina pelos cabelos. - E você tem que me obedecer.

Em momento algum Janja reclamou, ou se queixou da agressão do pai. Na verdade, ela já esperava por algo parecido. Fazia tempo que Eduardo estava diferente, agressivo, ela notou a mudança em seu comportamento e sabia que o ato de alertar Simone, lhe traria consequências.

Eduardo sacudiu a filha e a jogou contra a parede. Ela sentiu as costas bater contra a parede, e a dor não demorou a aparecer.

Morgana se levantou e entrou na frente de Eduardo, tentando dar fim aquela barbaridade.

- Para com isso! - Gritou. - Ela é sua filha.

Eduardo deu um soco na mulher, fazendo ela gemer de dor.

- Será que é? - Disse, raivoso. - Você já fodeu com metade da cidade, como vou saber que ela é minha?

Morgana estava pronta para responder, mas foi interrompida por um novo soco, dessa vez na altura do seu nariz.

- Estou cercado de vadias. - Ele gritou, sem parar com os socos. - E vou acabar com todas vocês.

O rosto de Morgana sangrava e ela logo caiu no chão. A aparência da esposa, não foi suficiente para deter Eduardo, pois ele continuou a desferir pontapés para cima dela.

Os golpes eram fortes, e Morgana sentia o corpo protestar em dor, mas não reclamou. Ela suportou a dor, a surra que recebia, tudo para que Eduardo não desviasse a atenção para Janja, pois se estava difícil para ela, seria ainda pior para a filha.

- Para! - Janja pediu, chorando. - Vai matar a mamãe,

- Para!

Eduardo olhou para ela e sorriu, satisfeito em ver o medo no olhar da menina. Fazia tempo que ele não se sentia tão enfurecido, a última vez que havia se libertado daquela maneira, foi na noite em que matou Susan. Desde então, o ódio estava acumulado nele e aquele era um ótimo momento para libertá-lo.

- Fica quietinha. - Ordenou. - Sua hora vai chegar.

Janja se encolheu no canto, enquanto chorava e gritava vendo o pai agredir a mãe, sem poder fazer nada.

Eduardo não se dava por satisfeito, queria mais e mais, porém foi obrigado a parar quando viu Janja abrir a porta e correr pelo corredor.

Ele foi atrás dela e não demorou para alcançá-la.

Eduardo agarrou os cabelos da filha e a arrastou de volta para o apartamento, se lembrando de trancar a porta dessa vez.

Ele jogou a menina contra a mesa da centro, fazendo o móvel se quebrar sob o peso dela.

- Por favor, pai. - Implorou. - Não faz isso.

Eduardo riu e pós o pé sobre o corpo da filha, empurrando-a contra os cacos da mesa e sorrindo com os gemidos de dor.

- Dói né? - Debochou. - Essa dor era dela, era pra ela estar no seu lugar. Mas você a salvou chamando a polícia.

Ele puxou Janja, dessa vez pelos braços, a colocando de pé. Suas mãos agarraram com força o queixo dela, mantendo seu rosto imóvel.

- Está vendo isso? - Ele virou o rosto dela na direção da mãe. - A culpa disso, é toda sua. Você quis salvá-la.

De uma hora para a outra, Janja foi tomada por uma raiva imensa. Raiva do destino que colocou Simone em suas vidas, raiva de Soraya por ter chamado a polícia, de si mesma por ter avisado. E principalmente, raiva do pai por ser um monstro sem coração.

Tomada por essa onda de ódio, Janja encontrou forças para empurrar o pai, que foi pego de surpresa, e correr para o quarto. Ela aproveitou a confusão de Eduardo, já que ele não esperava ser enfrentado, e se trancou no quarto.

Logo aquilo passaria, e Eduardo ficaria duas vezes mais irritado. Ela precisava arrumar um jeito de pedir ajuda.

- Socorro! - Gritou pela janela. - Alguém ajuda.

As pessoas que passavam pela rua, olhavam para ela com um olhar esquisito e seguiam seus caminhos, como se ninguém a levasse a sério.

Não demorou para Eduardo se recuperar da surpresa, e começar a socar a porta.

- É melhor você abrir essa porta. - Ele ameaçou. - Ou juro que te mato.

Antes de entrar em desespero, Janja enxergou o telefone em cima da cama e não pensou duas vezes antes de pedir ajuda.

Ligar para a polícia parecia ser a coisa mais inteligente a se fazer, mas ela estava nervosa e com as mãos trêmulas. Eduardo tentava arrombar a porta, ela não teria tempo de explicar tudo a polícia, então ela ligou para o primeiro número em sua lista de chamadas.

- Por favor, me ajuda. - Implorou assim que a chamada foi atendida. - Ele vai nos matar.

- Calma, explica o que está acontecendo. - A voz pediu do outro lado.

- Meu pai...

Nesse momento, a porta se abriu com certa violência e Eduardo entrou no quarto trazendo sua arma na mão.

- Acabou a brincadeira. - Falou, se aproximando dela.

- Me ajuda, ele vai nos matar. - Disse antes de ser arrastada para fora do quarto.

- Janja? - A voz chamou. - Janja, o que está acontecendo? Janja, me responde.

Mas nada podia ser ouvido, a não ser os gritos vindo da sala.

REVENGE - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora