de dentro, ainda grito.

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preciso vomitar algumas palavras.

você, indivíduo que lê agora esta página, em cogitação alguma espere uma relação mútua de consideração. isso não existe! eis a verdade.

me sinto livre para contar uma vivência minha que me fez perceber pela primeira vez que minha consideração por alguém não diz respeito a consideração que outra pessoa tem por mim.

no ensino médio, conheci um grupo de pessoas amáveis, e fiz dali um refúgio. fui a última a me ingressar naquele pequeno espaço, e era inevitável eu me sentir intrusa hora ou outra. até então, a vida parecia um rosário de sorrisos, afinal, eu estava rodeada por pessoas que me amavam assim como eu os amava, certo?

errado. desde muito cedo, deixei minúcias passarem por despercebido, até então um dia refletir sobre a relação entre cada um ali inserido. notei que ali existia uma pessoa que não se contentava realmente com minha presença, e de forma sublime e às vezes óbvia, monopolizava o espaço tornando seu existir mais relevante que os demais. essa pessoa foi uma irmã.

por meses, achei estar perdendo a cabeça, e me auto sabotando naquela relação. ora! diziam que eu estava perdendo o juízo e tendo mais uma de minhas alucinações, como eu teria espaço para ouvir o que meus pensamentos me alertavam?

mas em algum momento do ano, disseram-me que minha cabeça dizia a verdade. eu não estava sem o juízo, afinal. entretanto, acredito que não preciso dizer quem foi a maluca da história.

me senti rejeitada, arrastada para longe, invisível. tudo, menos bem-vinda. da boca de um grande amor, saíram as seguintes palavras: "ela não fez nada para mim, mas eu te entendo."

vou ser franca, não entendem. jamais entenderão. ninguém jamais fez algo a você, até fazer. e nenhum ser será capaz de compreender a dor que você sentiu naquele momento.

não houve briga entre mim e qualquer indivíduo inserido naquele grupo, todavia puseram a situação à tona em forma consideravelmente exagerada. então eis uma decisão que fiz após certo prazo: uma segunda chance.

abro este parágrafo com minhas sinceras gargalhadas, visto o quanto é previsível o resultado deste meu deslize! é ridiculamente óbvio que uma segunda chance faria com que eu me perdesse ainda mais. após tentar reconciliar nossas ataduras, fui surpreendida com a ignorância e maldizer.

no desfecho, percebi então o que já me era óbvio, a consideração que tinham por mim só se fazia presente em meus delírios, e minha única loucura foi ter acreditado um dia que eu era relevante.

hoje, de nada sinto remorso, pois acredito que meu carma é a maneira como reajo em relação as atitudes dos outros, e não me contento com a desgraça alheia. mas é claro que, como qualquer mundana, me arranca um sorriso o chacoalhar das cascavéis que hoje fazem companhia à todos que um dia desperdiçaram o que foi puro: meu amor.

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