quando se perde um grande amigo, um irmão de outra mãe também morre.

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costumava esperar que
você lesse os bilhetinhos
que escrevi neste céu
para ti e para nossas crianças
que ficaram remendadas com
o tempo que nos afastou

ter-lhe em meus braços era
relembrar a vida em que nos
seguíamos para um mundo tão
distante quanto os quilômetros
do medo que nos parte ao meio

o toque de tuas notas ainda
era meu véu de paz, como se
a felicidade nos pertencesse e
não fôssemos nada além de
irmãos brilhando sob
este mar de lágrimas

ainda irei chegar de malas
prontas com um pedacinho
de ti guardado em mim e
escrever outras poesias
neste céu que prometi-lhe,
porque renuncio essa ideia

– de que os bilhões de estrelas tenham desaparecido do céu que pintamos.

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