as luzes da varanda.

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agosto 2022.

já não pode mais se enrolar
ouvir os sussuros já não consegue
se dá por satisfeito quando então sente,
o calor que repousa em teu peito
e desabrocha numa mínima faísca

naquela gasta cadeira de balanço
costumava se abrigar nosso orgulho
vaidosos demais para a consertar
até então, se desintegrar
e dos retalhos, se fazer um lar

nada ei de reescrever, por fim
minhas mãos já estão frias
respirar já se torna difícil demais
minhas pernas tremulam como a harpa
que grita e abre o buraco

cava fundo, cava fundo
se enterra no cemitério do meu pesar
de você, tudo resta
tudo ainda canta, tudo ainda chora
tudo ainda se reencontra à você

e minhas mãos gélidas, desabam
minhas pernas trêmulas, enfraquecem
o oxigênio que costumávamos respirar
se perde em nossos últimos suspiros
na cadeira que voltava a balançar

tu negas, eu nego em seguida
tu foges, eu fujo em seguida
e corremos em alvoroço
logo, estamos na varanda
varanda esta, com as luzes acesas

pois nunca de fato quisemos deixá-las apagadas.

Daqui de Dentro.Onde histórias criam vida. Descubra agora