37 - Não era hora de dúvidas.

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Eduardo podia ver seu fim nos olhos de Simone, ele sabia que o ódio dela o mataria e que era mais sensato correr. Porém, permaneceu no mesmo lugar, com o mesmo sorriso debochado no rosto.

Ele sabia qual era o jogo dela, brincar com ele antes de matá-lo... Não, ele não cairia naquela brincadeira de gato e rato.

- Sabe, Simone, gosto dessa sua atitude. - Falou. - É excitante.

Ele sorriu ao perceber os efeitos de suas palavras.

Simone sentia asco por aquele homem, era um nojo tão grande, que seu estômago revírava só de estar na presença dele.

- Guarde isso pra você. - Disse entredentes.

Mesmo sentindo muita dor, Eduardo se manteve de pé e não desfez a pose. Se iria morrer, morreria como o grande homem que era. Você é muito parecida com seu pai. - Comentou. - Esses olhos... Idênticos.

Simone observava ele falar, ela podia acabar com aquilo, mas queria saber um pouco mais sobre seu pai. Henrique havia desaparecido quando Simone era uma criança, logo ela não tinha nenhuma lembrança dele.

- Ele me olhou com esses mesmos olhos. - Continuou. - Enquanto eu o enterrava vivo, nos fundos de um terreno qualquer.

Simone tremeu. Não queria ter ouvido aquilo. Henrique tinha morrido, era fato e ela já havia se conformado, mas daquela maneira? Ser enterrado vivo? Era uma maneira horrível de morrer.

- Você... Você... - Ela gaguejou.

- O que, perdeu a fala? - Debochou. - Foi lindo ver aqueles olhos castanhos implorando pela vida, clamando pela esposa e pela filha, vê-lo gritar e espernear enquanto eu o enterrava.

Outro disparo foi ouvido, dessa vez acertando a perna de Eduardo, o fazendo cair. Ele gemeu pela ardência do tiro, mas logo voltou com o sorriso misterioso que tirou Simone do sério.

- Sabe por que ainda não me matou? - Perguntou em voz baixa.

- Porque eu quero que sofra. - Simone foi firme em sua resposta.

Ele gargalhou, uma risada de puro deboche que acabou com uma tosse seca.

- Não, Simone, você não me matou ainda porque sabe que precisa de mim vivo. - Ele sorriu. - Você é vazia, sozinha, seca... Você só vive pra me destruir, quando o fizer, não vai mais ter razão de viver.

Ela sabia que era verdade, isso assombrava suas noites e por mais que quisesse ou tentasse mudar aquilo. Não adiantava.

Ela sofreu muito quando criança, passou por tudo em silêncio, pensando na vingança e na morte de Eduardo. Pra ela nada mais importava. Ela não precisava de uma vida, de amigos. Ela só precisava encontrá-lo e matá-lo.

- No final, eu te fiz um favor ao matar a vadia da Sus...

Outro tiro acertou Eduardo, na coxa, e dessa vez ele não tentou se levantar ou sorrir, só ficou lá... Caido no chão, com um olhar perdido.

- Para de colocar seu ego na frente de tudo. - Ela rosnou. - Ainda não aprendeu?

Ela se abaixou ao lado dele, o puxando pelos cabelos e fazendo seus rostos ficarem na mesma altura.

- Colocou seu ego na frente quando matou minha mãe, teve a chance de me matar e não o fez por puro orgulho. - Ela falava devagar, apreciando as reações dele. - Fez a mesma coisa agora. Você sabia que era eu, só não quis admitir que tinha errado.

Eduardo não teve coragem de questiona-la, até porque ela estava certa, de certo modo ele sabia, só não quis enxergar e admitir que havia cometido um erro.

REVENGE - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora