30 - Não deve implorar a mim.

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- O senhor é Eduardo Gonçalves? - O homem perguntou. - Preciso que assine aqui.

Eduardo e a família haviam acabado de chegar do enterro de Ramez. Ele estava nervoso, não tirava os olhares de Simone da cabeça, sem falar na acusação que ela fez. Parecia que ela sabia de algo. Que aparentemente, ela não deveria saber.

Assim que chegaram, deram de cara com um homem de terno na estrada da casa.

Eduardo pegou o documento que o rapaz segurava, analisou por um tempo e precisou ler duas vezes, para ter certeza do que estava escrito ali.

- Que palhaçada é essa? - Perguntou indignado. - É algum tipo de deboche?

- Não senhor. - Disse, sério. - São documentos oficiais, e o senhor tem vinte e quatro horas para deixar a casa.

Eduardo trocou um olhar preocupado com sua mulher. Ele estava ciente de suas dívidas, do seu problema com o jogo, mas não tinha se lembrado de dar a casa como garantia.

- Do que este homem está falando, pai? - Janja já começava a entrar em desespero.

Eduardo ignorou o princípio de chilique da filha, e voltou a atenção aos documentos. Tinha que ter um jeito, uma maneira de não perder o teto de sua família, ele tinha que fazer alguma coisa.

- Conheço meus direitos. - Falou. - Tenho direito a um aviso prévio, trinta dias.

- Esse tempo já se esgotou. - O homem o interrompeu. - Janja Gonçalves assinou a primeira intimação.

Morgana e Eduardo encararam Janja de maneira indignada. A menina não se lembrava de ter assinado nenhum documento.

[Flashback on]

- O que é isso? - Janja apontou para o envelope.

Lula sorriu para ela, e lhe entregou mais uma dose da droga.

- Não vamos falar disso agora. - Ele disse. - Vamos comemorar, afinal, aquela cuzona da sua noiva nos flagrou. Você não precisa mais dela.

Janja estava se sentindo livre, a primeira vez em muito tempo. Soraya tinha flagrado ela e Lula aos amassos, aquilo tinha tirado um peso de suas costas. Ela até que gostava dela, do jeito companheiro e carinhoso dela, mas Soraya tinha um defeito imenso.

Ela não a entendia, não entendia seu vício, a tratava como uma criança mimada em busca de atenção. Já Lula não, ele a tratava como a mulher que era, ela o amava e eles iriam construir uma vida juntos. Pelo menos foi o que ela pensou.

Depois de algumas bebidas, e várias drogas diferentes, Janja já estava fora de si. Completamente bêbada e chapada. Lula se aproximou dela, e lhe deu uma caneta.

- Assina aqui, amorzinho. - Falou com a voz marota. - Esse documento vai mudar sua vida.

Ela riu. Não estava entendendo muito bem o que ele dizia, mas parecia bom e ela confiava nele, por isso assinou o documento.

- Eu amo você, gostoso. - Falou, e riu em seguida.

- Ah, eu sei que ama. Foi o que ele respondeu, guardando o envelope.

[Flashback off]

- Filho da puta. - Ela sussurrou, vendo a ficha cair. - Ele me enganou.

- Ele quem? - Morgana perguntou. - O que está
acontecendo?

- Eu não tenho a tarde toda. - O homem elevou um pouco a voz - Só assina aqui, e saiam da casa. O novo proprietário vai assumi-la em breve.

Eduardo perdeu o chão. Parecia que o mundo conspirava contra ele. Primeiro a revolta de Simone, e aquela frase bem suspeita. Depois isso. Ele estava perdendo tudo.

REVENGE - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora