primeiro contato.

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O primeiro contato com o mundo externo, lembrança que não recordamos, mas talvez tenha sido a primeira a ser criada.

Ela deixa sua bolha confortável, suave e terna, e chora ao se encontrar num cenário desconhecido e barulhento. Tudo ao seu redor parece estranho, o novo a assusta. Por fim, a menina friorenta se acalma, ao ouvir o som doce da voz de sua mãe.

Em seus braços, a pequena resmunga, e os olhos encantados de sua mãe a protegem como um anjo da guarda. O pequeno e frágil corpo se estremece, e o cheiro de amêndoas cada vez mais longe, a deixa.

Não sente mais a presença materna, não bebe mais do leite quente que a mesma oferecia. Agora, em braços estranhos semelhantes aos de sua querida, a bebê chora. O vislumbre de pequenos elefantes coloridos que giram no céu deixavam-na encantada, seus olhos negros como duas grandes jabuticabas cintilavam como mil estrelas.

Seu cabelo negro sempre espetado, arrancava risadas e divertia os grandes. Seu sorriso meigo se perdia entre suas bochechas, seu choro deixava-as rosadas. Não soube quando, todavia, seu corpo voltou ao encontro de sua mãe. As pequenas mãos se prendiam nos longos fios negros, e o ombro materno se tornou seu melhor conforto.

O leite quente, o mogli de animaizinhos coloridos, o peito terno paterno. A vida era simples, e não muito complicada. O primeiro contato não foi, necessariamente seu primeiro suspiro no lado externo, mas sim o primeiro contato com o amor verdadeiro e o sentimento de pertencimento.

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