35 - Que Deus te proteja.

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Simone estacionou o carro em frente ao prédio de Eduardo, sem se importar se estava sendo observada ou não. O revólver de Lula estava escondido em sua bota, assim como a faca que havia colocado na cintura.

Ela subiu os degraus com determinação, estava pronta para enfrentar Eduardo e mandá-lo para o inferno de uma vez por todas. Cada degrau que subia, fazia seu peito se apertar mais. Ela não queria admitir, mas estava morrendo de medo do que poderia encontrar lá dentro. Várias cenas passaram por sua cabeça e em todas, Soraya estava morta.

Simone respirou fundo, tentando se acalmar, não podia demostrar fraqueza naquele momento, Eduardo era como um cão e sentiria o medo de longe. Precisava ser forte se quisesse sair dali com vida.

Ela parou em frente a porta de Eduardo, fechou os olhos e contou até três antes de abri-la.

Soraya mal conseguia manter os olhos abertos, a dor tomava seu corpo e ela estava prestes a se render, quando sentiu a presença dela. O perfume de Simone foi o suficiente para fazê-la abrir os olhos, ela não sabia se ficava feliz em poder vê-la, ou se ficava triste por ela estar ali.

Janja estava segurando a cabeça de Soraya em seu colo, e tentava mantê-la acordada, ela evitou olhar para Simone, sentia pena por Soraya ter ido até ali, pois sabia do que o pai era capaz.

Eduardo ergueu uma sobrancelha ao notar que Simone estava desarmada, o que para ele, era uma puta surpresa. Ele não esperava que ela se entregasse daquela maneira, imaginava que teria um pouco mais de resistência, mas Simone se mostrou tola demais.

Simone podia sentir os olhares em suas costas, mas preferiu não pensar em Soraya ferida nos braços de Janja, ela precisava de foco. Por dentro, Simone estava acabada, ver Soraya naquele estado e não fazer nada, exigia muito do emocional dela. E por mais que aparentasse frieza, ela sangrava por dentro.

Ela suspirou, pela milésima vez, e olhou ao redor se surpreendendo com o estrago que Eduardo havia feito.

Morgana estava imóvel no chão, com o rosto coberto de sangue. Soraya já não conseguia lutar contra a dor, e mal se mexia. E Janja, apesar de ser a única que estava acordada, também estava machucada. Ele realmente era um monstro repugnante.

- Me queria aqui? - Ela sorriu de lado, engolindo o bolo de emoções que sentia. - Que tal deixá-los ir? Assim ficaremos só eu e você.

- Você destruiu a minha vida, vagabunda. - Rosnou. - Tirou tudo o que era meu, fez eu matar a minha esposa. Acha mesmo que eu ainda quero algo com você?

Simone mordeu o lábio para conter o riso, mas foi inevitável. Ela riu, uma risada cheia de humor e ironia, que deixou Eduardo confuso.

- Acha que quero me deitar com você? - Disse, ainda rindo. - Tolo.

O deboche de Simone, só serviu para deixar Eduardo ainda mais irritado. Ele se aproximou dela e a segurou pelo cabelo, deixando a arma em sua cabeça.

Ela podia sentir o ódio exalando dele, e mesmo com um revólver apontado para si, Simone não tirou o sorriso do rosto.

- Atira. - Ela provocou. - Vamos Eduardo, me mata. Puxa esse gatilho. - As mãos tremeram, era o que ele mais queria. Matá-la. Acabar com a prepotência dela, estourar aquele rostinho bonito. Mas ele não fez... Exitou, e esse foi seu erro.

Em um movimento rápido, Simone se livrou das mãos de Eduardo e puxou a faca de sua cintura, cravando-a no abdômen dele.

Primeiro veio a surpresa, depois a dor. Eduardo arregalou os olhos e levou a mão ao corte em sua barriga. Seus joelhos se dobraram e ele caiu sobre o sofá. Simone o puxou pelos cabelos, fazendo com que ele a encarasse, a expressão de dor em seu rosto a fez sorrir.

- Sabe qual o seu problema? - Perguntou, apertando o corte em sua barriga e arrancando um grito de dor dele. - Me subestimou demais, Eduardo.

Ela tirou o revólver das mãos dele, e se virou para Janja, que encarava as cenas com os olhos arregalados. A vontade de Simone, era de estourar os miolos dela só pela maneira que ela segurava Soraya. Era um sentimento infantil e egoísta, porém, inevitável.

- Acha que consegue tirar ela daqui? - Perguntou, abaixando a arma.

Janja negou com a cabeça e antes que Simone dissesse algo, Lula entrou exasperado pela porta. Ele tinha um pé de cabra nas mãos, o que arrancou um sorriso de Simone.

- Não diz nada. - Ele falou, olhando para Eduardo desacordado no sofá. - Ele está morto?

- Não, só ferido. - Deu de ombros. - Tire elas daqui.

Janja olhava para aqueles dois, tanta cumplicidade... Foi ai que a ficha caiu. Lula trabalhava para Simone, por isso mentiu para ela.

- Eu explico depois. - Ele se antecipou, retirando Soraya do colo dela. - Agora vamos.

Simone acariciou os cabelos de Soraya e depositou um beijo em seus lábios frios. Ela suava e seu rosto estava muito pálido, Simone não queria pensar no pior, não podia pensar no pior.

- Ela vai ficar bem. - Janja falou, pegando todos de surpresa. - Soso é forte e... Ela te ama.

Simone ficou sem reação, por um momento quis abraçar Janja e chorar em seus braços. Só por um momento. Ao invés disso, ela balançou a cabeça e se afastou deles.

- Leve-a para um hospital e me mantenha informada - Disse, reassumindo o tom frio.

Lula colocou Janja para fora e pegou Soraya no colo, antes de chegar na porta, ele se virou para Simone com um olhar preocupado.

- Mate-o enquanto ele está desacordado - Ele falou- Olha o estrago que ele causou.

Simone olhou ao redor e sorriu antes de responder.

- Eu tenho algo muito melhor em mente. - Seu olhar era distante e doentio.

- Simone, olha o que ele fez com Soraya. - Disse aflito. - Ele é esperto e perigoso.

- Só que eu ainda sou bem mais. - Respondeu seca. - Não vou acabar com isso rápido, tenho algo grande em mente.

- Simone, por favor...

- Cale-se! - Gritou. - Cuide da Soraya, eu cuido do resto.

Lula queria ficar e discutir, mas Soraya tremia em seus braços, e ele sabia que se a garota morresse em suas mãos, Simone o mataria também. Então ele virou as costas, e escutou quando a porta foi fechada atrás dele.

- Que Deus te proteja. - Sussurrou, antes de correr até o carro.

REVENGE - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora