Nós queremos justiça
Mais uma vez a justiça não foi justa e realçou que ela tem cor, gênero e classe social, quando você nasce mulher aprende desde cedo que não pode usar qualquer roupa, aprende que não pode sentar no colo de qualquer titio, enquanto os meninos estão brincando na rua e vivendo a infância, nós estamos aprendendo onde podem ou não tocar no nosso corpo.
Você nunca vai saber o que é viver no mundo de uma garota, nunca vai saber o que é ser assediada e colocarem a culpa nas tuas roupas e não no assediador, você nunca vai ter a sensação de colocarem a culpa em ti por algo que não é tua culpa, nunca foi.
A sociedade vai pedir provas, mas antes vão perguntar quais roupas você estava usando, porque as tuas roupas são vistas como um convite e como provocação, você não tem o direito de sentir calor e querer usar algo mais fresco porque se passarem a mão em você, é porque você pediu, você não se deu o respeito.
Nós não precisamos nos dar o respeito, ele já é nosso por direito, essa frase está escrita no meu corpo seminu, apenas de lingerie com um cartaz em mãos escrito "queremos justiça por Amélia", eu reuni todas as líderes de torcida da escola e juntas estamos caminhando pelos corredores com cartazes em mãos, implorando por justiça.
"O estupro veio antes da mini saia" está escrito no meu cartaz, estou com um megafone em mãos contando o que aconteceu no vestiário feminino e quais foram as palavras do diretor, os alunos pararam para nos olhar, todas as meninas estão pedindo justiça, estamos afirmando que nossa roupa não é convite e não dá o direito de ninguém passar a mão em nós.
Angel: Quando os garotos saem na rua sem camisa vocês não julgam ele, mas quando nós saímos de mini saia somos assediadas, estupradas e muitas são mortas, todos os dias uma mulher é vítima da cultura do estupro, Amélia foi mais uma vítima e estão colocando a culpa nela, o assediador foi para o hospital cuidar os ferimentos e não para a cadeia, onde é o lugar dele, ele deveria ser julgado e condenado à pena de morte, se ele estiver morto temos a garantia que mais nenhuma garota vai ser assediada pelas mãos dele, nós queremos justiça.
Os policiais, o prefeito e o diretor estavam na escola, eles olhavam a cena e foi então que revolução feminista aconteceu, todas as meninas da escola começaram a gritar junto conosco "queremos justiça", algumas meninas se juntavam a nós tirando a roupa e ficando apenas de lingerie, Georgia me olhava orgulhosa, muitas garotas tinham o celular em mãos gravando.
Paul: Como prefeito dessa cidade eu exijo a prisão imediata deste assediador. - afirmou no megafone.
Uma viatura chegou com o assediador, ele estava algemado e então um policial pegou o megafone e disse "você está preso por assédio e condenado à pena de morte".
A revolução foi feita, ela aconteceu e foi uma revolução feminista, nós mostramos o tamanho do nosso poder e da nossa força, lutamos juntas por justiça e conseguimos, nós não queremos justiça só por Amélia, queremos por todas as mulheres que foram vítimas de assédio.
Amélia: A revolução será feminista. - gritou no megafone.
A garota chorava e me abraçou com força, ela agradecia por eu ter tido a coragem que muitas mulheres não tem, mal sabe ela que eu já estive no seu lugar e não tive coragem de gritar, eu não desejo que nenhuma garota passe por isso e se sinta culpada por algo que não é culpa dela, não quero que ela encare seu corpo no espelho e veja as cicatrizes profundas tanto na sua pele quando na sua alma.
Corri para o vestiário tentando não ser vista, me olhei no espelho e vi as marcas na minha pele, eu desabei chorando, cada cicatriz uma dor, um trauma, se existe um deus ele quis me castigar por algo, mas destruiu cada centímetro da minha alma impura.
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Miller Girls
RomanceAngel: Não me diga o que fazer, eu nasci para isso. - disse séria. - Eu nasci para ser modelo. A garota que teve os sonhos destruídos por um relacionamento passado, a garota cuja infância foi roubada e o corpo violado, aquela que precisou amadurec...