36 - Corre, Eduardo!

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Quando acordou, Eduardo estava sozinho no que parecia ser um terreno baldio. Sua blusa estava molhada pelo sangue, e ele sentiu uma leve fisgada ao se levantar.

- Vadia. - Rosnou, ao levar a mãos até sua barriga. O corte que Simone fez não havia sido tão fundo, mas foi o suficiente para desacorda-lo por um tempo e deixar uma dor incomoda.

Com muito esforço, Eduardo andou pelo terreno, buscando encontrar alguém.

- Apareça covarde - . Ele gritou, não obtendo resposta. - Aonde você está?

Ele esperou por um tempo, olhou em volta esperando por um ataque surpresa... Mas nada.

- Simone, sua vadia! - Gritou novamente. - Está se escondendo? - Ele parou de gritar quando ouviu o barulho dos saltos atrás de si, ele se virou e encontrou Simone.

Ele franziu o cenho ao notar que ela usava uma fantasia, um tanto erótica, mas uma fantasia.

A calça jeans e blusa laranja de antes, foram substituídas por um vestidinho rodado rosa e um chapéu da mesma cor... Ela estava fantasiada de... Fada?

- Pra que tanto escândalo? - Perguntou com a voz tranquila. - Não precisa gritar.

Mesmo não sendo a intenção, Simone estava muito provocante com aquela roupa, e ela sabia disso. O vestido era justo e modelava seu corpo cheio de curvas, parando na metade de suas coxas. O cabelo estava solto sob o chapéu que tinha uma estrela na ponta, e o tradicional batom vermelho, foi trocado por um brilho labial. Sim, ela estava encantadoramente linda e perigosamente irresistível.

- Não sei o que está tentando fazer. - Falou, vacilando com os olhos. - Mas não vai me seduzir.

Ela sorriu de lado e revirou os olhos.

- Vamos deixar algo bem claro, ok? - Falou calmamente. - Eu tenho nojo de você, sempre tive. Então, esquece a sedução.

Por mais que tentasse, Eduardo não conseguia entender o jogo de Simone. A principio, ele achou que ela quisesse ficar com ele, e como ele não se separou, ela se revoltou e tirou tudo dele. Depois ele pensou que pudesse ser vingança por causa de Ramez, mas o cassino veio muito antes. Ele pensava, tentava encontrar uma resposta, e voltava a estaca zero. Ele não via razão para Simone odiá-lo tanto.

- Posso sentir o cheiro dos seus neurônios queimando. - Zombou. - Quer saber o porque, não é?

- Eu não consigo entender. - Falou, jogando as mãos para o ar. - Estávamos nos dando bem, até você roubar o...

- Não, não, não - Ela o cortou. - Não pode me culpar por tudo, eu não fiz nada.

Simone estava se divertindo com a confusão de Eduardo, brincar com ele satisfazia seu ego.

- O jogo, as promissórias... Tudo foi armado?

Ela se encostou em um muro e sorriu, enquanto checava as unhas.

- Olha, Eduardo, homens como você são manipuláveis, fáceis de encurralar. - Falou fazendo bico. - Um jogo, uma bebida, mulheres... Eu só apontei a direção, você seguiu.

- Como conseguiu as promissórias? - Ele estava ávido por respostas.

- O restaurante é meu. - Disse dando de ombros. - Devia checar os proprietários antes de fazer dívidas.

O ódio tomou conta de Eduardo e ele avançou contra ela, sendo parado ao ver o revólver prateado que ela ergueu em sua direção.

- Se controla, ou acabo com você. - Ela sorriu satisfeita ao vê-lo se afastar. - Não estraga o meu momento.

Estava claro que Simone estava fora de si, completamente descontrolada. Ela não sabia se isso era ruim ou bom, era a primeira vez que se sentia tão poderosa e não queria abrir mão disso.

- Por que? - Perguntou, jogando as mãos para o alto. - Não tem motivos.

- Tem certeza? - Perguntou se aproximando. - Olha bem pra mim, o que eu mais tenho, são motivos pra acabar com sua vida.

Eduardo focou no rosto de Simone, e então algo se acendeu em sua mente.

Uma fantasia.

O ódio gratuito.

As palavras que navia dito no velório de Ramez e ao telefone, o jeito que ela o olhava. Sua vida começou a desandar, quando Simone surgiu... Ela era a responsável por tanta desgraça.

"Deve implorar a ela, Eduardo. Devia tê-la matado quando teve chance." - A voz de Henrique soou clara.

"Vai se arrepender de não ter me matando antes."

Simone tinha dito.

"Ah, e anota mais uma morte na sua conta."

Ele arregalou os olhos quando viu a ficha cair. Por um momento, ele preferiu não acreditar no que tinha concluído. Não podia ser... Não, zero chances.

As cenas daquela noite tomaram sua mente, sem ao menos pedir permissão, e o que ele mais temia estava se tornando realidade.

"Vou esperá-la. Tomando champanhe, na minha cobertura. Vai ser divertido. Por enquanto, está com você."

- Não... Não pode ser. - Ele gaguejou, arrancando um sorriso dela. - Você não...

- Eu avisei que ia pegá-lo, mas você não ouviu. - O desagrado estava em sua voz. - Sabe, você fez tudo certo. Escondeu o inquérito, evitou deixar digitais, plantou informações... Quase perfeito! O seu único erro, foi ter me deixado viva, parece que o jogo virou.

O olhar assustado, as mãos trêmulas e o suor escorrendo pelo rosto. Eram sinais de que Eduardo estava morrendo de medo. Ele nunca poderia imaginar, que aquela pirralha remelenta, se tornaria uma mulher perigosa.

- O urso. - Refletiu, se lembrando da pelúcia na casa dela. - Como não desconfiei?

- Você não quis enxergar, não quis admitir que falhou. - Ela jogou o cabelo. - Mas fica tranquilo, eu não vou errar.

Eduardo permanecia parado, em choque, observando o olhar maldoso dela. Simone exalava perigo, o brilho alucinado em seus olhos... Ela não iria parar.

- Então é isso? - Perguntou, soltando uma risada nervosa. - Me trouxe aqui pra me matar, e cumprir sua vingança infantil? Mas e depois, o que vai fazer com essa sua vidinha vazia?

Simone desfez o sorriso, pois ele havia atingido seu ponto fraco. A incerteza sobre o futuro. Ela não tinha pensado no dia seguinte, em como esconderia tudo da polícia ou pra onde iria... Só pensava em matar James. Soraya era sua melhor saída para ter um futuro, se...

- Está mesmo achando que ela vai sobreviver? - Falou, ao sentir a insegurança dela. - Tola. Me mate, e depois curta sua vidinha.

Ela atirou no braço dele, o obrigando a se calar.
Eduardo gritou de dor, mas se manteve de pé e com um sorriso no rosto.

- Essa foi pela Soraya. - Rosnou, mantendo a arma na direção dele.

- Andou ensaiando? - Debochou.

- Corre, Eduardo! - Falou, com a voz carregada de ironia e um sorrisinho maldoso nos lábios. - Porque agora está com você!

REVENGE - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora