os quatro sentidos do perdão.

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me esfaqueio abaixo do seio todas as noites
desperto embrulhada na névoa azeda
com cheiro de sangue coagulado
de uma ferida quase aberta
que não se permite respirar

mais tarde o sol queima a cabeça
sol que amaste, que cuidaste
mas que queima quando abraça
e o toque arde na pele feita de lembranças
de um passado que não se joga fora

assim é o rancor,
as engrenagens do perdão que há muito
rangem num agudo doído no fundo do tímpano
rodas acinzentadas que não giram
fábrica lodorenta que respinga do teto
uma lágrima ácida do meu choro

de não ter forças para olhar-te em teus olhos e perdoar.

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